Parabéns, Portão 10! Valeu, Movimento Popular Coral!

Quando a torcida do Corinthians levantou faixas contra a Rede Globo, a CBF e a Federação Paulista de Futebol, confesso que me entusiasmei.

Mesmo sabendo que por trás daquela atitude da torcida paulista, poderia haver outras finalidades além da critica, me animei e comentei com alguns amigos, que independente das intenções corintianas, o bom era que aquela atitude ecoasse nas outras torcidas.

Ontem, para minha surpresa, a turma da Portão 10 e do Movimento Popular Coral mostraram atitude e foram à luta.

Por alguns minutos, conseguiram estender três faixas na arquibancada inferior.

“Globo vigarista”.

“E o torcedor é o bandido?”

“CBF + FPF = Crime Organizado”.

Pode ser que alguém até ache exagerado o que está escrito. Quem pensa assim, precisa saber mais sobre sentido figurado. E mais, do ponto de vista simbólico as faixa tem um valor imensurável.

Há tempos sabemos que estas entidades são as principais responsáveis por todo esse abismo que existe no futebol brasileiro, onde alguns clubes nadam no dinheiro e outros fazem verdadeiros milagres para conseguir sobreviver.

A Rede Globo insiste em reduzir nosso a futebol a poucos protagonistas. Por sua vez, CBF e as Federações não se mexem contra isso. Até parece que comunga da mesma ideia.

Não canso de parabenizar a rapaziada pela atitude de ontem. Até já avisei a alguns deles que se precisar de ajuda para confeccionar outras faixas, panfletos, etc, pode contar comigo.

Mas duas coisas me chamaram a atenção com relação a essa história. A primeira foi a pouca repercussão que a mídia deu. Dei uma navegada nos principais portais locais e não vi nada. Não sei se os programas esportivos da rádio deram alguma ênfase. Acredito que não.

Outro fato interessante foi ver alguns torcedores perto de onde eu estava, acharem que o protesto tinha a ver com esse momento que o país está passando. Santa ignorância.

Mas enfim, o bom mesmo foi ouvir a torcida ecoar pelo estádio: “oh Rede Globo, vá se fuder, o Santa Cruz não precisa de você!”.

Foi lindo!

Parabéns Portão 10. Parabéns Movimento Popular Coral. Ontem, nós que fazemos o Blog do Santinha nos sentimos representados por vocês.

Sobre o jogo, faço minhas as palavras do meu pai. “O Santa Cruz melhorou um pouco, mas ainda precisa melhorar muito”.

ps: a foto é do nosso amigo Rodrigo Baltar.

O que fazer?

Por um momento, no inicio desta noite de domingo, achei que Alírio tinha me nomeado para o cargo de ouvidor do Santa Cruz.

Foi o juiz acabar a partida e começou a chover mensagens no meu zap-zap. De tudo um pouco: diretoria incompetente. Treinador limitado. Jogador fraco. Essas coisas.

Depois, assim que cheguei em casa, o meu celular toca. Era Jathyles. Cabra de primeira qualidade. Quando ele não está pelo mundo iluminando algum palco, Jathyles está sempre nos jogos do Santa.

Desabafou, fez comentários, botou pra fora a angústia, falou que teria feito o mesmo que a diretoria fez, ou seja, teria renovado com a maioria e com o treinador. Fez umas sugestões e ao final me perguntou o que eu acho que deveríamos(assim mesmo, na terceira pessoa do plural) fazer.

Logo em seguida, Samarone telefona para o convencional. Diretamente de Fortaleza, o poeta me pergunta o que aconteceu. Faço um rápido relato da partida. Ele faz uns comentários e repete a pergunta que o outro amigo havia feito. “Tu acha que a gente devia fazer o que?”

Meus nobres, só sei que começamos o ano com a diretoria fazendo o que qualquer cidadão tricolor santacruzense das bandas do Arruda, com raríssimas exceções, teria feito. Renovar com a maioria do time que terminou o ano passado como vice-campeão brasileiro da série B e manter o técnico.

Alguns podem até discordar e argumentar que o certo era logo trazer jogadores para Série A. Mas sem ainda ter a certeza de quanto teria para gastar em 2016 e com alguns débitos de 2015, seria uma tremenda irresponsabilidade terem metido os pés pelas mãos e saírem contratando sem saber se poderiam pagar.

Por falar em pagar, estamos pagando em dia. Ou seja, tudo o que qualquer cronista esportivo ou qualquer torcedor de futebol defende foi feito. Base e treinador mantidos e os salários em dia.

O fato é que o time mais parece um “pega na rua”. Parece um time de pelada que nunca jogou junto. E nem falo somente do jogo de hoje. Pois, fomos um time de pelada contra o Juazeirense, contra o Central, contra a Barbie, etc. Só para ressaltar, no estadual estamos brigando pela quarta vaga no quadrangular final e na Copa do Nordeste, estamos lutando para ser um dos 03 melhores segundo lugar, para só assim, podermos passar para próxima fase.

Quem imaginaria que nosso inicio de temporada seria assim?

Pois bem, deixei Samarone e Jathyles sem resposta. Confesso que não sei o que deve ser feito.

Amanhã, quando eu encontrar algum amigo que torce pelo Santa Cruz, vou repassar a pergunta e ver se dão uma luz. Só espero que não me venham repetir a mesma ladainha de sempre: que contrataram errado, que não deviam ter renovado com fulano, que não deveriam ter feito isso ou aquilo.

Não me interessa. Minha pergunta é: o que devemos fazer?

Um Extraterrestre no Arruda

A nave pousou bem pertinho da sede dos Irresponsáveis. Ninguém percebeu, pois ela tem um recurso que a torna invisível para nós humanos.

O ET saiu caminhando tranquilamente. Uma vez que poucos conseguem vê-lo, devido a um mecanismo que ele usa para deixá-lo transparente, ET não foi importunado por ninguém. Somente um coroa de bermuda jeans e vestido com nosso manto sagrado, conseguiu enxergá-lo. Passou por ele e disse: “bora, doido”.

O ser de cor verde, balançou seu cabeção e levantou um dos seus três dedos fazendo um legal para o coroa. Depois, seguiu andando em direção ao Arruda.

O jogo começou e ET ficou num cantinho observando tudo e todos.

O primeiro tempo nem havia acabado e ele fez sua primeira anotação: “Essa torcida é muito agoniada e não está apoiando o time”. Codificou a mensagem e enviou para a CPCTSC (Central de Pesquisa sobre o Comportamento dos Torcedores do Santa Cruz).

Sobre o time, por volta dos 40 minutos da primeira etapa, ET anotou, codificou e mandou a seguinte mensagem: “é um time em formação. Os atletas, que devem ser recém contratados, ainda estão se entrosando e se adaptando ao esquema tático. Alguns tropeçam na bola, perdem jogadas infantis, dão passes errados. Com certeza estão totalmente fora de ritmo e de forma”.

Quando o juiz encerrou os primeiros 45 minutos, o ET não entendeu a irritação e as vaias da torcida mais apaixonada do Brasil. Não compreendeu a impaciência vinda do cimento, das cadeiras, dos camarotes e dos assentos das sociais. Perto dele, um jovem de óculos, cabelos pixaim, babava de raiva e cuspia os mais diversos palavrões. Um garotinho vaiava incansavelmente. Uma baixinha da bundona e de voz fina esculhambava o treinador. O Extraterrestre pensou em pedir calma, mas deixou para lá. Aproveitou o intervalo e foi ao banheiro mijar um líquido azulado e com cheiro de naftalina.

Começa o segundo tempo. “A torcida está um pouco mais tranquila. A equipe veio para o segundo tempo com uma alteração. Um jogador de camisa 18, mais baixo do que eu, entrou no lugar de um magro que estava muito mal”. Ele enviou para o CPCTSC.

A etapa final é pior do que a primeira. O ET boceja e fica admirado com o horrível futebol que o Santa Cruz joga. Quando o juiz encerra o jogo, a irritação, a raiva, a frustração, a ira tomam conta até do mais otimista dos torcedores tricolores corais das bandas do Arruda.

ET observa tudo e envia: “torcida exigente. Sem paciência. Vaiando todo o time. Torcida negando apoio”.

Foi quando o coroa que estava vestido com o manto sagrado e bermuda jeans avista o ET.

“Ei doido, tás por aí? Visse que time ruim do caralho?”

ET balançou a cabeça.

“Como é que um time que jogou junto o ano passado, subiu pra Série A, encarou Bahia e Botafogo lá dentro, foi vice-campeão, não consegue trocar um passe dentro de campo. Time nojento. Vai tomar no cu…” – coroa falou quase tendo um enfarto.

O ET imediatamente mandou uma mensagem para a sua central de pesquisas: “Favor deletar tudo. A torcida tem razão”.

O melhor aniversário da vida dela

Ela veio com a determinação dos craques. Parecia um artilheiro que sabe a hora exata de dar o drible e fazer o gol.

— Papai, preciso falar um negócio contigo!

— Diga, minha filha.

— Tu sabe que meu aniversário tá chegando, né? Então eu queria que você realizasse um sonho meu.

Com essa ginga, ela já deixou o experiente zagueiro meio bambo.

Olhou nos olhos dele e continuou a jogada sem deixá-lo esboçar alguma reação.

— Sabe qual é meu sonho? Eu queria comemorar meu aniversário de nove anos no Santa Cruz. Queria que tu conseguisse que eu e meus amigos jogasse bola no campo.

Com essa, ela desmanchou o zagueirão e ficou de frente pro gol.

Finalizou o lance com um lindo arremate.

— Sabe o que é, papai? É que na minha sala só eu torço pelo Santa Cruz. E aí, eu queria levar meus amigos para conhecer lá. Queria que eles vissem o Santa de perto.

A garota meteu a bola no ângulo. Fez um golaço. Um gol de anjo.

Abri um sorriso e lhe dei um abraço.

— Vou tentar, filha!

Ela me beijou. Os dois olhinhos eram brilho puro.

Saiu para concluir a tarefa de casa e eu fiquei como uma criança que ganha o melhor presente do mundo.

Passei alguns dias pensando e projetando como seria a festa. Troquei umas ideias com a mãe e começamos a desenhar o aniversário. Levaríamos a criançada para conhecer as dependências do clube e ao final faríamos uma pelada de futebol.

A primeira providência foi olhar a tabela pra ver se iria haver jogo. Tivemos sorte. O Santa Cruz jogaria na quarta-feira no Arruda contra o Juazeirense e depois no domingo, contra o Central, em Caruaru.

Como eu sabia que não seria possível jogar no gramado do Arruda, liguei para o campinho society. Pra minha felicidade, tinha horário disponível no sábado pela manhã.

Procurei saber com quem deveria falar no clube sobre o assunto. Me indicaram conversar com o pessoal do marketing. Fui, batemos um papo e o “projeto” ficou pronto. A meninada iria fazer um passeio pelo clube, começando na Sala de Troféus, depois visitaria o estádio, os vestiários e se possível o gramado.

Quando eu disse a ela como a gente estava pensando em fazer e perguntei se tava bom, a menina se desmanchou em lágrimas misturadas com sorriso.

Impomos apenas uma condição: não seria permitido a entrada de ninguém que estivesse vestido com camisa de outro time, a não ser a do Santa Cruz. A única exceção seria para camisa de clubes do exterior ou de alguma Seleção.

Sábado passado, fizemos a festa.

Amigos, primos e colegas da escola. Quase 40 crianças percorreram os caminhos da nossa sede e do nosso estádio. Foram as tribunas de honra, cabine de imprensa, vestiário. Conseguiram tirar fotos com alguns atletas. Ficaram alucinados.

Um deles chegou e disse baixinho:

— Tio, eu sou do Sport. Mas estou adorando isto aqui.

Uma das amiguinhas me perguntou se eu podia levá-la para assistir a um jogo no Arruda. Outra, ao chegar em casa, disse ao pai que ele deveria mudar de time e ser do Santa Cruz.

E a aniversariante, quando terminou os parabéns, me abraçou e disse:

— Papai, eu te amo! Esse foi o melhor aniversário da minha vida.

Caruaru, aí vamos nós!

Serviço de Utilidade Pública

Quem quiser ir a Caruaru e ainda não sabe como ir, seguem abaixo algumas sugestões:

Caravana da Portão 10. A turma é bem animada. Cantam e gritam o tempo todo. Bebem um bocado. A turma do Portão 10 tem um lema que é nunca vaiar o time.

Quem tiver interesse, é preparar o gogó e pagar 25 reias.

Ônibus de David. David é aquele cara que vende coisas do Santa Cruz na entrada da sede. Não sabemos o valor, muito menos a hora que vai sair. Só sabemos que, como sempre faz,  ele está organizando um ônibus para ir ver o Mais Querido jogar contra a Centralina do Agreste.

Kombi Coral. Tudo depende da recuperação de Naná que ainda está entregue ao DM. Caso ele se livre da Chicungunha, a Kombi Coral vai para Caruaru. Se tudo der certo, ela sai por volta das nove horas, do Poço da Panela direto para o Alto do Moura. De lá, para o Lacerdão. Pelo que soubemos, ainda restam duas vagas.  Mas como dissemos no inicio, a Kombi, ou melhor, Naná ainda é dúvida para partida de domingo.

Doublô de Ezequiel. Sai das imediações da Praça do Rosarinho, exatamente às 7 horas da manhã. De acordo com Ezequiel, o roteiro inclui uma parada em Encruzilhada de São João, bode assado e cerveja na feira de Caruaru e, a depender do resultado, comemoração nos arredores do Lacerdão. De acordo com o que nos chegou, quem for na Doublô vai ter direito a água gelada, cerveja, pitu, amendoim e castanha.

São 6 vagas, o preço é R$ 90,00 por pessoa e tem que estar vestido com a camisa do Santa Cruz.

Ônibus Intermunicipal. Uma opção muito boa pra quem não quer se preocupar com bafômetro e nem com horário marcado, é ir de Caruaruense.  A partir das 6h50 da manhã, com intervalos de 1h, saem ônibus do TIP. Quem tiver mais folgado pode ir no executivo. Já quem tiver meio liso, o jeito é ir no ônibus comum, o famoso pinga-pinga. Mas que optar por ir de busão, é bom se ligar na volta, pois o último coletivo sai da Capital do Forró às 20h.

Então, nobres tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, é esquecer as doidices do treinador, a ruindade de alguns atleta, subir a Serra e ir ver o Santa jogar. Quem souber de outras alternativas para irmos para Caruaru, informe aí nos comentários.

Tá lasca!

Na última sexta-feira, fui convidado para bater uma papo com uma turma que está fazendo umas entrevistas e filmagens para um documentário que falará sobre os grandes clássicos mundiais.

Por volta das 15h me mandei para o Arruda. Como fui pego meio de surpresa, esqueci de levar o manto coral e aí, me deram uma camisa da comissão técnica.

Por alguns minutos, em pé ao lado do gramado, me imaginei treinador de futebol. Por alguns instantes me vi no comando do time do Santa Cruz.

Aproveitei minha viagem e dei uns esporros em Daniel Costa: “porra, tu é doente, tás com chicungunha, lombriga, que porra é isso? Tem que dar o sangue, correr…, tem que ter raça, rapaz. Se continuar assim, vou mandar passar gelol no teu ovo, pra ver se tu corre!!!”

Dei uns gritos em Raniel: “Garoto, isso aqui não é pelada! Isso aqui é futebol profissional, caralho!”

Reclamei com Lelê, perguntei se Allan Vieira tinha engolido um cabo de vassoura, botei Vitor para treinar cruzamentos, pensei em novas contratações.

Mas ontem, assistindo ao jogo e depois os comentários do nosso treinador, vi que não tenho o menor cacoete para esta profissão.

Em primeiro lugar, para o sujeito ser técnico de futebol, ele precisa ser cego. O treinador de futebol normalmente enxerga o jogo de uma forma diferente. A torcida vê uma coisa, ele ver outra.

A arrogância é outra prerrogativa para o exercício deste cargo. Técnico de futebol nunca concorda com a opinião da torcida, muito menos com a dos jornalistas. Ele é o dono da verdade e pronto. Pode dar cachorro em trinta, mas ele não admite estar errado.

Todo tem treinador é intransigente. Ele sempre cisma que tal atleta tem que jogar do jeito tal, que fulaninho não encaixa e que sicrano não pode jogar ao lado de beltrano. A coisa é tão séria que tem uns “professores” que insistem tanto em mudar a característica de um atleta, que acabam atrapalhando a carreira futebolística do cara.

É por estas e outras que não levo o menor jeito para ser técnico de futebol.

Gostaria mesmo era de ser cartola.

Não toleraria a frouxidão de certos jogadores, nem a teimosia e cegueira do treinador.

Ontem, por exemplo, se eu fosse cartola do futebol do nosso Santa Cruz, era acabando o jogo e eu chamando todo mundo na grande.

Mas, enfim, nem sou treinador, muito menos cartola.

Então, como diria o mais apaixonado, vamos apoiar, né?!

Quarta-feira tem Copa do Nordeste. Vamos enfrentar um tal de Juazereinse. Um time que foi fundado em 2006 e que tem Tigre no gol, Deca na lateral  e Ebinho no ataque. É jogo pra se impor e golear sem piedade.

Só espero que a massa coral não farrape. Afinal de contas, por causa da televisão, o jogo é num horário bem legal para a torcida ir ao estádio.

A partida começa às 21h45.

A raça estampada no rosto

Essa semana, recebi umas imagens pelo zap. Eram fotos de jogadores do Santa Cruz dando pesada, voadora, pontapé, etc, tudo isto sendo usado como símbolo de raça.

Para mim, nos últimos anos, o que mais representa raça, é a coragem que João Paulo teve, quando enfrentamos o time da Abdias, em abril do ano passado. Mais precisamente no dia 05 de abril.

Vez em quando revejo aquele lance. Já nos últimos minutos da partida, lateral a nosso favor. A bola é lançada na área e nosso meia, sem se importar com a trava da chuteira adversária que vinha em direção ao seu rosto, mete a cabeça na bola e faz o gol

O sangue no rosto, a mancha vermelha na camisa! Aquilo é o que chamo de raça no futebol.

Na preleção de amanhã, aquelas imagens deveriam ser mostradas a todo elenco.

ps: Neste domingo, por voltas das 11h, a gente se despede da lendária Kombi Coral e faremos o batismo da nova Kombi de Naná. No Poço da Panela, é lógico!

Menina pega aqui na Minha Cobra

Muitos não imaginam a trabalheira que dá para botar uma Troça na rua. Principalmente quando essa Troça tem além da orquestra, uma cobra de quase 25 metros.

A turma começa os trabalhos logo após o carnaval. É reunião de avaliação, planejamento para o próximo ano, acerto de contas e outras coisas.

Depois vem a ilustração da camisa, a cotação nas malharias, a procura de apoios e patrocínios, etc e tal.

Camisas prontas, é hora de cair em campo para vendê-las.

Para carregar a Cobra, são 15 pessoas. Quem faz isso é a turma do Poço. São onze no corpo, dois na cabeça e mais dois na coordenação. Os coordenadores são Ninha e Boy. Eles é que cuidam da compra do lanche, da água e ficam no corre-corre coordenando a turma que carrega a Cobra. “Levanta a cabeça, estica mais, segura um pouco, anda, bora, bora….”, é o falatório deles durante o arrastão. Naná é o cara que cuida do transporte de toda essa galera. Esse ano, ao invés de dar algumas viagens na Kombi Coral, ele sugeriu alugar um ônibus. Sugestão que acatamos na hora.

Nessa brincadeirinha, são 15 na cobra, mais uns 30 na orquestra e mais dez nas cordas que protege os músicos.

Tem também, Sebastião. O artista plástico que fez a Cobra. Todo ano é ele quem fica responsável pelos concertos na nossa ofídica.

Sebastião é um andarilho e é desses caras que vivem numa boa, sem pressa e sem se preocupar com o corre-corre da vida. Certa vez, acho que no carnaval de 2014, faltando uns quatro dias para o sábado do Galo, ligo para ele para saber como estavam os serviços. Ele me perguntou porque tanta pressa. O cabra achava que o carnaval só começaria umas duas semanas depois. Este ano, quando telefonamos, ele estava em Petrolina e calmamente nos disse que estaria voltando na semana pré-carnavalesca.

Depois de dar o grau na Cobra, a gente tem o trabalho de levá-la, junto com o estandarte, para Olinda. Na semana pré, a Cobra e o estandarte ficam guardadas numa casa na rua de onde a Troça sai.

E aí, vai chegando a segunda-feira de carnaval. Uma ansiedade toma conta da gente. Um nervosismo bate e ficamos na expectativa que tudo dê certo.

No dia, às seis hora da manhã, começa telefone a tocar. É um acordando o outro. É mensagem pra lá, mensagem pra cá.

Tudo sossega, quando a orquestra toca seus primeiros acordes e a Cobra levanta.

Nessa hora a massa coral solta o grito e se joga no frevo. Nessa hora, a gente relaxa porque não tem mais volta. A Troça Minha Cobra está nas ruas e ladeiras, fazendo de Olinda um pedaço do Santa Cruz.

Ao final, uma saudade da boa e um olhada no calendário para ver a data do carnaval do ano seguinte.

 

Vou brincar meu carnaval

Podem acreditar, mas quase que eu fazia a besteira de ir para o jogo de ontem lá naquele fim de mundo.

Para minha sorte, me lembrei que o mando de campo era da Barbie e que nossa torcida iria ficar pendurada atrás da barra. E lembrei também que havia marcado um papo com Samarone e uma turma boa que colabora com o projeto da Biblioteca Comunitária do Poço da Panela.

“Gerrá, a gente faz a reunião em Seu Vital e depois vai pra casa de Boy pra ver o jogo”.

“Beleza, Sama!”

Estrategicamente, encaminhamos a conversa para terminar às 20h15. Pedi um pão com queijo coalho. E nos mandamos.

Havia algo estranho no ar. Eu, Samarone, Esequias e Robson estávamos com o carburador sem combustível. Naná tinha tomado apenas um cafezinho.

Na casa de Boy e Ninha, nada de cerveja. Nem Lula Pezão estava bebendo.

O primeiro tempo segue dando calo na vista. O Santa Cruz, aquele que subiu para série A parece que ainda está em Chá Grande. O time que tava jogando ali na tela da televisão é outro. Burocrático, displicente, sonolento.

Aos vinte e poucos minutos o primeiro sinal de impaciência. “Esse Daniel Costa é um morto. Chupa sangue do carai”.

Minutos depois, o segundo sinal. “E essa porra desse Raniel, vai deixar de ser promessa quando?”

Boy mostra nervosismo, “ei, vocês não vão beber não?”

E assim o primeiro tempo acabou. O Santa Cruz fazendo raiva.

No intervalo alguém comentou que a morgação da gente tinha contaminado o time. Então, Naná e Lula saíram para tentar resolver o problema.

Voltaram com alguns litrões de cerveja na mão e uma garrafa de cachaça com um caju dentro.

Não teve jeito. O time continuou a mesma desgraça. E, como já era esperado, levou outra lapada da turma dos Aflitos.

Ainda bem que não fui.

E já resolvi, futebol pra mim só depois da quarta-feira de cinzas.

Hoje é o Urso Boa Pinta. Amanhã tem o Paraquedista. Quinta-Feira o Escuta Levino. E sexta a folia começa de verdade.

Eu vou é brincar meu carnaval que é melhor.

Devagar, a gente vai voltando!

Por aqui, ainda estamos na maciota. Samarone parece que continua na mansidão de uma praia no litoral da Paraíba.

Na verdade, o ano só começa mesmo quando a bola rola oficialmente. Antes disto, sem muita pressa, um texto aqui, outro acolá, para ir lubrificando as ideias e destravando os dedos.

Mas amigos, o que não falta nas rodas de bate-papo tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda, são as peruas e os boatos.

É novo fornecedor de camisa, é patrocínio da Caixa, é contratação bombástica, é amistoso com num sei quem, é num sei o que, num sei que lá.

Na noite de ontem, por exemplo, em questões de minutos, recebi um monte de zap-zap. Todos tratando de contratação. Apareceu tudo que era nome de jogador que podia vir pro Santa. Elano, Felipe Azevedo, um tal de Edinaldo, outro de nome Rubram, Pedro Carmona, Cleber Santana e um estrangeiro de nome Marcio Valverde.

Falaram até em Marco Aurélio, aquele que já jogou no time da Abdias. Nessa mensagem o cabra perguntou: “e aí, tás sabendo se é verdade?”

Eu, de maneira sucinta, respondi: “Pqp! VTNC”.

Queria saber de onde sai tanta especulação. Deve existir por aí, alguém bem desocupado que passa o dia inventando essas notícias. Só pode ser.

E o interessante é que tem gente que compartilha essas coisas.

Só sei que fazia tempo que não tínhamos um inicio de temporada, tão tranquilo e tão calmo.

A diretoria conseguiu manter quase todo o time titular. As contratações têm sido feitas sem alardes e com o pé no chão. Teremos praticamente um mês para aprumar a equipe. Melhor do que isso somente a liberação da venda de bebida alcoólica nos nossos estádios.

Ontem a Lei que autoriza a volta da nossa bendita cerveja foi assinada.

Não vejo a hora de poder estar no cimento do Arruda e ouvir do gasoseiro: “Cerveja!?”

E de brindar mais uma vitória com um belo copão de Itaipava.

Vou ficando por aqui. Aliás, vou ali abrir uma latinha. Que 2016 seja tão bom ou melhor do que 2015.