O jogo de amanhã me trouxe uma lembrança

Vou levar falta, amanhã. Vi todas as possibilidades, mas não poderei ir. Muito menos assistir em alguma televisão.

É lasca. Logo contra o Guarany de Campinas.  Carlos Alberto Silva, Gomes, Almeida. Aquele nosso time de 1983. Eu era um pirralho. A gente ia para o jogo tudo misturado. Preto, branco encarnado. Branco e encarnado. Preto e encarnado. Eu sempre de kichute, meião do Santa, calção preto e minha camisa com listras verticais. Rolete de cana e amendoim. A Santamante, a Santanás, a Força Jovem e outras organizadas.

Naquele ano, fomos pro terceiro turno do campeonato como azarões. E aí, a história que nos acompanha desde o berço. Não deixe a cobra crescer, que a bicha bota pra fuder. No peito e na raça vencemos o terceiro turno e provocamos um super-campeonato.

O jogo final daquele campeonato, o de 1983, eu tenho todo na memória. Desde a nossa saída de casa.

Fomos num Opala. Era de um senhor, vizinho nosso. Sem GPS, sem celular, sem cinto de segurança, sem extintor, o cara era um tipo Uber dos anos 80. Ele acertava de nos levar pro jogo. Combinava um preço e nos levava.Quase sempre, o Opala ia com lotação acima do permitido. A gente entrava no estádio e o coroa ficava nos esperando, bebendo cerveja e escutando pelo rádio. Até hoje não sei porque ele não entrava. Eu perguntava a meu pai, porque o Coroa não via o jogo. Meu pai respondia: “sei lá. Ele é meio doido”.

Enfim, essas doidices que cada um tem e ninguém sabe o motivo.

Ficamos na arquibancada. Eu, meu pai e um amigo dele. Um dos maiores públicos que  já vi no Arruda. Quase 80 mil pessoas. Falam até que tinha mais gente.

A turma do Capibaribe dava como certo a conquista. Falavam que já tinham encomendado as faixas de campeão. Mas já naquele época, eles nadavam e morriam na praia. Está no sangue do Capibaribe.

Eu quase não consegui se mexer, mas não soltava minha bandeira. Metemos um a zero. Na hora do gol, fui levantado feito um troféu. Um senhor começou a passar mal perto da gente.

A partida caminhava para o final, até ali éramos campeões. Pertinho do fim da peleja, eles empataram. Na base da raça, seguramos a prorrogação e fomos para os penaltis. Nosso time estava com um jogador a menos.

Vencemos nas penalidades. Depois de 5 a 5, Luis Neto defendeu uma bola que ficou em cima da linha. Foi uma confusão. Depois de muito rolo, Gomes sacramentou nossa vitória.

Que jogo. Eu, menino, gritava: “enfia a faixa no cu, seus porras!” Meu pai ria a vontade. O amigo dele me abraçava. A cidade estava em festa. Tudo era felicidade. O Santa Cruz era tri-super campeão!

Com o pé direito.

Meus amigos tricolores, semana de correção de provas é um inferno para qualquer professor. Passei a semana toda em meio a um milhão de avaliações e sem ter tempo de acompanhar direito as notícias sobre a estreia de nosso Santinha na séribê. Dava tempo de ouvir apenas a resenha de onze horas no rádio.
Acabei as correções na manhã do sábado. Ao meio dia já estava tomando uma com os amigos e ansioso pelo jogo contra o Criciúma. No início da partida eu estava nervoso, assim como qualquer tricolor coral. Sabíamos das limitações técnicas e táticas de nosso meio de campo. A grata surpresa é que nossa defesa vem se comportando de maneira sólida. Na pancadaria da séribê, isso vai ser fundamental.
Mas precisamos urgentemente de algumas modificações. Estou ouvindo que o Santinha está pensando em trazer alguns jogadores do Salgueiro – custo baixo é nossa realidade. Particularmente, sou contra. Creio que o segredo do Salgueiro não é jogador A ou B, mas sim o esquema tático e a união do time. Precisamos pensar em outras possibilidades.
Já ta na hora de Eutrópio entender que tem que reorganizar esse esquema tático. Assim não dá. Ou, então, tá na hora de acharmos outro treinador. Tudo bem, começar ganhando é fundamental. Mas não podemos nos esquecer como foi a Série A ano passado. A questão financeira deve ser equacionada de qualquer maneira: colocar os pés no chão, gastar o que pode com inteligência e visar o futuro que já bateu em nossas portas. E sem salários em dias, meus amigos, não tem craque ou perronha que jogue.
A notícia muito triste foi a fratura na perna de Vítor. Uma pena mesmo – 4 meses parado. A notícia estranha foi o fato de nossa virada ter advindo de um gol com Barbio. Quem, em sã consciência, iria esperar uma coisa dessas?
Séribê é lugar de engenharia financeira, organização metodológica, transparência nas contas, inteligência nas contratações e na montagem do esquema tático e garra. Muita garra.
Na última postagem, percebi um alto nível nos comentários. Fiquei muito feliz com isso. Como seria bom dar o print desses comentários e levá-los para a Diretoria. Vou falar com Sama e Inácio sobre essa possibilidade. Esses caras precisam escutar sua torcida, ainda mais quando o discurso é feito de maneira inteligente, com críticas bem embasadas e compreendendo nossos limites e possibilidades.
Fiquei ainda mais feliz por saber que esse Blog é tão democrático. Cheguei a brincar com Gerrá; “Meu velho, há os torcedores do estilo Wlad e os torcedores do estilo Guilardo. O interessante é que os dois lados possuem excelentes argumentos. Isso é democracia pura!”.
Mesmo possuindo posições tão antagônicas, o respeito mútuo permanece porque, aqui, meus amigos, é o amor ao Santa Cruz que nos une. É esse amor que nos torna críticos, defensores, analistas, técnicos e comentaristas dessa nossa grande paixão. Que bom seria se toda rede social fosse assim.
A primeira rodada foi dura. Apenas o Inter deslanchou. Até o América/MG emperrou. Só sei que sábado, dia 20, estarei no Arruda contra o Guarani. Vou logo comprar uma camisa nova que, por sinal, ficou muito linda.
De uma coisa eu tenho certeza: teremos muito assunto daqui para frente. E não duvido que o nível das discussões tenda a ficar sempre melhor. Eita paixão arretada da porra!

Melancolia, mas a vida segue.

Disputa de terceiro lugar só vale a pena nas Olimpíadas. Aquele judoca que perdeu as semifinais, mas conseguiu passar para a disputa do bronze e consegue chegar ao pódio. É orgulho nacional, festa, entrevista, a porra toda.
Mas, no futebol, disputa de terceiro lugar é só melancolia. Numa boa, alguém vibrou com a última disputa, na Copa do Mundo, de nossa Seleção pelo terceiro lugar? Duvido. Morgação total.
Foi esse sentimento de morgação que senti no último jogo do Santinha contra as barbies do Capibaribe. Sábado eu estava na Casa Azul, espaço literário e sebo de Samarone lá na Rua Treze de Maio em Olinda. Estava lançando meu livro A Tempestade que ganhou o I Concurso Nacional de Literatura da Afeigraf-SP.
Gerrá e Esequias estavam lá. Foi muito massa. Casa lotada, bons papos, muitos livros e muita cerva. Mas era estranho como havia certo desinteresse pela partida. Claro que alguém pode citar a importância desse jogo para entrarmos na Copa do NE. Contudo, a melancolia é ainda maior. Esse atrativo parecia não colar.
Acompanhamos o jogo entre um gole e outro de cerveja, mas num ostracismo absurdo. Nem os gols e nem a vitória pareciam capazes de apagar a mágoa da eliminação contra o Salgueiro e da incompetência esdrúxula contra os coisados do Do Recife.
Melancolia é um bicho estranho. Vai se enroscando na alma do cidadão, fazendo casa e querendo tomar conta de tudo. Por isso é preciso combatê-la. A vida, a despeito da melancolia, segue.
O vazio que está presente agora é temporário. Entretanto, é preciso lembrar que os erros cometidos nesse início de temporada devem ser revistos e analisados de maneira profissional, entendendo os limites de nosso amado clube. Mas alguma coisa – ou coisas – tem que ser feito imediatamente. Não dá para procrastinar.
Na Casa Azul, durante o lançamento, conversei com alguns amigos sobre a crise que se abate no futebol pernambucano. A crise crônica do Central, o desespero das barbies e nosso eterno passivo. Um amigo foi taxativo:
“Era preciso adotar o modelo capitalista da Espanha. Quase todos os clubes por lá são Sociedades Anônimas. Chamem um porra de um sheik cheio da grana e vendam esses clubes falidos daqui. Na hora vocês vão ver o negócio funcionar. Tem muito neguinho que só faz mamar a séculos nas tetas de nossos clubes. Essa incompetência crônica e essas dívidas eternas não são de graça…. são pensadas para que alguém se dê bem”.
Ficamos bebendo e discutindo sobre o jogo do Santinha contra o Atlético e a famigerada Séribê. A casa de Sama transpirava literatura e melancolia futebolística. Uma tarde maravilhosa com pessoas maravilhosas.
O refrigério dos livros nos obriga a pensar sobre as coisas. A vida segue: vamos torcer pelo terceiro lugar, claro; vamos torcer por uma vitória na Copa do Brasil e infernizar essa diretoria para ajeitar esse time para a Séribê porque ali, meus amigos, o negócio é mais complicado.

É hora de pegar na vassoura

Acordei com os gritos estridentes daquela moça que estava na fileira atrás da gente ecoando na minha caixola. “Vai Thiago Costa, vai, vai..”. “Thomás, gostoso!”. Quando o jogador deles pediu substituição, ela não titubeou,  “pau no cu desse pipoqueiro”. No momento da confusão, ela gritou: “expulsa esse filho da puta. Expulsa”. Educadamente eu lhe disse: “se ele der vermelho, vai ser para os dois”. Ela se calou por alguns minutos.

Tomei meu banho, escovei os dentes e aos poucos aquela voz gasguita foi sufocada pelas lembranças da partida.

Passei o dia fazendo reflexões. Troquei ideias com os amigos, li comentários, revi os lances do jogo. Tomei uma lapada de Bucanos. Resolvi colocar a zambumba de lado e peguei o meu trombone de vara.

Nobres, é difícil escolher nesse time quem deveria ir logo pra puta-que-pariu. Uns acham que seria o treinador. Outros defendem que deve ser Wellington César. Na minha lista tem uns oito.

Pereira é um deles. A preguiça, a falta de alma, o descompromisso, fazem esse cara jogar em câmara lenta. Se ele chega naquela bola com convicção, com raça, teria feito o gol. Que jogador lerdo do caralho.

Barbio é outro. Alguém pode me informar onde foi que esse rapaz já jogou bola? Quando esse cabra foi contratado, alguém me falou que ele viria para fazer a função que Keno fazia. Queria que ele jogasse somente a metade do que Keno jogava.

Wellington César. Esse seria banco na pelada da Portão 10. É impressionante a ruindade desse rapaz. Dos que vieram da base, é um dos piores jogadores que já vi jogar no Santa Cruz. Não faço ideia de quanto é o salário dele, mas se eu fosse a diretoria, fazia umas rifas, um bingo, um financiamento coletivo, etc, para arrecadar uma grana que desse para pagar a sua rescisão contratual.

Sim, não posso esquecer de Julio César. Pense num pé frio. Foi esse goleiro chegar e já fomos eliminados de duas competições. A diretoria precisa mandar fazer um trabalho de descarrego nele. E tem que ser antes de sábado, para não botar em risco a vaga da Copa do Nordeste 2018.

E Eutrópio? Otropo, Otrope, Psicotrópico, sei lá!

Já anotei o nome dele na minha listinha dos piores que passaram por aqui. Bagé, Ferdinando Teixeira, Ricardinho, Sérgio Guedes, Doriva, Márcio Bitencourt, entre outros. Um bando de homem travestidos de treinador de futebol.

Com um discurso idiota de que perdemos para um time que tem mais dinheiro do que a gente, ele tenta justificar a burrice e a cegueira crônica que tem.

Certo, Seu Otrópico, e aquela vergonha contra o Salgueiro foi o que?

Se o problema for diferença de orçamento e de folha de pagamento, já sei que na Copa do Brasil, perderemos para o Atlético Paranaense.

Quando Otrope chegou, um amigo me disse que ele era muito bom em montar elenco. Citou a Ponte Preta e a Chapecoense como exemplos. Ele pode até ser competente nesse quesito. Mas saber escalar, substituir e ler o jogo, isso ele precisa aprender muito ainda.

Bom, eu espero que nossos cartolas já tenham comprado a vassoura, o sabão, o desinfetante e o rodo. É hora de ver o que presta e o que não serve, e começar a faxina.

TRIIIIIIII!

De corpo ou de alma, todos ao Arruda

Não tenho a menor dúvida em afirmar: decisão aqui em Pernambuco, só presta quando o Santa vai jogar.

É incrível como a cidade muda o astral quando estamos numa decisão.

Pelos quatro cantos do mundo, quem é do Santa Cruz não pensa em outra coisa. O jogo desta quarta-feira está presente em tudo que vem a nossa mente.

Em São Paulo, o Empanadas vai ser o nosso reduto. É para lá que Raul, Danilo, Gil e outros tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda vão se juntar para ver o jogo.

Em Brasília, o nosso local é o de sempre. Bar Raízes, do amigo Pablo Feitoza. Já vi jogo no Raízes. É simplesmente fantástico. Dia de jogo do Santa Cruz, lá no Raízes, até a bandeira da Jamaica muda de cor.

Lá em Vitória da Conquista, Alexandre (o papa-defunto), é quem organiza a história. Na função de Consul Coral, ele abre os portões da sua casa, reúne os amigos e transforma a moradia numa espécie de Arrudinha.

Por aqui, o Orquestrão já está com mais de 60 músicos inscritos para ir ao jogo. É frevo, meu velho! Quero ver algum time, de forma espontânea, conseguir juntar um naipe de músicos desse tamanho. Duvido!

A Portão 10 vai estar fazendo a sua tradicional recepção ao Expresso Coral. Todos estão convocados para, às 19:14, se concentrar na Rua das Moças e receber nosso esquadrão. Levem bandeiras, balões, papel picado, sinalizadores, cornetas, apitos e o que mais quiser.

Zeca vai aplicar prova. 20h30 ele recolhe tudo e se manda para a arquibancada do Arruda. Ivonaldo, o cara da xerox, me disse que também vai direto pro jogo.

Eu já comprei meus ingressos.

E Samarone, acabou de me confirmar. Vai comemorar o aniversário dele no Arruda.

Para torcida do Santa é como se o feriadão se esticasse até o apito final da partida que vai definir o outro finalista do Nordestão. Ninguém consegue fazer mais nada, a não ser pensar nesse jogo.

Nesta quarta, pode chover canivete, de corpo ou de alma, estaremos todos no Arruda. Afinal, o Santa Cruz é dono absoluto da nossa paixão.

É pau na leoa!

Meus amigos tricolores, ainda estou meio bêbado de ontem. Foi muita cana e muita alegria. Vamos deixar política, crise, incompetência, falta de transparência, repetição tática e ruindade do meio de campo um pouco de lado e falar do que interessa agora: nossa vitória!
É muito bom, muito bom mesmo – quase um orgasmo transcendental – ganhar do Do Recife. Eu repito sempre que esse timeco coisado não mete medo em ninguém. São fraquinhos e só têm goga.
O melhor de tudo são os memes e as gozações que bombam nas redes sociais e no zapzap. Um amigo me mandou uma musiquinha:
“Chegando lá na Ilha do Retiro, a cobrinha vai mais uma vez enrabar… essa leoa… que gosta de pica… e vamos todos juntos celebrar”.
É greia. Greia geral. E essa greia toda só foi possível por causa da mística que envolve o clássico e a superação contínua que o Santinha sempre mostra nessas situações. Finalmente a bola chegou lindamente em Pitbull. Que lance magistral. Que categorial inesperada de André Luís. E que comemoração zoada de Pitbull. O cara só faltou cuspir naquela bosta de escudo.
O nosso time levou pressão no primeiro tempo e Jacsson fez uma defesa espetacular. Estou na dúvida quem é melhor: ele ou Júlio César.
O primeiro gol foi uma boa troca de passes. Thomás soube cruzar na medida e Léo Costa não deixou passar. Golaço!
Depois teve aquela enrolação de Diego Souza e o árbitro caiu. O bom é que, estranhamente, levamos um gol naquilo que somos melhores: bola parada.
Por fim, meus amigos, veio aquela pintura que citei antes. André Luís passa por três marcadores em diagonal – uma coisa que sempre falei aqui – e Pitbull, quando a bola chega, é Pitbull. Pega essa porra!!! E porrada na cara da leoa.
Linda a camisa de Eutrópio. Vestiu o espírito tricolor. Isso é muito importante e faz toda a diferença.
Quarta-feira que vem será semana de prova na faculdade. Isso significa que às 20h30 estarei largando. Ou seja, irei correndo direto para o Arruda. E podem vir os baianos e a porra toda. Vamos estraçaiar.
É muita alegria. Não quero nem pensar em crítica ou seja lá o que for para não estragar o momento. Agora é só comemorar e esperar ansioso o jogo da quarta.
“Chegando lá na Ilha do Retiro, a cobrinha vai mais uma vez enrabar… essa leoa… que gosta de pica… e vamos todos juntos celebrar”.
É muita onda, papai! Quem é o papai da cidade? É o Santinha, sim senhor!

Greve Geral e Futebol

A década de 70 viu o florescimento, crescimento e consolidação das teorias neoliberais de Friedrich von Hayek e Milton Friedman. A teoria se tornou prática com a ascensão de forças conservadoras e liberais ao poder: Ronald Reagan, Helmut Kohl e, especialmente, Margaret Thatcher. A ideia central era desregulação, privatização e abertura comercial.
Com a crise do capitalismo à época, a aposta neoliberal esmagou os sindicatos e retirou o poder dos trabalhadores com a flexibilização da legislação em favor do Capital. O poder de compra do trabalhador despencou. Solução: engenharia financeira. Os cartões e as linhas de crédito, bem como o endividamento do trabalhador, se multiplicaram. O mercado de capitais começou a ganhar proporções alarmantes e ditar o ritmo das economias do mundo. E os países da América Latina tiveram que ceder e obedecer a esse ditame anglo-saxônico.
São famosas as cartas de Friedman e Hayek para Thatcher. Para controlar os trabalhadores e garantir os lucros dos capitalistas, Hayek sugere que Thatcher adote as medidas recessivas e agressivas da América Latina. A resposta da Dama de Ferro: “Mas aqui, na Inglaterra, o povo é mais consciente”. O que dizer, então, das manifestações dos franceses contra a perda de direitos hoje em dia e que a GloboNews e a Veja nem sequer mostram?
Esse mesmo neoliberalismo bateu a porta de nosso país. Interessante que até mesmo o próprio FMI – Greenspan e companhia – afirmou recentemente que essa nova onda de neoliberalismo causará ainda mais desigualdades sociais. Mariana Mazzucato – no livro Rethinking Capitalism – chega à mesma conclusão. Mas ao bater em nossas portas, as estratégias foram ainda mais agressivas. Os antigos Atos institucionais se transformaram em PECs. Sem discussão com a sociedade, fizeram votações esdrúxulas numa rapidez alarmante.
Para variar, os trabalhadores vão sair perdendo. E muito. Reformas que poderão acentuar, ainda mais, o crescente processo de favelização de nosso amado país. Basta ler Paul Mason (Pós-Capitalismo) e Domenico Losurdo, (Liberalismo) para entender que isso não é brincadeira. Por isso, o Blog do Santinha – os que escrevem e os que escreveram aqui – apóia plenamente essa Greve Geral de hoje. Ou vamos para rua, ou iremos perder direitos importantíssimos. Se duvida, busque no YouTube: Entrevista com Benjamin Steinbruch de 2014. Esse senhor foi o antigo presidente da Fiesp e defendia a perda quase que geral dos direitos trabalhistas. Profecia que está se realizando em 2017. Não é de se estranhar que o senhor Rodrigo Maia queira acabar com a Justiça do Trabalho. Atrapalha demais os capitalistas desse país quase medieval.
Foi essa mesma engenharia financeira que modificou, a partir das décadas de 70 e 80, a feição do futebol mundial. O Capital estava na Europa e de lá saíram as grandes potências atuais com modelos de gestão agressiva. A periferia, como sempre, saiu perdendo. No Brasil, vimos a migração em massa de nossos craques para o universo do grande capital. Era preciso unificar o capital aqui e o soneto foi o famigerado Grupo dos Treze. Sempre a velha e odienta exclusão. No nosso Estado, as crises começaram a minar os clubes – por incompetência própria e por impossibilidade de participar das grandes fatias do bolo.
Hoje estarei nas ruas. Cada um é livre para defender o que quiser. Sim, nós aqui somos de esquerda e respeitamos as opiniões alheias. E, com a consciência de classe de um trabalhador da educação, irei brigar por meus direitos para não morrer sem direito algum.
Amanhã, outro dia como cantaria Chico Buarque, estarei torcendo pelo meu Santinha para que ele apague a desgraça da desclassificação contra o Salgueiro e meta uma pomba na leoa. Mas sempre ciente de que é impossível deixar de ser um ser político. Aristóteles é incontornável. Mesmo no estádio, mesmo torcendo, sempre um ser político.

A festa é nossa

Esse negócio de zap é uma invenção fantástica. A gente não precisa mais marcar reunião, nem encontros, pra discutir as coisas. Pra falar da vida dos outros, é só ir lá whatsapp escrever ou mandar um aúdio gravado.

Estou eu aqui, fazendo umas coisas banais e eis que um amigo me manda um áudio. Abaixo dele uma mãozinha apontando pra cima e uma mensagem: “escuta aí. Tu vai gostar.”

Esse colega meu tem crédito. Não é daqueles que vive mandando leseira e piada sem graça.

Pois bem, abri o áudio. Era um cabra todo nervoso, que acha Samarone feio. O cara fala umas coisas,  me chama de Guerrá,  diz que conviveu comigo, num sei o que, num sei que lá, que é tudo socialista e gosta de tomar uisque, que Samarone é roqueiro, e por aí vai.

Em seguida, recebo outro zap. Outro áudio. Nesse, o sujeito além de nervoso, tava brabo. Detonou esse calejado Blog, esculhambou o coitado do Anízio,  não poupou o velho Sama e de novo, chamou tudo de socialista que gosta de uísque.

Minha gente, o que uma derrota não faz. Se ao final do jogo contra o Salgueiro, aquela falta de Anderson Sales fosse gol e nós ganhássemos nos penaltis, as pessoas estariam mais calmas e a loucura estaria controlada. Mas é como diz o velho ditado, “pau na cabeça, endoida”! E deixa o cidadão vendo miragens.

Vejam só. Eu da minha parte, gosto de tomar cerveja. Samarone é outro que adora cerveja, vez por outra ele toma um vinho. Anízio, esse nem preciso dizer. Basta olhar para o bucho dele que até o mais maluco da tamarineira vai saber que a onda de Anízio é cerveja. Então amigos, parem de nos acusar que adoramos uisque. Em um dos áudios, o cara falou até em um uisque chamado Bucanos. Nunca ouvi falar nessa marca.

Outra coisa, a gente gosta de assistir aos jogos lá na arquibancada. Camarote é coisa de coxinha. Mas, somos todos de carne e osso e, claro, não deixamos de fazer uma farrinha com o presidente.

Nossos encontros festivos são sempre regados a uma boa música, cervejas puro malte e bons petiscos. Vilanova, por exemplo, quase sempre leva seu cavaquinho e toca uns sambas. A cerveja é doação do nosso querido cervejeiro Odilon, dono do Empório Colombo. Tem de vários sabores. Os tira-gosto são obras de Inácio. Pra quem não sabe o bicho se garante na culinária. Ele faz uma picanha na cerveja da famíla “lambic”, estilo kriec, que é um negócio fantástico. Não sei porque Inácio ainda perde tempo com o Santa Cruz e querendo ser escritor. Devia mesmo era se chef de cozinha. Outro que é bom na cozinha é Zeca. Mas a especialidade dele são os pratos regionais. O cara faz uma dobradinha boa danada.  A parte estrutural, som, gelo, etc, Robson Sena é o cara. Samarone, aquele cabeludo feioso, só faz beber, comer e repetir histórias.

Então, cidadãos tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, parem de ficar fofocando sem saber das coisas. Não gostamos de uisque, nem de ir pra camarote. No nosso grupo tem gente que joga na esquerda, na zaga e no ataque. Na nossa turma, ninguém tá preocupado com samba, rock, piolho, pulmão, cu e rola de ninguém. A gente gosta mesmo é do Santa Cruz e de se divertir.

Mas vejam, nossas farras, não são no camarote da presidência, muito menos no Arruda, porque a gente não é besta. E na nossa festa, tabacudo não entra!

Série C à vista.

O pior segundo tempo da década. Esta frase define bem o show de horrores que nos deparamos ontem. Gerrá me mandou a seguinte mensagem após o jogo:
“Time fraco, treinador limitado e salários atrasados’.
Uma pena que essa seja, infelizmente, nossa triste e dura realidade. O pior fator, creio, é esse eterno dilema que temos em pagar os salários em dia. Já estou cansado de falar em transparência no Santa Cruz.
Também estou cansado de falar sobre a limitação e falta de criatividade de nosso meio de campo. Se já era fraco, com salário atrasado se torna uma desgraça.
E será que tem algum tricolor coral que não esteja puto com a falta de empenho de Eutrópio em mudar algo no time durante a partida no Sertão? Fiquei com a nítida impressão de que faltou vontade – vontade geral, por parte de todos. E Eutrópio parece que capitaneou essa apatia.
Evidente que não tem como não reconhecer a garra do Salgueiro e o empenho do time. O que nos faltou em vontade, sobrou ao Carcará.
É preocupante ver essa realidade e pensar em nosso futuro. Se algo não for feito imediatamente, estaremos fadados a amargar um retorno inglório à famigerada Série C.
Assisti ao jogo com amigos num bar na Boa Vista. Como o bairro é também reduto de estudantes do Sertão, metade do bar estava torcendo pelo Salgueiro. A outra metade estava atônita com a incompetência exagerada de nosso elenco e de nosso treinador.
O segundo tempo foi a concretização de uma desgraça anunciada. O Santinha batia mais cabeça do que metaleiro no show do Sepultura. É preciso inventar um colírio para calo na vista.
No final do jogo, a palhaçada de Barbio foi a gota d’água. Uma palhaçada só comparável à sua péssima atuação em todos os jogos pelo Santa Cruz. Um torcedor disse ao meu lado:
“Demite esse filho da puta, porra!”
Se a direção não tomar uma atitude rápida – e digo isso em termos simples, ou seja, rever esse elenco e apelar para a base ou algo que o valha dentro dos limites apertadíssimos de nossos recursos financeiros – estaremos fadados a ter um 2017 amargo. Muito amargo.
Até que eu estava com esperanças. Sou um otimista nato. Mas a realidade – nua e crua – fala mais alto do que qualquer esperança. Também sou um realista nato.
Vou sair agora para tomar umas e esquecer essa porra de jogo. E inventar novos palavrões para xingar esse elenco, nosso treinador, a diretoria e a presidência. Hoje, realmente, estou puto da vida.
Mas sempre Santa Cruz. Sempre.

Que nossos sonhos se realizem

Quando eu soube que nosso presidente iria para coletiva, mudei a estação do rádio. Sintonizei na resenha e fiquei esperando a fala de Alírio. Fazia tempo que ele não aparecia. Mas os caras do rádio ficaram falando um monte de besteira sobre assuntos banais e o tempo ficou curto. Só deu para Alírio dizer que até o dia 30, nós teremos uma grata surpresa. “Será a realização de um antigo sonho da torcida”, ele disse mais ou menos assim.

Aproveitei o engarrafamento da Avenida Norte e fiquei matutando sobre isso! Qual surpresa será essa? Qual o sonho da torcida vai ser realizado?

A primeira coisa que me veio à cabeça foi o placar eletrônico. Um sonho antigo de muitos que conheço. Nem lembro a última vez que  vi um placar eletrônico no Arruda. Fiquei pensando nisto. Nesta história da realização do um sonho antigo nosso. E aí, perguntei a uns amigos e conhecidos. Choveram sonhos e devaneios.

Conversei com Ivonaldo, o cara da xerox. O sonho de Ivonaldo é ver Dênis Marques voltando a vestir da camisa do Santa.. “Na verdade Dotô, eu queria mesmo era ver Marcelo Ramos, mas tenho pra mim que ele parou de jogar.Queria DM9 no nosso ataque”, ele disse.

Já Danilo, me disse pelo zap que sonhava ainda com Rivaldo jogando pelo Santa Cruz. Nem que fosse apenas para encerrar da carreira.

Não perguntei a Zeca. Mas pelo que a gente conversa o maior desejo do filósofo coral é transparência nas contas do nosso clube. Se por acaso a novidade do dia 30 for um portal de transparência no site oficial do Santa, tenho certeza que Zeca vai tomar uma para comemorar.

Já Diego disse que com certeza é a nova marca de camisas. Que o clube agora vai ter marca própria. Como Diego é lá de Santa Cruz do Capibaribe, acho que o sonho dele é que as camisas sejam confeccionadas na capital da sulanca. A família dele ter vários fabricos espalhados por aquela cidade.

Eu, o Coronel Peçonha e outros que conheço, sonhamos em ver Caça-Rato de volta. Em forma física, o Caça é melhor do que vários que estão aí. Confesso que se no dia 30, o presidente Alírio anunciasse a volta de Caça-Rato, eu iria para o aeroporto.

Tem outro amigo meu, que não quis ter o nome divulgado, que sonha em ver o Santa Cruz vendido a um sheik árabe.

Perguntei a Seu Agenor. O velho me disse que outro dia havia sonhado com as tricoletes. Aí é demais, né Seu Agenor?

Bom, não sei o sonho de vocês. Mas espero que no dia 30, um sonho da gente seja realizado.