Após um período tenebroso de erros, muita arrogância, lambanças e burrices crônicas, finalmente o ProSanta lavrou. Como sempre repito, política é a arte do possível. Não dá para engolir eleições indiretas nem com a porra. Mas a vida segue e temos que pensar sempre, e antes de tudo, no bem maior, o Santa Cruz.
A retirada estratégica das chapas que competiriam com ALN pode ter duas explicações: 1. Aquela foto que viralizou nas redes sociais com Tininho na cabeceira da mesa e os grandões do Santinha em encontro para firmar a vitória de ALN pode ter como causa a compreensão, enfim, de que é preciso unir forças, deixar a vaidade um pouco de lado, arregaçar as mangas e trabalhar para erguer o Mais Querido com muito trabalho e foco. 2. Tudo isso já estava esquematizado desde a viagem de Joaquim Bezerra para o exterior e nada passou de um jogo de cartas marcadas. Tudo foi encenação e ALN já havia sido aclamado como futuro presidente desde sempre, visando a SAF.
Seja como for – e isso mesmo a despeito de nossa indignação com um pleito eleitoral que não teve participação dos sócios (na verdade, nem teve) – é preciso reconhecer que novos ares sopram no Arruda sem a presença nefasta do ProSanta e sua galera.
No Twitter, a despeito dos idiotas esféricos (para usar uma expressão de Esequias Pierre), há um clima ambíguo: muita gente está apoiando ALN como o salvador da pátria e clamando pela SAF como o melhor dos mundos e, por outro lado, há uma tropa de elite indignada com ALN e as eleições indiretas.
O caso ALN é, em si, também ambíguo no Santa Cruz. Fato que ele conseguiu tirar o Santinha da famigerada Série D. Mas também é fato que autocracia atrapalha e muito a gestão de um clube que nasceu e é do povo.
Por falar em Série D, é preciso lembrar que saímos da D para a A sem SAF. É preciso lembrar do time fuderoso da A com Grafite, Keno e João Paulo sem SAF. O que nos fudeu naquele ano? Salários atrasados. Grafite, inclusive, teve que doar cestas básicas para o pessoal que trabalhava no apoio ao clube. Culpa de quem? Da porra da má administração. Ora, se o time sai da D para A na velocidade de um meteoro, que porra ocorreu para ele não se sustentar lá? E isso sem esse papo de SAF (lembrando que SAF paga apenas 20% das dívidas do clube).
No mundo real e possível, o clima interno de quem vai trabalhar com ALN parece ser dos melhores. Até parece que estamos na A e ganhando todas. Eu, de minha parte, torço sempre pelo bem do Santa Cruz, mesmo que esteja com os dois pés atrás – gato escaldado tem medo de água fria, camarada.
E ontem, com o fantasma dos salários atrasados e a esperança de mudanças positivas no Arruda, fomos na garra enfrentar o Capibaribe no Clássico das Emoções. Meu amigo Pietro Wagner chegou aqui em casa às 19 horas. Começamos tomando umas enquanto aguardávamos o jogo. Pietro me disse, em tom cerimonioso, assim que a peleja começou: “Tem momentos que a respiração para no jogo”. E clássico é foda mesmo. Haja coração!
Assim como o jogo contra o Do Recife, o Santinha foi time de um tempo só. Mandou no primeiro tempo. Matheusinho, com aquela bola na trave, fez com que nossa respiração parasse e o coração quase saiu pela boca.
Logo no início do segundo tempo fizemos um gol com Mr. Anderson da Matrix. Parecia que iríamos ganhar facilmente. Uma porra. O time morreu em campo. O Capibaribe foi esperto e fez mudanças rápidas enquanto monsieur Leston ficou comendo mosca. Era visível o cansaço do time e a falta de qualidade na marcação, nos passes e no posicionamento.
O Capibaribe mudou o jogo e começou a mandar na partida. O empate surgiu e até que foi um bom resultado, pois com a ruindade que vimos no nosso elenco, a falta de substituições e mudança tática, era quase provável levarmos uma lapada. Vamos para as quartas de final do pernambucano contra o Caruaru City (espero que o Arruda seja liberado, porra!) e garantimos o calendário de 2023. Ufa! Segue o jogo.
Eu e Pietro finalizamos a noite escutando Smetana, Borodin e Orff , tomando todas e conversando sobre Dostoiévski.Viagem pura. Santa Cruz é isso mesmo: muita emoção, amizade, tradição e história, muita história.
Salve meu Santinha!
Deplorável o segundo tempo.
O clássico foi tão ruim, que não tive inspiração para mandar o texto para o colega tricolor. Quanto ao jogo, Leston demorou muito a colocar sangue novo em campo (mesmo com limitação técnica). A zaga continua entregando o ouro (puta que pariu)! Fui dormir puto, poderíamos ter saído com a vitória magra.