Apenas dois jogos.

A rodada desse sábado não foi boa para os pernambucanos: Do Recife levou outra lapada e está descendo ladeira abaixo em direção à séribê e o Capibaribe segue mantendo a velha tradição de nadar e morrer na praia. Se lascaram bonitinho.
Do nosso lado, vi uns sites que não botavam muita fé na classificação do Santinha para a séribê. As estatísticas eram baseadas não sei em que método. Parecia mais papo de bebo em boteco. De minha parte, estou bastante confiante. Mas isso não significa que o jogo de hoje será fácil. Não, meus amigos e amigas, não será.
O jogo de hoje é decisivo. Estamos apenas a dois jogos da B – 180 minutos e vai ser cana até umas horas. Todo tricolor coral das bandas do Arruda que converso parece esperançoso. Mesmo os mais desconfiados. Seu Manoel, o velho e bom garçom de Seu Sebastião do Pátio da Santa Cruz, sempre repete: “Ah, é Pipico”.
Hoje não quero falar dos desacertos dessa gestão. Hoje é dia de esperança e de deixar as mazelas, por enquanto, de lado. É dia de invadir o Arruda, de celebrar o retorno à séribê, sair de casa com uma vitória e tomar muita cerveja porque ninguém é de ferro. E pagaram junho para aumentar nossas esperanças!
Danny Morais, William e Arthur estão de volta ao time. Sandoval, Paraíba e Robinho devem compor o elenco também. Vou escutar a resenha para saber a escalação definitiva.
Mas o amigo Guto resumiu, na última postagem de Gerrá, o espirito desse jogo: “Agora é mão na cara e dedo no olho. Tem isso de time bom e ruim mais não. É jogar com o coração e na base da raça. Avante Santa Cruz!”. É isso mesmo. Raça, raça pura e vontade de mandar essa séricê para a puta que a pariu.
A Diretoria espera um público de 50 mil torcedores. No meio de uma crise econômica no país e sabendo que a torcida do Santa Cruz é o povão mesmo, achei um pouco salgado o preço dos ingressos para o torcedor que vai ter que espremer o bolso pra ir ao Arruda. Era para ter promoção em um jogo tão decisivo assim. Pelo que vi até agora, chegamos a quase 20 mil ingressos vendidos. Mas nunca sabemos o que é real ou não nesses esquemas.
Verdade que sempre teremos os pessimistas de plantão que dizem que tudo está perdido e que o clube vai sumir do mapa. Desde sempre que escuto isso. De salários atrasados a crises administrativas, o Santinha sempre sobreviveu. De uma coisa eu não duvido nem a pau: o que move o Santa Cruz, o que o faz sempre ser essa paixão arrebatadora é o amor incondicional de sua torcida.
Já estivemos em momentos piores. Estamos livre da famigerada D esse ano e caminhando para a B em 2019 – e olha que tem neguinho arrogante indo com a gente também. Se liguem não.
Hoje estou cheiro de esperança. Hoje é nosso dia. Dia da vitória e de muita festa. Apenas dois jogos. Santa Cruz de corpo e alma.

O Santa Cruz não sai da gente

Passei uns dias de férias. Fazia tempo que não tirava 30 dias. Desliguei o computador. Me desliguei das notícias. Por várias vezes, desliguei até o celular.

Depois da presepada com o Globo e da lapada que levamos na Paraíba, pensei em me desligar do Santa Cruz. Mas eis que viajo para Garanhuns e encontro os incansáveis Esequias, Robson e Marconi. Era cachicol do Santa Cruz, agasalho coral, boné, camisa…, até uma visita ao nosso ex-zagueiro Valença, os caras fizeram. Foram bater em Bom Conselho para encontrar aquele que parou Tévis.

Pra atanazar ainda mais o meu juízo, fiquei na casa de Lígia. Lá tem até uma geladeira nas cores corais e com um escudo enorme do Santa Cruz na porta.

A turma marcou para ver o jogo contra o Confiança. Numa feijoada perto da Buchada do Gago. Eu tentei me esquivar. Fui pro Euclides Dourado com a família. Só que não tirava o olho do relógio e o pensamento no jogo.

Uma galera dançava street dance. Um senhor tocava uma sanfona. Um mamulengo se apresentava perto da Rural de Roger.

Caía uma chuva fina e eu dava umas goladas numa aguardente boa danada, a Nordestina Gold.

O Santa Cruz estava quase entrando em campo. Foi quando chegou um zap de Marconi avisando que não iria ver o jogo na tal feijoada, mas que estava no Varanda e lá passaria na TV. Faltavam 15 minutos pra começar a partida.

As meninas brincavam no parque de diversão, a chuva começava a ficar mais forte, o frio chegou de vez e eu já havia tomado umas cinco lapadas de cachaça.

Lá vem outro zap. “Estou no Varanda. Vai começar.”

O Varanda ficava bem dizer na metade do caminho entre o Euclides Dourada e a casa onde nós estávamos hospedados. Uma pequena caminhada. Uns 800 metros de distância.

Fui pra lá.

Umas doses de aguardente, um pratinho de tripa assada, uma mesa de primeira linha: Marconi e Gisela, Hélio Mattos, Marquinhos, Vinicius, Mariá e Alessandra. Uma vitória excelente: quatro a zero.

Daí pra frente, meus amigos, voltou a doidice, a esperança, o otimismo, a vontade de estar junto do meu time. Até pro treino eu fui.

Domingo, corri para chegar logo em casa e assistir ao jogo contra o Juazeirense.

Sábado que vem, vou é pro Arruda. Só faltam três jogos para subirmos. É no grito e na raça. A hora é de apoio incondicional.

Não sei como Samarone está aguentando ficar longe do Santa Cruz, justamente agora!

Bacalhau, presente!

Recebi a noticia num grupo do whatsapp. Imediatamente, entrei em contato com nossa amiga Lígia que mora em Garanhuns. Era sempre através dela ou de Marcos que eu procurava saber sobre nosso amigo Bacalhau. Como quem não quer enfrentar a verdade, apenas perguntei: tens notícias de Bacalhau?

Lígia me confirmou o falecimento. Logo em seguida, Marcos me manda um áudio dando a notícia. E começou a chover mensagens no meu celular. E a dose de tristeza foi aumentando.

Alessandra mandou um áudio perguntando se era verdade. Estava na estrada e ouviu no rádio. Eu confirmei. Ela se entristeceu também.

Bacalhau tinha o costume de chamar Alessandra de mãe. É que certa vez, em pleno Festival de Inverno, saímos do Polo de Cultura Popular e fizemos um favor para ele. Dali em diante, ele passou a chamá-la de mãe. Era uma forma carinhosa que ele encontrou para expressar sua gratidão.

Quando eu encontrava Bacalhau, me sentia uma criança no momento que chega perto do seu ídolo. Ele fazia parte do meu imaginário, pois desde o meu tempo de menino, o via no Arruda, nos jornais, na televisão. Sonhava em falar com aquele cara. Tocá-lo. Vê-lo de pertinho. Depois de adulto tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e passar a admirá-lo ainda mais.

Era uma figura linda. Carismática. Pura. Torcia apenas pelo Santa Cruz, não se importava com os demais.

Amado por toda a torcida tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda. Era querido, respeitado e admirado até pelos torcedores adversários. Por várias vezes, vi em Garanhuns, alvirubros e rubro-negros pararem pra tirar fotos com ele.

Bacalhau não se fantasiava com as cores do Santa Cruz. Bacalhau era daquele jeito o tempo todo. Era Santa Cruz 24 horas por dia, na alma, no corpo e em tudo que lhe pertencia. Como bem escreveu Bráulio de Castro, “Há quem veja o mundo azul, há quem veja cor-de-rosa, há quem veja o mundo cinza, cada um tem seu espelho. Bacalhau de Garanhuns vê preto, branco e vermelho”.

Escrevo esse texto revendo fotos dos nossos encontros e recordando os bons momentos que tivemos com aquele sujeito. Nosso casamento. Nos Festivais de Inverno de Garanhuns. No Poço da Panela. Nos jogos do Santa Cruz. Meus olhos lacrimejam.

Confesso que hoje estou triste! Mesmo sabendo do sofrimento que ele vinha passando, mesmo acreditando que ele descansou, estou triste!

Vai na paz, meu querido! Eternamente, tu serás lembrado!

Domingo estaremos no Arruda. Torcendo junto contigo, de corpo, alma e coração, por mais uma vitória do nosso Santa Cruz.

Bacalhau, presente!

A Copa do Mundo é nossa?

A Copa do Mundo, para quem ama futebol, é o paraíso, uma overdose futebolística única. Acabei de chegar da universidade e publico esse texto enquanto escuto o segundo tempo do Santinha contra o Capibaribe. É jogo que não acaba mais, meus amigos.
O legal é que durante as partidas da Copa, Eu, Gerrá e Sama ficamos trocando impressões por meio do zap. Daí foi um passo para Gerrá sugerir que a gente escrevesse aqui sobre essas impressões.
Enquanto estou aqui torcendo para que o Santinha consiga usar bem a vantagem de um jogador a mais – afobado é a palavra que mais escutei na rádio sobre nosso time – vou publicar o que Gerrá me mandou sobre as partidas até agoa. Sama, depois que se tornou um eremita em Olinda, diz que vai escrever, mas só fica na promessa. Temos que rever esse contrato de articulista logo.
Bem, aí vai o que Gerrá me mandou:
“A copa começou. E pra lascar a turma que participa de bolão e apostas, a Russia meteu 5 na Arábia. Não vi o jogo ao vivo. Mas pelo taipe que assisti, a impressão que tive foi que até a Arábia Saudita se iludiu com a Russia.
O time do Egito, por pouco não derrubou o Uruguai. Fez uma retranca do caralho e quase consegue o empate. Digo uma coisa, se Salah estivesse em campo, a seleção egipcia teria vencido. Fiquei imaginando se eles tivessem um ataque com Salah, Denis Marques e Keno. Venceriam fácil. Torci pelo Egito, mas não fiquei triste com a vitória da Celeste.
Joguinho feio foi Marrocos e Irã. Meus amigos, aquilo é mais fraco do que jogo de serie D. Se o Marrocos ou Irã jogassem a nossa série B, seriam rebaixados na hora. Na sericê, brigariam pra não cair.
Bonito foi ver Messi com aquela cara de retardado, perder um penalti. O goleiro da Islândia, o tal do Halldorsson, um ex-diretor de cinema, defendeu a cobrança e fez a Argentina tomar no cu. Foi lindo. Um fato interessante no time da Islândia: todos os jogadores titulares tem os sobrenomes terminados em Son. Hannes Halldórsson, Birkir Saevarsson, Ragnar Sigurdsson, Kári Árnason e Ari Skulason; Aron Gunnarsson, Birkir Bjarnason, Jóhann Gudmundsson e Emil Hallfredsson; Björn Sigurdarson e Jón Bödvarsson e o treinador é Heimir Hallgrímsson!
Uma coisa boa que estou gostando nessas primeiras partidas é ver que ainda se joga na retranca e que um bom ferrolho pode garantir um bom resultado. A Islândia segurou a Argentina assim. Se a Espanha soubesse jogar recuada, teria vencido Portugal. Depois que virou o jogo, era botar o time atrás, irritar Cristiano Ronaldo e sair no contra-ataque.

Não consegui assistir aos outras pelejas. No domingo fui para casa do meu pai acompanhar a estreia da seleção brasileira de estrangeiros.
Depois do gol de Felipe Coutinho, fui me arriando no sofá e peguei no sono. Acordei no inicio do segundo tempo.
Meus amigos, que gol bizarro a gente levou. Nosso zagueiro totalmente mal colocado na área, leva um empurrãozinho que só é falta em pelada de condomínio. O que ficou da nossa estreia é que jogo é jogo, treino é treino.
Bom, tomara que Roberto Fernandes tem visto o jogo do Brasil e o jogo da Islândia. E que a gente ganhe para o Capibaribe. Encostaremos no primeiro lugar e empurramos o timbu lá pra baixo”.

Foi isso. Hoje, depois dessa rodada, dos times que são campeões, só os ingleses se deram bem: acho que Jerry e Marc estão felizes e tomando todas. Ainda bem que teremos essa overdose esse mês. Assunto é o que não vai faltar. E a pergunta que não quer calar: A Copa do Mundo é nossa? Na torcida para que a resposta seja positiva. Saudações tricolores corais das bandas do Arruda!

Tem novidade na Minha Cobra

A turma da Minha Cobra, na qual eu me incluo, está iniciando uma pré-venda dessa camisa aí que está na imagem desta postagem.

A ilustração foi um presente do querido amigo Paulo Batista. Paulo é cartunista, nascido em São Paulo e que esteve por aqui no final do mês de maio. Foi ele quem fez aquela arte da camisa que fizemos em homenagem a Chico Science.

Pois bem, nessa nova camisa que estamos produzindo, teremos camisas para adultos, inclusive baby looks, e faremos também camisas para gurizada a partir de 8 anos). As camisas serão em malha de algodão. Além da camisa vermelha, teremos também a branca e a camisa preta.

A camisa adulto e a baby look custarão R$ 40,00 (quarenta reais) cada. A infantil será R$ 30,00 (trinta reais).

Um detalhe, a tiragem será limitada aos pedidos feitos antecipadamente, isto é, serão feitas sobe encomenda.
Então, quem quiser adquirir a camisa é entrar em contato com a Minha Cobra e informar o tamanho e a cor. E, lógico, fazer o pagamento. O contato pode ser feito pela nossa página no Facebook ou por nosso Instagram. Ou por um dos seguintes zaps:

Esequias Pierre 9.9917-3959;  Claudemir Pereira 9.9718-8408;  Gerrá da Zabumba 9.9976-8985; Robson Sena 9.9985-8597!

Um abraço, muito obrigado, de nada!

Bora conhecer o Arruda!

Gerrá é o tricolor coral de esquerda que mais tem amigos tricolores corais de esquerda. Domingo passado foi a festa de seus 50 anos de vida no Mamulengo na Praça do Arsenal. Pense numa festa arretada: cachorro-quente, feijoada, mariscada, bancada de caipirinha e caipirosca e cerveja do velho Moura.
Eu estava lá, claro. Entre uma cerveja gelada e outra, conversei com Esequias sobre o Santa Cruz (evidente que o tema universal e onipresente da festa). O Santinha vinha de uma vitória contra a Juazeirense e a torcida percebeu que o time estava, ao menos, com garra – algo que faltou demais naquela tristeza contra o ABC.
Esequias contou que Fernandes lhe pediu para apresentar a Sala de Troféus para os jogadores e fazer uma preleção sobre o “que é ser Santa Cruz”. Ele botou pra fuder. Ávila se atabacou e não prestava atenção em nada. Fernandes lhe deu um esporro e colocou a casa em ordem. Carlinhos Paraíba passou uma mensagem para Esequias agradecendo pelo incentivo. Nota: Esequias não é funcionário do Clube, apenas um torcedor apaixonado.
Daí surgiu a ideia. Eu disse:
“Ei, meu velho, o que achas da gente organizar um sábado de manhã e convidar, pelo Blog do Santinha, a torcida para tu levar a galera para conhecer o gramado do Arruda, os vestiários, a Sala de Troféus, seu Abílio e Galvão?”
Ele riu da ideia e respondeu:
“Ideia massa, Zeca. Vamos ver uma data em que não tenha jogo. Assim o Arruda está livre. Vamos marcar sim. Quando tiver a data, tu divulga no Blog do Santinha e convida a torcida para a gente se conhecer e conhecer o Arruda”.
E é isso que vamos fazer. Será o dia do “Bora conhecer o Arruda”. Dia para levar a família, os amigos, conhecidos e quem quiser aparecer para estreitar amizades, bater um papo legal e celebrar essa paixão pelo tricolor coral. Assim que Esequias confirmar uma data, vou publicar aqui uma convocatória.
Tenho um amigo, Léo Neves, que é torcedor do Do Recife. Como ele mora em Água Fria, o filho dele, Lugo, de cinco anos, é apaixonado pelo Santinha.Contradição maravilhosa. Já dei camisa e bandeira para ele que ficou todo feliz para desespero do pai. Lugo vai ser o primeiro que vou levar nessa tour.
Mas quanto ao jogo de amanhã, estarei em Serra Talhada participando como avaliador de uma banca de concurso paa professor da UFRPE. Vou tentar dar uma escapulida para Salgueiro – uma hora de viagem de Serra – e assistir ao jogo no estádio.
Espero que aquele espírito de guerreiros que tanto define o Santa Cruz – e que deu um lampejo no último jogo – possa aparecer novamente, pois falta de talento só se cura com garra, determinação e atitude mental. Pois já disse aqui: séricê não é brincadeira não, meus amigos.

Não é brincadeira não.

A séricê não é lugar para se brincar em campo ou se preocupar em jogar bonito. Na verdade, com esse atual elenco do Santinha, fica muito difícil imaginar uma partida com beleza futebolística.
A séricê é lugar de se preocupar com a pontuação, em focar na tabela e entender que os jogos são pegados porque são nivelados por baixo. A garra e a força de vontade falam mais alto do que tudo.
O Santa Cruz perdeu uma grande chance de sair com 3 pontos desse último jogo contra o Botafogo. Robinho até que mostrou a cara, colocando bola na trave, mas logo em seguida nossa zaga sofre uma hemorragia cerebral e levamos o primeiro gol. De uma infantilidade gritante.
O golaço de Carlinhos Paraíba alegrou os 14 mil torcedores que deram exemplo de amor ao clube. Esses jogos nesses horários de doido são foda. O segundo tempo parecia promissor. Robinho, de novo, mostrou a cara e fez um golaço também. Artur Rezende até tentou algumas vezes, mas sempre passando perto.
Aí, meus amigos, o apagão se instaurou de vez. O segundo gol do Botafogo repetiu a incapacidade crônica de nosso meio de campo em marcar e de nossa defesa em evitar um gol simples. Ninguém chegou em Dico – é preciso pegada, meus amigos.
O terceiro gol foi o ponto culminante que demonstra como nossa defesa fica perdida em alguns momentos (ou muitos). Inacreditável como se leva um gol daqueles. É para o cara ficar muito puto da vida.
É preciso corrigir o posicionamento, a tática e, principalmente, a vontade de ganhar a bola dessa defesa. Temos que ser realistas, pois a regra é clara: só tem tu, vai tu mesmo. Olha só: Vitor, Sandoval, Augusto Silva, Henrique Ávila e Charles. Não tem milagre, mas mudar de atitude mental ajuda muito. Séricê não é brincadeira não. Sem garra e vontade, como pedir para que a torcida chegue junto? E só assim para que a galera volte a ter ânimo como bem lembrou Marcelo Almeida.
Bem, terça que vem estarei em aula à noite. Só saberei do resultado no final da partida. Mas vamos torcer. A grana é boa e nosso Mais Querido precisa de cada centavo que entrar.
NOTA: Quero externar meu apoio a Juninho Pernambucano que levou uma dura ao vivo da direção do SporTV após chutar o pau da barraca e falar umas verdades sobre a imprensa esportiva brasileira. É preciso ter coragem para dizer a verdade e Juninho teve. Uma pena que ele saiu do programa – gente que pensa, nesse país, parece que faz mal a muita gente.

Quem vai?

E aí, tu vai?

— vou, mas é lógico!

— e eu nunca deixei de ir. Sábado tou lá!

— meu amigo, pode dar cachorro em trinta, mas sábado eu vou é pro Arruda. É jogo de seis pontos. E pense numa raiva que eu tenho de time da Paraíba!

— cinco hora eu tou largando e é direto pro Arruda. Eu vou!

— vai eu, a mulher e Netinho!

— oxi! E isso é pergunta! Tomo uma de leve na sexta. Acordo cedo no sábado. Dou aquela trepada, depois vou na feira. Meio-dia, começo a calibrar o fígado. Três horas tomo um banho, visto o manto sagrado e me mando. Dois a zero. Carlinhos Paraíba vai fazer o dele. E terça vou de novo!

— rapaz… o cabra que não for é mulher do padre! A pessoa só não vai pra um jogo desse em caso de morte ou doença grave. Tem que ir.

—  se jogar igual a jogou no segundo tempo contra o Globo, a gente ganha! Eu tou pensando que vai ser 3 a 0. Mas pode ser de meio a zero, o que interessa agora é vencer e garantir os três pontos pra ficar sempre no G-4. Se o Santa embalar não tem quem segure a gente.

— eu eu tou doido de não ir? Quem quiser que assista pela televisão. Eu vou é pra o Arruda!

— olhe, tem uma turma que reclama quando o time perde, quando empata e quando ganha. Mas agora é apoiar e jogar junto. Tem que ir todo mundo!

— tenho um trampo à noite. Mas já desenrolei a parada. Vou pro jogo e de lá corro pra tarefa.

— vou fazer a concentração no Posto. De lá pra arquibancada, pertinho do escudo.

— lá de casa, são cinco. Vai todo mundo! Até papai se animou. Simbora pro Arruda.

— tenho pra mim que Robert vai tirar a inhaca! Estarei lá.

— se o Santa Cruz vencer, vai ficar com moral! Eu não vejo nenhum elenco melhor do que o nosso. Tá faltando a gente encaixar. Tou confiante pra sábado. Sim, é claro que eu vou. Lugar de torcedor do Santa Cruz é no Arruda.

— quero nem saber quem vai ser o goleiro, o zagueiro e nem o atacante. Eu só sei que vou pro Arruda. É a gente que vai garantir a vitória. Vai ser no grito.

— mulher, ah mulher, você não precisa me esperar, eu vou chegar fora de hora, pois hoje o meu Santa vai jogar…

Bom, aqui em casa, vamos todos. Samarone também vai. Robson, Marconi, Odilon, Claudemir, Inácio, Esequias, Lukinha, Anízio, Micrurus, Coronel Peçonha, Ivonaldo, Zeca, João Valadares, Chiló, Pedoca, Jr. Black, Flávio, Victor, todos irão.

Campeonato doido, ingrato e cruel

No meio da semana, Samarone me perguntou quem seria nosso próximo adversário. Respondi que era o Globo.

Ele perguntou qual o dia. Respondi que seria na próxima segunda-feira.

Pra finalizar o questionário, Sama quis saber se o jogo era no Arruda.

Sexta-feira, foi Naná. Encontrei com ele no forró de Seu Vital.

O gordinho deixou de beber cerveja e agora só toma aguardente. Pelo que entendi, um tratamento de acupuntura está fazendo ele deixar de ter vontade de tomar cerveja e ativando um ponto que gosta de cachaça. Naná disse a mim e a Chiló: a gente não pode abandonar o Santa Cruz. Tem que tá junto.

Concordamos.

Ele emendou: quando é o próximo jogo? É no Arruda?

Outro dia, a minha filha menor estava se lamentando. “Papai, nunca mais a gente foi pro jogo do Santa. Ele vai jogar quando?”.

É, meus amigos, essa tal sericê é ingrata e cruel com nós torcedores. Praticamente o seu time do coração só joga de oito em oito dias. É tanto tempo de uma partida para outra que a gente até esquece que vai ter o próximo jogo, quando vai ser e com quem iremos jogar.

Eu mesmo, quase todo dia consulto a tabela. Faço isso pra não esquecer dos jogos e para não esquecer que estamos disputando o campeonato brasileiro da terceira divisão. Ocupo meu tempo ocioso, vendo jogos da seribê e sericê.

Assistir aos jogos da segundona do brasileiro me deixa de baixo astral. Cada time ruim danado e a gente fora dessa festa.

Por outro lado, ver as partidas da terceirona me trás esperança que temos condições de avançar. Até agora não vi nada do outro mundo. Nos times que estão na cabeça, não tem nenhum craque. No máximo um bom jogador. O que tem de sobra é muita raça e um feijão com arroz bem feito. Nada além disso.

Hoje, o Remo do velho Giva meteu 3 a 1, de virada,  no Botafogo da Paraíba. O jogo foi em João Pessoa. O Atlético do Acre goleou o Juazeirense, 5 a 0. E o Capibaribe, que muita gente achava que estava morto, venceu o Salgueiro por  3 a 0, no sábado, na Arena.

Nessa segunda, a gente joga contra o Globo. Só pelo nome, esse time merece perder. A depender do resultado, o nosso Santa Cruz pode ir pro G-4, pode ficar em sétimo lugar ou pode se encostar (toc, toc, toc) nos que estão para descer pro inferno.

Só sei que essa tal de Sericê é um campeonato doido da porra! A turma que se ligue, porque só são 18 rodadas e quem não ficar entre os quatro primeiros colocados de cada grupo, em agosto vai entrar de férias e deixará a torcida órfã por seis meses (toc, toc, toc).

Uma tempestade de otimismo e esperança

Acreditem!, quando estacionei o carro, São Pedro mandou uma tonelada de água e quase dei meia volta. Olhei para Alessandra e ensaiei ir embora para casa. Levar chuva na saída, voltar pra casa molhado, imagina se o Santa Cruz faz uma presepada, estes e outros argumentos quase me fizeram desistir de ver a partida. No meio da falação, apelei dizendo que Sofia iria se molhar, e gripe, e virose, e etc e tal.

Nossa filhota foi logo dizendo, “não papai! Não tem problema! Eu boto um saco na cabeça!

Pronto, resolvemos ficar. O carro ficou pertinho da rapaziada da P-10. Pode chover canivete que os caras não perdem o pique.

Entrei no posto de gasolina para sacar dinheiro e comprar brebotes para Sofia. Avistei Sérgio Travassos. O bicho tá é gordo. Ele estava bebendo umas cervas com um amigo. Trocamos umas palavras, sintonizamos o otimismo e na saída eu disse: anota aí, vai ser 3 a 0 pra gente!

Minha filhota corrigiu logo: três não, vai ser de quatro!

Saí da loja de conveniências e dei de cara com Marcel. Fazia tempo que não via aquele cabra. Satisfação danada ter encontrado ele. Gente boa é ali. Batemos um papo rápido. Marcel já tava bem calibrado de cerveja e animado feito pinto no lixo. Repeti a frase que eu havia falado para Sérgio Travassos, “anota aí, vai ser 3 a 0 pra gente!”. A pequena rebateu: “papai, vai ser 4. Qua-tro a ze-ro”. Alessandra me puxou. Saímos driblando as poças e avexados. A chuva tava engrossando.

Na entrada do clube vejo Julio Vila Nova. Uma moça estava tentando fazer a cabeça dele para conseguir ajuda para o Projeto Camisa 12. Ela, vestida com uma blusa preta, uma calça preta modulando a parte inferior, cabelos longos, toda formosa. Ele, de bermuda, uma camisa do Cordas e Retalhos, um copo de cerveja na mão e uma cara de lobo mau. Me lembrei do filme A bela e a Fera.

Bem perto, estava Samarone. Pra variar, já tava daquele jeito. Hoje, ele me perguntou ao telefone se eu tinha ido ao jogo.

Corri para comprar o ingresso.

Numa noite fria e chuvosa, todos transpiravam fé na vitória.

A cada encontro, em cada rosto, um clima de otimismo e alegria acenava pra gente.

Comprei os bilhetes. De longe ouvi um grito de guerra vindo de Abílio. Apressamos o passo. No caminho para as cadeiras encontro Tiburtius.  Trocamos um abraço. Era outro que compartilhava sorrisos. Parecia ter a certeza dos três pontos.

Subimos. Fomos para as cadeiras brancas. Quase sempre, quando vou para as cadeiras cativas, fico nas brancas. É onde encontro Vavá e cia. Ontem, ele tava com a filha Patrícia, o neto Diogo e o genro Guilherme. Guila é um dos maiores pé quentes que conheço. Não lembro ter perdido um jogo ao lado dele. Pertinho deles, exatamente atrás, estavam Inácio e Pedro França. Quando vi a turma ali, pensei “caramba, hoje é vitória certa” e fiquei junto deles. Ganhamos. Não foi 3 a 0, nem os 4 de Sofia. Mas foi lindo. Na raça, como nós, os tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, gostamos!

Há quem não acredite muito nessas coisa. Eu muitas vezes sou bem descrente. Mas essa história de pensamento positivo e otimismo coletivo, parece que funciona no futebol. Ontem vi isso de perto. No meio dos quase quatro mil torcedores que foram ontem ao Arruda, encontrei alguns bons amigos da velha guarda do Blog do Santinha. Todos estavam molhados de otimismo e esperança.