Tarde sem jogo

(Samarone Lima)

Dos últimos meses, lembro de ter deixado de ver aquele jogo pela Copa do Brasil contra o tal de Santa Rita, algo assim.

Inácio tinha comprado meu ingresso, botei na carteira e não sei por qual motivo, desisti de ir ao Arruda na última hora.

Acho que meu anjo da guarda me protege mesmo, de vez em quando. Aquele empate que nos tirou do torneio.

No sábado, fui ao Poço da Panela, tomei umas com Naná, encaminhamos umas coisas da Biblioteca Comunitária, da qual fazemos parte. Ele estava trabalhando para um bufê e disse que não iria, porque precisava dormir. Achei melhor.

Eram 15h quando parei no bar Princesa Isabel, ao lado do Parque 13 de Maio e pedi uma dose de vodka.

Pensei em tomar uma e me animar para ir ao jogo (só assim), mas lembrei dos últimos jogos do Santa, aquela coisa de doer na vista, então fiquei por ali mesmo. O bom foi que o bar estava vazio, no maior silêncio, fiquei lendo e escrevendo umas besteiras. No segundo tempo chegou um alvirrubro e pediu para Seu Azevedo ligar a TV. O jogo já estava 1 x 1.

Tomei minhas doses e fui para casa, dormir.

O Santa 2014 está me enchendo de tédio, isso sim.

Vamos ver se o novo treinador dá um choque nesse time…

(Gerrá da Zabumba)

Depois da Copa do Mundo, confesso que meu entusiasmo para ir aos jogos está em baixa. A ruindade e a falta de raça do time são pra deixar qualquer tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda sem tesão.

Mas eu até me animei para ver a pelada contra o Icasa. Afinal, o tal Sérgio Guedes, um dos maiores enroladores que já vestiu nossa camisa de treinador, havia ido embora.

Tracei a agenda e até combinei de levar minhas filhotas ao estádio.

No sábado pela manhã fui para o Horto de Dois Irmãos com as pirralhas. Era o aniversário de 3 anos do tricolor Rafael, sobrinho do nosso sanfoneiro Chiló.

Me permitam um parênteses: achei uma sacada genial, essa de comemorar aniversário no zoológico.

Voltemos.

O sanfoneiro quando me viu foi logo perguntando: “tu vai?”

“Tou organizado para ir, bora?”, eu disse.

“Tava até querendo, mas vai dar não. Vou não”, ele falou.

Brincamos, comemos uns brebotes, tomamos uns refrigerantes, cantamos os parabéns. Era quase meio-dia quando saímos.

Os primeiros a desistirem do jogo foram as mulheres. As meninas estavam moídas da festinha e Alessandra, desanimada. Preferiram ir para casa.

Eu fui ao encontro de um amigo de longas datas que atualmente mora no Rio de Janeiro. Rumamos para o Mercado da Boa Vista. Meu plano de voo continuava o mesmo: encontrar com Florival, botar a conversa em dia, brindar a amizade e partir para o Arruda.

Chego ao Mercado e dou de cara com Marcílio, irmão de Milton Jr., saboreando umas cervas. Um aperto de mão e a velha pergunta: “e aí, vai hoje?”

Respondi que sim.

Marcílio me ofereceu carona. Aceitei na hora.

A bronca é que fui tomar umas em outro box do Mercado e aí, esqueci de Marcílio e ele esqueceu de mim. Quando me dei conta, o relógio marcava 15h53 e a cerveja continuava geladíssima. Não tive dúvidas, rasguei o projeto. Troquei o jogo por rodadas de saideiras, caldinhos de feijão e arrumadinho de carne-de-sol.

Acho que foi melhor.

(Inácio França)

Inácio também não foi para o jogo. Está em Araguaína, visitando a filha. Tentamos vários contatos com ele. Mandamos mensagens, e-mails, telefonemas, etc, pedindo seu relato sobre este sábado sem jogo, mas ele não deu sinal de vida.

Esperamos que Oliveira Canindé nos leve de volta para o Arruda.

Pegou o beco. Caiu. Foi demitido. Não deu. Não aguentou a pressão. Não tinha mais clima. Seja o que for, foi melhor para nós, os torcedores

Recebi uma mensagem curta e grossa do meu amigo cronista Gerrá Lima:

“Sérgio Guedes pegou o beco”.

Eu estava tomando um cafezinho, quase pedi uma Brahma gelada.

Fazia meia hora que eu tinha lido um depoimento do presidente do clube, Antônio Luiz Neto, no Jornal do Commercio, onde ele era taxativo:

“O Santa Cruz, nos últimos três anos e dez meses, se caracterizou pela estabilidade para atingir os seus objetivos. Sérgio é um treinador de capacidade e não tenho nenhuma razão para desacreditar do seu comando. Temos ainda muito chão pela frente e tenho certeza em uma reação”.

A suposta “estabilidade” nos custou o tetra e uma vaga na Copa do Nordeste.  E o tal “muito chão pela frente” é muito mais curto do que se imagina. Já estamos a dez pontos do quarto colocado na ponta da tabela, e a dez da zona de rebaixamento.

Minha preocupação é apenas uma – quem vai assumir o comando técnico do time coral.

Vamos rezar.

Quando a massa coral morga, algo está errado!

Samarone foi curto e objetivo.  “Não tenho saco para escrever nada. “Um time bosta, com um treinador bosta, é o que temos”.

Foi essa mensagem que ele enviou  por e-mail.

Inácio está passeando. Viajou pra Belém e, pelo que conheço do velho França, deve ter se animado ontem quando fizemos o primeiro gol e hoje deve estar invocado.

Mas não podia ser diferente. Já se tornou uma tragicomédia esta nossa sina de ficar a frente no placar e não conseguir segurar o resultado. Quando não levamos o gol logo depois de termos feito, levamos no começo do segundo tempo.

Ontem, quando minha esposa avisou que o Santa Cruz havia feito 1 a 0, eu ironizei e disse: “daqui a pouco, eles empatam”!

Ela me chamou de pessimista. Mas logo sorriu e concordou.

Acho que muitos por aí, devem ter pensado assim também.

Quando chegamos nesse estágio, meus amigos, a coisa está séria.

De uma maneira geral, ninguém tem esperança que nosso time melhore ou que as coisas mudem.

Mas também, não é pra menos.

O treinador é um apombalhado. Um sujeito com cara de donzelão, que não fala nada com nada e que tem o currículo recheado de demissões e fracassos. Não sei se vocês já repararam, mas Sérgio Guedes tem a fisionomia da derrota.

Porém, sejamos justos, ele não colocou o cano do 38 na cabeça do Presidente Antônio Luiz Neto e gritou: “se não me contratar, meto-lhe bala”.

Esqueçamos o técnico por alguns instantes e olhemos para algumas belas perronhas que estão no nosso time.

Entre outras desgraças, temos:

No setor defensivo, Marlon. Na cabeça de área, Everton. No meio campo, Emerson Santos e no ataque temos Keno.

Eu poderia esticar mais a lista com Adilson, Nininho, Memo, etc, mas me tornaria repetitivo, afinal, nossa torcida sabe de cor e salteado os nomes dos peladeiros que estão no nosso elenco.

Mas, outra vez,  justiça seja feita.

Esses jogadores, muito menos seus empresários, não botaram a peixeira no pé da barriga de Tininho ou Jomar e disseram: “se não me levar, dano a faca no bucho”.

Enfim, é em virtude de um time sem talento, mal treinado e sem alma, de um treinador de terceira categoria e de uma diretoria inerte, que bateu a famosa morgação na nossa torcida.

Quando isto acontece, é provável que bons ventos não virão por aí. Na nossa história, nossos melhores times sempre tiveram a alma e o coração da massa coral. Este de hoje, não tem.

Para mudar o rumo das coisas, é preciso dar uma chacoalhada nesse elenco. Comecem pela troca do treinador. Tragam alguém que tenha no semblante a imagem da vitória, que traga na voz os acordes da raça.

Ainda há tempo.

 

Um time sem alma precisa é de homens loucos

Amigos corais, acabou a minha paciência.

Vi Paraná 3 x 2 Santa Cruz, pela TV.

Eu não devia ter ligado a TV. Devia ter ficado lendo, escrevendo minhas coisas, vendo um filme, bebendo com os amigos.

Era para termos ganho o jogo, era para estarmos, salvo engano, na nona posição, com um jogo a menos, era para a massa coral ter passado o fim de semana rindo da vida.

Mas cheguei a uma conclusão trágica. Nosso time, na atual temporada, vive uma crise de abstinência das mais graves: Temos um bando de jogadores correndo, um treinador que fica o jogo inteiro dando pulinhos ao lado do gramado, e que depois nos brinda com entrevistas malucas, mas falta, dentro das quatro linhas, um negócio chamado homem. E uma dose de loucura, para nos tirar dessa mediocridade perene.

Não sei se todos viram os gols do Paraná. Num deles, o sujeito passa no meio de dois zagueiros, ninguém tem coragem de dar um pontapé, de empurrar, de fazer uma falta. Gol do Paraná. Niguém briga. Ninguém grita puto da vida com o erro do outro. É hora de bater o reles centro.

No outro, o sujeito olha, calcula a distância, cruza, o zagueiro coral sobe como uma borboleta, perde o tempo da bola, o atleta do Paraná cabeceia com os pés no chão e vai comemorar.

No terceiro, abrem uma larga avenida, uma Agamenom Magalhães, no miolo da defensiva coral. O sujeito vai com a bola, segue com ela, todos os atletas do Santa estão rezando, acendendo velas, fazendo pedidos por um bom resultado, o coordenador técnico Sandro está dando alguma entrevista na rádio falanto que o Santa não tem dinheiro para contratar, ele só sabe dizer isso, é seu mantra perpétuo, e só nós, os reles e obcecados torcedores estamos vendo aquilo.

Eu fico gritando com a TV:

“Chega alguém! Encosta um marcador, porra!”.

Nada. O atleta do Paraná escolhe o canto, chuta sem se preocupar, a bola vai na gaveta e ele vai comemorar a virada.

Falta-nos comando dentro e fora de campo. Dentro, falta-nos um reles jogador meia-boca que seja meio malugo, que seja o símbolo do Santa, que resgate a mística coral, que é a raça, mais raça e cobertura de raça. Que dê carrinhos, que grite, que peite os times adversários. Que seja expulso porque evitou um gol. Cito só um exemplo. Quem não lembra de “Gabriel Doido?”

O apelido, por sinal, é já uma biografia. A palavra “Doido”, junto do nome, já diz o que o sujeito fazia dentro de campo – loucuras pelo Santa.

Alguém esqueceu nosso zagueiro Valença, marcando o argentino Tévez com a cabeça rachada? Tinha bola perdida para Valença? Se acabeça dele não estava rachada naquele jogo, rachei agora. Sou um cronista também com minha dose de loucura pelo Santa.

Nossa alma coral não suporta mediocridades.

Às vezes, um atleta grosso, mas homem, meio sem juízo, bota moral nesse time que é uma mistura de falta de alma, preguiça, desleixo e desrespeito com o manto coral. Tenho curiosidade em saber o que eles conversam, antes e depois do jogo. Na pelada que eu jogo, na quarta, o sujeito perde um jogo e sai chutando as cadeiras, dizendo 433 palavrões com o cara que falhou no final.

Fora de campo, falta alguém que dê um norte para este amontoado de jogadores que ficam batendo cabeça.

Reinventando o título do livro do rubronegro Raimundo Carrero, “O futebol não tem bons sentimentos” (no original, é “o amor”).

Quando fazemos um gol eu já nem comemoro. É como se fosse a senha para todos os atletas ficarem entediados com a partida, esperando com paciência pelo gol de empate. Se o Santa fizer 20 x 0, nesta Série B, já sei que o resultado final será 20 x 21.

Natan, ao final da partida, saiu com esta pérola:

“Precisamos aprender a jogar ganhando”.

Quanto ao treinador Sérgio Guedes, ele deveria ser proibido de dar entrevistas, em nome da saúde mental da massa coral.

Sobre a derrota, ele disse o seguinte:

“Acaba tendo consequências. Você faz com que a consequência disso não ocorra. É dessa forma que a gente vai eliminar esta realidade”.

Na verdade, ele deveria era ser proibido de ser treinador do Santa, isso sim.

Eu fico dando murros na parede, e minha esposa tentando me acalmar.

Prefiro mil vezes um treinador brutal, nervoso, temperamental, maluco, que ao final do jogo estaria espumando e gritando com os radialistas:

“Estou puto com essa derrota merda, os jogadores precisam comer a grama e respeitar a camisa do Santa Cruz, mas no vestiário todo mundo vai levar um esporro de duas horas e já vai ter treino amanhã, depois do café”.

Esta camisa coral teve grandes jogadores e grandes homens.

Neste momento, precisamos é de grandes homens, de loucos homens, que entrem em campo já cuspindo fogo e que saiam com cãibras nas duas pernas de tanto correr.

Mas eu sei estou escrevendo em vão. Nas “Repúblicas Independentes do Arruda”, a burocracia é soberana.

Felizes por um instante (Nóis sofre, mas nóis goza)

Ainda faltava bastante tempo para bola começar a rolar e eu já estava nas cadeiras. Nunca imaginei entrar tão cedo no Arruda.

Com o estádio vazio, deu para perceber o quanto está sujo nosso cimento. Uma lama preta cobre a pintura do estádio.

— Com essa chuva toda, essa diretoria devia aproveitar pra lavar a arquibancada. Aquilo tá podre. – falou um cidadão de voz rouca.

—Tá nojento. O sujeito que sentar naquela sujeira, tá arriscado a pegar uma doença no fiofó. – completou um senhor do lado.

— Se o time não ganhar hoje, eu botava todo mundo pra limpar o estádio. -Voz Rouca falou dando uma gaitada.

Para não correr risco de ser molhado pela chuva, fui ficando por ali. Era um local mais alto e coberto.

De onde eu estava, dava a impressão que o gramado estava em boas condições. A grama verdinha. Não se via buracos, nem poça de lama.

Um magro vem subindo as escadas. Veste uma camisa que tem o patrocínio da Parmalat. Uma camisa com listras verticais nas cores preta-branca-vermelha. Um barbudo aponta para ele e diz:

— Eita, lá vem o fã de Keno!

Quando o magro foi chegando, o barbudo gritou:

— Hoje Keno faz gol!

O magro pegou nos ovos, balançou e mandou o cara de barba tomar no cu. A gargalhada foi geral.

Uma moça vai passando, carregando uma sacola da loja do clube. Tenho vontade de perguntar se era a camisa comemorativa do centenário, mas um rapaz que está sentado na fileira de baixo faz uma reclamação:

— Meu amigo, só o Santa Cruz…! Vai estrear uma camisa nova e na loja não tem pra vender. Perguntei lá e disseram que não chegou ainda.

E continuou:

— Putaquepariu! É muita burrice.

O cara do lado dele, comenta:

— Ehehehehe! As camisas devem estar na casa do diretor de marketing. É um tal de Luizinho!

Um coroa de óculos vem subindo. Carrega um guarda-chuva em uma mão, e na outra, um rádio.

— Rapaz, tu é doido, mesmo. Tivesse coragem de vir pra esse jogo?! – alguém pergunta a ele.

— Eu não vinha, não! Mas a mulher mandou que eu viesse. Fico num mal humor arretado, quando não venho.

A chuva dá uma trégua, mas o estádio continua vazio.

Pelo visto o público vai ser fraco. Choveu o dia todo, o horário é ruim, o time não empolga, o treinador é um doido de jogar pedras e a diretoria não dá sinais de mudança.

O time da Portuguesa entra em campo antes dos árbitros. Fiquei puxando pela memória e não consegui lembrar se eu já tinha visto algum time entrar primeiro do que o juiz. De fato, foi a primeira vez que eu vi isto.

Logo depois o homem do apito sobe. Por fim, nosso esquadrão aparece, vestindo um padrão pra lá de esquisito.

Começa o jogo.

Sandro Manoel toca para trás.

— Joga pra frente, puto. Jogador enceradeira! – Barbudo xinga.

Keno ameaça uma pedalada, faz uma lambança e perde a bola.

— Esse Keno não serve nem pra trabalhar em lava-jato! – Magro reclama.

Pela terceira vez, Wescley tenta um drible e não toca a bola.

— Jogador burro. Isso é um jumento! – Coroa se irrita.

Renatinho erra mais um cruzamento.

— Cruz direito, anão de uma figa! Voz Rouca grita.

Everton dá outro passe errado.

— Na minha pelada, um miserável desse não joga. Parece que engoliu um cabo de vassoura! – Rapaz fala.

O time da portuguesa parte no contra ataque. Thiago Cardoso defende outra bola e garante a rapadura.

— Esse time do Santa Cruz só tem dois jogadores: o goleiro e o centroavante! – O Cara afirma.

E o jogo segue. Vai chegando ao final. A moça da sacola desce as escadas e já vai embora.

Uns empurram o time. Outros resmungam. Alguns já preparam as cordas vocais para vaiar.

Eis que o milagre acontece. No último suspiro, o lateral Tony vai à linha de fundo e, finalmente, consegue acertar um cruzamento na área. Goool de Léo Gamalho.

Por um instante, a torcida ficou feliz.

Timemania, um dos caminhos para a salvação coral

Nunca dei muita bola para a Timemania. Aliás, não arrisco sorte em loteria nenhuma por pura preguiça. Se for para ficar milionário, prefiro que seja sem entrar em fila. Que eu saiba Samarone também não joga na loteria. Acho que, aqui do blog, só Gerrá tem esse costume por ser o que mais tempo  tem para perder em fila. Diz ele que lá no tribunal onde trabalha são três férias por ano e, para cada dois dias trabalhados, tem um de folga a escolher.

Por desconhecer completamente a magnífica, extraordinária e  mirabolante importância da Timemania, estranhei quando o presidente do clube, Antônio Luiz Neto em pessoa, me telefonou pedindo para que eu desse uns minutinhos de atenção ao pessoal da empresa que cuida do Guerreiro Fiel.

O sujeito me ligou e a gente conversou. O nome dele é Dênis Victor e eu já dei uns paus na empresa dele, a Traffic, aqui no blog. Parece que ele esqueceu ou sabe disfarçar bem a raiva.

Ele e os diretores do clube estão preocupados com o desempenho da torcida do Santa Cruz no Timemania.

Explico. Ou melhor, repito as explicações que o Dênis me deu.

Agora, o Santa Cruz tirou sua certidão negativa de dívidas com o Governo Federal. Não é que não tenha mas dívidas, muito pelo contrário, mas agora tem um documento que atesta que o clube negociou todas elas e está todo certinho para começar a quitá-las.

E a Timemania é fundamental para que essa quitação aconteça sem que o Ministério Público, a Receita Federal e o INSS mordam o dinheiro que entra nas bilheterias.

Deu para entender a importância do troço? Não? Vai acabar esse lenga-lenga de confisco de rendas de partidas por parte de oficiais de justiça e bloqueios de conta corrente. Quem tem dinheiro a receber do Santa vai passar a receber diretamente da Caixa Econômica Federal.

“Quanto mais apostas no Santa Cruz, mais cedo o clube diminuirá suas dívidas com o Governo Federal. Quando o Santa Cruz estiver sem débitos fiscais, passará a receber sua parte do bolo diretamente em seus cofres.”. Essas palavras são do Dênis, são tão claras que dei um control C + control V do email que ele mandou depois do telefonema.

O problema é que os clubes com maior quantidade de apostas recebem mais dinheiro da loteria.  É assim:

“Em troca  de ceder suas marcas para a loteria, os clubes recebem 22% da arrecadação.”

Mas a distribuição não é linear, nem todos recebem a mesma coisa. Os 20 clubes com maior número de apostas (ou seja, com a torcida mais fiel e assídua na loteria) ficam com 65% dos recursos divididos em partes iguais. Atualmente, isso dá mais ou menos R$ 280 mil todos os meses para cada um.

Os clubes entre a 21ª e a 40ª posição beliscam 25% da grana. Entre a 41ª ao 80ª, são 8% dos recursos. O primeiro lugar de todos ganha 2% de lambuja.  A reca divide o que sobrar.

Trocando em miúdos: o Santa precisa encerrar o ano de 2014 entre os 20 primeiros, que é exatamente a posição que ocupa atualmente.

“Ah, que maravilha!”, dirão os mais otimistas ou ingênuos, como eu. Maravilha um ovo: logo depois vem o Avaí e o Coritiba, com quase 50 mil apostas  a menos. Como esse clubes têm lenha para queimar, se chegar no final com essa diferença, seus cartolas vão providenciar as apostas que faltam numa tacada só. Dá algo em torno de R$ 100 mil, investimento que neguinho tira logo na primeira parcela de 2015.

O pedido da diretoria é simples: se você é tricolor for entrar na fila para jogar na Mega Sena, pelamordedeus, gaste mais uns trocados e aposte na Timemania cravando o Santa como seu time de coração.

Se precisar de mais um motivo, fique sabendo que o acumulado dessa semana da Timemania está em R$ 17 milhões. Se der sorte, ainda dá para encher o rabo de dinheiro.

Recado dado. Ah, ia esquecendo: vamos divulgar semanalmente o ranking dos times na Timemania aqui no blog. Abaixo, segue o ranking do acumulado em 2014 depois do sorteio 621.

ranking timemania

 

 

Seja você também um treinador de futebol

Com a inestimável ajuda do Blog do Santinha, agora você também pode falar igualzinho a Sérgio Guedes e ser contratado como técnico de futebol de qualquer time do Brasil, do Mundo , quiçá do Universo.

Depois de exaustivas investigações e rádio escuta, finalmente descobrimos como o cabeludinho da avenida Beberibe desenvolveu sua indecifrável e poderosa retórica. Com ajuda do Gerador de Discursos Plus Ultra Flex Vip Master Extra Big Dick, disponível para qualquer cidadão aqui neste link: http://www.dotecome.com/discursos.htm

É fácil falar difícil: basta você misturar qualquer expressão da primeira coluna, com algum outra da segunda coluna, mais uma da terceira e para arrematar, um fragmento da quarta. Só isso e você pode impressionar qualquer jogador de futebol vindo dos júniores ou repórter de rádio com Q.I abaixo de 30 (é o que mais tem).

Os criadores da tabela garantem que dá para fazer mais de 10 mil frases desprovidas de sentido e aparentemente complexas. Se essa projeção for verdadeira, dá para Sérgio Guedes fazer preleção e dar entrevista até a ano 2035, mais ou menos.

O blog também identificou que foi por causa de algumas dessas frases que o time coral voltou tão aparvalhado para o segundo tempo contra o rubro-negro treinado por Hélio dos Anjos (ah, saudades quanto tínhamos um  rubro-negro treinado por Hélio dos Anjos aqui por perto).

Lembram daquele lateral que Léo Gamalho queria bater no campo de ataque no segundo tempo, mas nenhum outro jogador saiu do campo de defesa para receber a bola lá na frente? Pois bem, naquele momento, Wescley, Renatinho e Sandro Manoel quebravam a cabeça tentando entender o que o “professor” quis dizer com “Não podemos esquecer que a atual estrutura de organização do nosso time nos obriga a desenvolver a análise das condições apropriadas para a execução do nossos planos táticos”. Ou então: “A nossa prática tem demonstrado que o desenvolvimento das formas distintas de nossa atuação está contribuindo para a correta determinação das nossas opções futuras”.

 

 

 

Lero-lero guedesiano: teoria e prática do Mesmismo

Depois do empate com Avaí, Gerrá da Zabumba passou o final de semana passado, a lendo e escutando entrevistas. Ele me contou que queria entender a razão do ataque do Santa Cruz ser uma coisa tão sem tesão, tão sem vontade.

Realmente, quando vejo nossos meias, laterais e atacantes chegando perto da área adversária, fico achando que fazer gols é uma coisa enfadonha, uma obrigação chata. Algo como entrar  na fila do cartório para reconhecer firma de terceira via ou telefonar para o call center do plano de saúde. Não sei se é assim, sempre fui zagueiro e ruim de bola. Se fiz meia dúzia de gols na vida, foi muito.

O problema é que Gerrá viu e leu tanto o que Sérgio Guedes que, na segunda-feira mesmo, acabou escrevendo que vai do nada ao lugar nenhum. Um lero-lero igualzinho ao do nosso treinador.

A equipe Blog do Santinha resolveu então organizar uma coletânea do raciocínio vivo de Sérgio Guedes e desconfiamos que ele está criando sua própria escola filosófica, o Mesmismo, que seria segundo Samarone, que entende dessas coisas, a base conceitual da mesmice.

Devem ser lindas as preleções nos vestiários. Decididamente, não é fácil ser jogador de futebol.

Abaixo o melhor do Mesmismo:

“A gente fez dois trabalhos táticos para dar uma característica boa para um jogador que não tenha como principal característica fazer aquilo. O adversário joga com muita virada e agressividade e temos que neutralizar isso. Só tivemos um posicionamento defensivo bem específico e queremos dar liberdade ofensiva. Muita liberdade ofensiva”.

 . Temos que tirar proveito das condições do jogo e aproveitar as oportunidades. O Santa Cruz não vai em busca de um resultado igual. Vamos em busca da vitória. Dependendo das condições um empate pode ser bom.

 “Eu sempre falo a eles que, por mais que tenham treinador, alguém que comande, é importante que haja o entendimento daquilo que se pede”.

 “Soubemos defender quando foi preciso e aproveitar o espaço quando eles apareceram.” 

 “Quando não vencemos, é preciso administrar e vir aqui justificar. Mas quando as vitórias acontecem, é preciso dizer que houve entendimento, que os atletas realizaram aquilo que se pediu. É um momento de reflexão, porque a vitória nos dá confiança e moral, mas as razões que nos levaram aos três pontos não foram essas e sim a intensidade e a disposição dentro de campo”.

 “As razões pelas quais não atingimos o esperado é porque estamos administrando muitas coisas. Não é fácil fazer isso. Inicialmente a equipe se mostrou desconfortável, esperando o adversário e depois teve iniciativa de sair no contra-ataque. Quando começamos a desarmar e atacar, tivemos mais ocasiões, só que não ocorreram os gols”

 “Poderia ter sido melhor, mas os jogadores estão ganhando ‘lastro’ e estão em processo de evolução”

 “Nós começamos desconfortáveis e esperando a iniciativa, mas depois nos estabelecemos e poderíamos ter tomado melhores escolhas nos contra-ataques. No segundo tempo se repetiu. Quando começamos a roubar a bola, criamos os contra-ataques, mas passamos novamente a conviver com a possibilidade de uma melhor escolha para fazer o gol”.

 “As dificuldades são enormes, mas o Santa Cruz está na briga. Em São Luís, por exemplo, jogamos contra o adversário que tem dimensões de campo ultrapassadas e acabamos o jogo bem condicionados”.

 “Eles precisam entender que não é discurso vago. Eu também joguei uma divisão menor e fui crescendo. A competição exige a cada partida uma entrega a mais. A dificuldade é maior no próximo jogo. Você vai ter que ser um pouquinho mais entregue em campo. E eles interpretarem bem o jogo, o Santa Cruz vai estar no caminho certo”

 “O nosso sistema  defensivo estava bem postado e novamente por algumas ocasiões não conseguimos marcar.  Fica o sentimento que poderia ter sido melhor, pois tivemos espaços. Não saio frustrado, pois estamos numa transposição de competição. Eles são capacitados e basta acreditar”

 “As dificuldades são enormes na Série B. A invencibilidade de quatro jogos é louvável, mas não era a pontuação desejada. Avaliando os resultados, nós temos recursos para chegarmos longe. Temos caráter, valor e perspectiva. O Santa Cruz é muito forte coletivamente e queremos uma torcida jogando junto. Alguma considerações precisam ser feitas para o produto final acontecer. Somos capazes de fazer mais e queremos o respaldo de todos. Iremos atuar em casa e a torcida já está escalada para ajudar nós”

 “Temos equilíbrio, mas falta eficácia. Quando você tem a vantagem numérica acaba surgindo espaços. A equipe teve capacidade de saber a hora de contra-atacar. O entendimento precisa ser durante todo o jogo, pois a Série B requer isso. Os jogadores precisam funcionar mais para que a gente transforme em vantagem durante a partida. Por um detalhe ou outro não fomos eficazes. Trabalho requer ajustes e precisamos ficar atentos”.

As indecisões definitivas do treinador, e a torcida que continua crescendo

Estou de saco cheio desse converseiro maluco do treinador, Sérgio Guedes. Nem no ensino fundamental eu escutava tanta besteira. Tudo bem que eu não entendia muita coisa que o professor de Moral e Cívica falava, mas ele não era um treinador de futebol e eu não era jogador profissional. Alguém precisa dizer para ele: Deixa de falar merda e bota esse time para ganhar!

Nem pensador francês fala tanta coisa que não leva a lugar nenhum. Deleuze, Guatari, Foucault, todos são mais compreensíveis do que ele.

Resumindo tudo, temos um homem indeciso à frente dos atletas. A obsessão do time ideal acaba deformando o time possível. É o típico sujeito que tem dúvida até no par ou ímpar. Porra, mas logo no Arruda?

Mudando de assunto.

Vejo nos principais jornais a pesquisa realizada pelo Lance/Ibope sobre as maiores torcidas do Brasil. O Santa, apesar das quedas e coices para as séries C e D (toc toc toc), em nenhum momento perdeu torcida. Muito pelo contrário. O Santa aumentou o tamanho da sua massa e está na décima sétima posição nacional.  Não sei quantos times tem hoje no Brasil, mas estamos entre as maiores.

Isso não é novidade. A novidade é que os jogadores parecem não ter o coração na ponta das chuteiras. Como mandante da Série B, a equipe coral só venceu três dos oito jogos. Se dependêssemos apenas dos jogos em casa, estaríamos na zona de rebaixamento.

Dos 20 clubes da Série B, a nossa é a quarta pior campanha.

Ahm , sim, tivemos dois jogos nos Aflitos (um sem público) e um na Arena Pernambuco (argh), mas mesmo assim, os números permanecem: cinquenta e quatro por cento dos pontos em disputa.

Os jogadores têm medo de torcida?

Voltando ao nosso cientista maluco.

O treinador do Náutico, Dado Cavalcanti (prata da casa coral) chegou, mexeu em algumas peças, resgatou os escanteados, deve ter dado umas broncas, mandou todo mundo correr atrás da bola como se fosse um prato de arroz com feijão. Resultado: o time embalou, ganhou três seguidas e já está na nona posição. Sem firulas, sem frescuras, sem dramas existenciais. Não dá para ficar lendo Hamlet à beira do gramado.

Sérgio Guedes gosta de inventar uma roda. Já testou três esquemas táticos nas últimas partidas. Mudou o time em todos os jogos. No treino de ontem, fez quatro mudanças. Não sei se tem filho. se tiver, é aquele pai que muda os meninos de colégio todo ano, porque suspeita que os professores não são bons.

Cito trecho do Diário de Pernambuco de hoje:

Guedes tirou Natan e colocou Pingo. Em um outro momento retirou Wescley, Keno e Sandro Manoel para colocar Julinho, Bileu e o retorno de Natan. Indecisões que só são definidas momentos antes da partida. 

Jogo pelada toda semana. A melhor coisa do mundo é quando eu conheço como jogam os caras que estão no meu time. Já sei até em que área do campo eles gostam de jogar.

De indecisão em indecisão, Sérgio Guedes, mais um campeonato vai indo para o mato.

A torcida que cresce mesmo no meio do deserto, como sempre, é a única novidade boa nas bandas do Arruda.

 

 

Momento atual – um espiral ortopédico

Está mais do que complexo imaginar o que vai transcorrer com o Santa Cruz daqui para a finalização da seribê.

Estamos definitivamente numa encruzilhada com caminhos para todos os quatro lados.

O time apresenta defeitos que dificultam a busca por virtudes. Principalmente, se olharmos pela ótica do otimismo. O que por si só, já nos leva a crer que a realidade é dura e poderá tomar rumos de crueldade e de atropelos.

Neste sentido, para muitos já se tornou de cansativo e enfadonho destinar análises e palavras sobre tal situação. Entretanto, se faz  necessário continuarmos a levar nossa mira ao alvo da questão, pois o Santa Cruz nasceu e viverá para sempre.

Desta forma, nunca ficará tarde, nem distante, irmos ao fundo dos problemas do futebol que a nossa equipe está elaborando dentro do gramado.

Todas as questões que atrapalham nosso desempenho se resumem a duas variáveis:

– atletas com pouco potencial;

– treinador sem poder de maximização desta pouca potência.

Some-se a isto, a inércia da diretoria, que ao se deparar com conflitos, não tem agilidade para resolver os achados.

Neste patamar, o problema se mantém e é muito comum que evoluam  em progressões que pode fugir ao controle.

Ao que nos parece, ainda não chegamos neste estágio. Isto pode ser bom e também ser ruim, visto que, temos a impressão que não estamos muito longe do ponto alto da negatividade.

Por sua vez, quando isto é certificado, a sensação é que a vaca poderá ir pro brejo. E aí, se ela for, fudeu a tabaca de xola.

O clube precisa ser agressivo nas ações. O treinador precisar correr para formatar nossa equipe.

Minha gente, o tempo é um precioso metal que aflige a busca pelos objetivos.

Pelo que vejo, Sérgio Guedes parece tangenciar a curva da equação defesa-meio-ataque, não conseguindo encontrar o ponto real de equilíbrio sobre os setores.

É preciso tomar as providências cabíveis o mais rápido possível. Saber gerenciar. Ponderar as variáveis boas e as que causam degradação. Só assim, o time vai encontrar a saída exata sem precisar passar pela angústia e o desespero.

Nisto temos que encarar o psicológico, ver o físico, observar o tático, analisar os aspectos técnicos e verificar as estruturas.

Ao final, se for encontrado que as perspectivas estão comprometidas, se torna necessário regressar ao marco zero, para percorrer todo o percurso. O caminho é tortuoso e escorregadio.

Então, chego a contundente conclusão que estamos dentro de um espiral ortopédico.