É melhor a gente ir pra folia

Todo ano é assim, durante essa época de carnaval, eu deixo o Santa Cruz um pouco de lado. Por falta tempo para acompanhar o Tricolor do Arruda e  pra evitar maiores aperreios. Mas com essa história de rede social, por mais que o cabra não queira, a noticia chega aos seus olhos e aos seus ouvidos.

Ontem, eu havia dito que iria ver o jogo com Robson e Esequias, mas farrapei. Também pudera, no Poço da Panela tinha varal dos Barba, batuque da alfaia (aquilo que a turma chama de maracatu) e a resenha da festa do próximo sábado.

Cheguei em casa depois da meia-noite.  O celular já estava cansado de tanto tremer e eu não olhar para ele. Meus amigos, quando fui checar o zap, tinha mais de 200 mensagens nos grupos corais. Li algumas, comentei pouco e vi que Zeca estava on-line. Perguntei se ele tinha visto o jogo. Na ultima vez que encontrei com Zeca, no jogo contra o Vitória das Tabacas, ele estava bem animado.

Mas desta vez, o filósofo coral tava meio pra baixo. Foi bem sutil e respondeu minha mensagem com três frases curtinhas:  Vi. Triste. Tamo fudido.

Putz! O negócio deve ter sido feito! – eu pensei.

Hoje de manhã fui ver os melhores momentos da partida. Meus amigos, é de fazer vergonha e morgar o mais animado dos foliões. Os dois gols que levamos, fosse na pelada que jogo toda quarta-feira, seria motivo de chacota e confusão.

É preciso muita fé para acreditar que esse time vai melhorar. Dar liga, como diz alguns.

Esse gordão que contrataram para ser o guarda-metas, o Gordochowsk, é daqueles que pega as indefensáveis, faz defesas incríveis e de repente, leva um gol ridículo.  Goleiro bom não pode levar gol besta. Não se trata de ciências contábeis, nem de conta bancária, muito menos de crédito.

O treinador parece mais perdido do que cachorro que caiu do caminhão de mudança. O sujeito tem cara de gente boa, mas futebol nem sempre é para os bonzinhos. Tem certas competições que pede futebol feio, pé no bucho e mão na cara.

O que deixa muita gente encucada é essa história de trazermos treinadores rebaixados ou derrotados. Foi assim com Doriva, foi Givanildo e agora com esse tal de Jr Rocha. Eliminamos Doriva em plena Fonte Nova, depois ele apareceu por aqui para nos livrar do rebaixamento na Seriá. Givanildo tomou um chocolate nosso lá no Ceará, foi demitido e depois virou treinador nas bandas do Arruda. Já o técnico atual levou seu último clube, a Luverdense, da Seribê para Sericê. Outro fato que também irrita é que de um tempo para cá, viramos depósito de refugo do Capibaribe. Julio César, Elicarlos, João Ananias…!

Só sei que ontem, deixamos de ganhar um dinheirinho que daria para pagar uma folha salarial do futebol. Pra quem está liso e devendo a todo mundo, isso é um prejuízo dos grandes.

Bom, o melhor a se fazer agora é ver a programação carnavalesca e curtir o período da folia. Quem quiser que esquente a cabeça.

Só não sei se o professor Junior Rocha vai conseguir ficar para brincar na Minha Cobra. Dizem que ele não chega na semana pré.

Já o Gordochowsky, bem que podia abandonar o nosso Santa Cruz, botar uma fantasia de Rei Momo e ir desfilar no Galo da Madrugada.

 

Vou brincar meu carnaval

Eu já estava na sétima ou oitava rainiqué! Já havíamos devorado um bocado de picanha, cupim e toscanas.

Aí, me sobrinho grita: vai começar o jogo!

Eu reúno a pirralhada e prometo: se o Santa Cruz ganhar todo mundo vai pra sorveteria hoje.

Sentamos todos e fizemos aquela corrente pra frente.

Minha filha maior diz: eu não conheço ninguém desse time. Oxi!

A bola rola. A formação é bem diferente do jogo contra o Vitória das Tabacas. Bujão de Gás foi sacado do gol, Vitor não está na lateral direita, o bom voltante Jorginho ficou de fora.

Ainda não tinha acabado os primeiros 45 minutos e Augusto se machucou. O famoso problema muscular que sempre acontece no começo do ano. Entra o tal do Robinho Mota. Pelo futebol que joga, tenho certeza que esse rapaz não fez teste vocacional no colégio. Dizem que ele é novo. Se for, é melhor tentar a vida em outra profissão. Mas é o aposta barata…

O jogo segue, o futebol é sofrível. Alguém pondera que é início de temporada e é assim  mesmo: desentrosamento, falta de preparo físico, jogadores ainda para estrear.

De repente reparo que João Ananias está em campo. Não sei se esse rapaz é afilhado de algum cartola coral, pra quem não sabe ele começou a carreira no Santa Cruz,  ou caiu nas graças do treinador. Até hoje não entendi sua contratação, muito menos a sua permanência no elenco. Mas é começo de temporada, tudo bem! Espero que daqui para Série C ele seja dispensado ou apareça algum clube que leve ele para puta-que-pariu.

Fim do primeiro tempo.

Reinicio da partida. O garoto que está jogando na lateral-direita faz uma falta por trás e é expulso.

Minha esposa pergunta: quem é esse idiota?

– É Ítalo. É da base. Temos que ter paciência. Lembra de Rivaldo? – eu disse.

Levanto e vou tirar a água do joelho. Aproveito e pego umas raininqué.

O futebol é de dar calo na vista.

Minha sobrinha diz: vou pra piscina.

Eu faço o alerta: ei, se quiser tomar sorvete mais tarde, tem que torcer pelo Santa.

A garota responde: eu vou ficar torcendo lá da piscina, mesmo.

Numa arrancada coletiva, a meninada se mandou e foi brincar dentro d’água.

E nós ficamos enchendo a cara de cerveja para aguentar esse tormento de começo de temporada. Nossa equipe ainda é um bando que está se organizando. Nesse primeiro semestre, é torcer para não fazer vergonha na Copa do Nordeste e para não ficar de fora dela no próximo ano. É torcer também para avançar algumas fases na Copa do Brasil e para não ficar fora dela em 2019.

E torcer fervorosamente para diretoria não se afobar e sair contratando na doidice, nem aumentar nosso principal problema: o passivo do clube.

De resto, vou é curtir as férias e brincar meu carnaval. Depois da folia, volto a acompanhar o Santa Cruz de perto.

E a esperança se renova

Entramos em 2018. Novo presidente e nova diretoria. No futebol, depois da desgraça que foi 2017, trouxeram um executivo remunerado e botaram gente nova no comando dos bastidores futebolísticos do Santa Cruz. Tomara que façam melhor do que o ano passado. Espeto também que paguem em dia e que não fiquem prometendo o que não podem dar.

O time, aos poucos, vai sendo refeito. Por enquanto é o Desconhecido Futebol Clube. Das caras novas, vi alguns vídeos no youtube. Em um deles, um dos atletas contratados passa o tempo todo discursando sobre sua carreira. Em outro, repetem umas seis vezes a mesma cena de um gol feito pelo ator principal.

Na internet, meus amigos, até eu sou jogador de futebol.

Na verdade eu queria ter tempo para ir ver os treinos. Ano passado fui para o Olindão. Eu, Esequias, Alexandre (Micrurus) e Samarone. Naquele jogo, de cara já vimos que Primão não jogava porra nenhuma e que aquele zagueiro Jayme era apenas um grandalhão destrambelhado. Pela carreira e pela batida na pelota, já dá para perceber se o sujeito joga bola ou não.

Queria conferir de perto o que estão fazendo lá em Aldeia, para ver quem presta e quem não presta. Estou aguardando o primeiro jogo treino, para levar minha corneta e fazer minhas anotações. Espero que tenham acertado na maioria das contratações. Faz tempo que não vemos um lateral que saiba cruzar, um meia que saiba armar e uma defesa que saiba defender.

Soube que contrataram um diretor de marketing. Espero que o cabra tenha a noção que o Santa Cruz é o clube do povo.  A boa novidade é que finalmente botaram o antigo programa de sócios para correr. Tomara que venham algo que funcione e que contemple a massa coral. Depois de tantas decepções, estou no aguardo de ver este novo programa de sócios funcionar. Por enquanto criei para mim a categoria de sócio-timemania. O valor da mensalidade que eu pago ao Clube, vou destinar a jogar na timemania. Fiz isto no final do ano e me dei bem. Ganhei seis reais. Mas o importante mesmo foi ter ajudado ao Santa Cruz ficar entre os 20 primeiros da Timemania.

Por falar em Timemania, foi simplesmente do caralho, o engajamento de toda a torcida e o trabalho feito por todos.  Quem quiser que duvide do povão tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda. Basta saber convocar, que a turma chega junto.

Pelo visto, se o time suar a camisa, mostrar compromisso e a diretoria se abraçar com a torcida, a gente bota o Santa Cruz de novo no lugar que ele deve estar.

Que chegue logo o dia 18 de janeiro, porque a saudade do Arruda é grande. Triiii!

O dia em que fizemos história

Quando o resultado foi sacramentado, o zum-zum-zum tomou conta das redes sociais. Recebi a notícia pelo zap. Mesmo sem saber a veracidade da mensagem, confesso que fiquei feliz. Eu sempre tive um pé na oposição, talvez isto tenha sido a química principal da minha alegria.

Em poucos minutos, vídeos, fotos, mensagens, memes chegavam de todos os lados. As redes de comunicação corais estavam lotadas.

Fomos para Sede. Todos queria ver a novidade de perto e festejar. Um pequeno congestionamento se formou na Avenida Beberibe. Apareceram os vendedores de cerveja e água mineral. O cheiro do cachorro quente e a fumaça do espetinho foram tomando conta do ar.

Quando dobrei a esquina, um rapaz me ofereceu uma camisa com a seguinte frase: “Agora a gente chega”. A camisa era branca, a frase impressa em preto e abaixo dela dois traços vermelhos. “Tenho boné, também”, ele disse. Fiquei impressionado com a rapidez que esse povo tem para fabricar as coisas.

Entre cervejas, fofocas e encontros, surgiram centenas de especulações sobre o novo mandatário.

Entre um gole e outro, lembrei que no estatuto do clube está escrito que o Conselho Deliberativo é quem elege o presidente e o vice. Coloque isto numa roda de conversa e me veio uma ideia. Comentei com alguns que estavam por perto.

Uns acharam graça, outros me chamaram de doido. Poucos sacaram a parada.

Bebi mais algumas e me mandei. Cheguei em casa quase uma hora da manhã. Ainda deu tempo de compartilhar minha ideia com alguns amigos.

O fato é que tudo se tornou realidade. O clube das multidões viveu um momento que entrou para história.

No Estatuto, o Artigo 44 diz que o Conselho Deliberativo vai ser reunir ordinariamente, até o quinto dia útil após a sua eleição, para eleger e dar posse ao Presidente e Vice-Presidente do Executivo, por maioria simples dos votos presentes.

Então, naquele dia os Conselheiros eleitos fizeram algo que ninguém havia atinado antes. Eles se ligaram que podiam eleger qualquer um dos candidatos. O Senhor Beltrão pediu a palavra, invocou o tal Art. 44, disse umas coisas e argumentou:

– Ora, se nós defendemos que este Conselho seja um órgão de discussão, debates, fiscalização e dialético, nada mais justo do que elegermos o candidato da outra chapa. Com isso, acabamos com essa história do Presidente do Executivo ter a maioria no Conselho.

Aquelas palavras entraram na cabeça dos demais. Alguns as expeliram. Outros a sugaram rapidamente. Em poucos segundos, imagens psicodélicas de um novo clube surgiram naquelas mentes.

De pronto, as redes sociais foram invadidas pela inusitada ideia e pelas imagens de Senhor Beltrão defendendo seu argumento.

Outras falas vieram. O debate seguiu. Surgiram contra-argumentos. Um benemérito ficou nervoso. Houveram insultos e ameaças.

A imprensa começou a tuitar sobre a inusitada proposta. Fizeram transmissões ao vivo.

“Caralho, dessa vez a gente muda”, Cara de Prego pensou. “Vou pra Sede”, ele disse.

Vários torcedores, movimentos, coletivos, grupos foram chegando ao clube. Em pouco tempo, do lado de fora, umas duzentas pessoas esperavam o desfecho de tudo aquilo.

Lá dentro, a velha guarda tentava desfazer aquela onda que tomava conta do Conselho. Quiseram cancelar a reunião, mas não conseguiram. Ao final, por apenas dois votos de diferença, a ideia se tornou realidade. Pela primeira vez na história, o Conselho Deliberativo elegeu para presidência um candidato da outra chapa.

Meus amigos, o rebuliço foi grande. Os portões foram abertos a força. A pequena multidão invadiu a sede. Um senhor de cabelos brancos, pertencente à velha guarda, passou mal e desmaiou. Cara de Prego deu uma carreira no diretor de futebol. Miraneide e suas amigas se apossaram de uma sala perto da piscina e riscaram na porta: “Departamento de Setor Feminino”. Zé, Glaycenete e Sairé chamaram o cara que estava vendendo espetinho e cerveja e saíram correndo gritando: “vamos reabrir a Colosso. Vamos reabrir”, e se mandaram para o local da antiga churrascaria. A piscina ficou quarada de gente. Uns mais exaltados tomando banho nu, transformando nosso Parque Aquático numa praia de nudismo.

Uma turma procurava Catatau. Outra queria a chave da patrimonial. Abriram a sala da presidência e um casal fez uma performance em cima do birô. No salão de festa, não sei como, surgiu uma caixa de som, dessas que pega pen drive e bluetooth e a música embalou a galera. Reggae, samba, brega e tudo mais!

A sala de troféus foi aberta. A galera pegou algumas taças para dar uma volta olímpica imaginária.

De fato, a esperança realmente estava de volta.

Quando saí, encontrei aquele rapaz que vendia camisas com a frase: “Agora a gente chega”.

Comprei uma e vesti na hora.

Eleições 2017 – Entrevista com Thomaz Pereira

Thomaz de Aquino Pereira Barbosa é o candidato a Presidente do Conselho Deliberativo na Chapa “Muda Santa Cruz”. Thomaz é pernambucano, tem 44 anos,  empresário formado em Administração de Empresas pela UNICAP. Tem cursos de gestão, Conselheiro do SCFC , ex-diretor de Base do Santa Cruz e apaixonado pelo Clube.

Blog do Santinha: Na sua opinião o conselho deve ser um órgão de arrecadação ou de deliberação e fiscalização?

Thomaz Pereira: Deve ser pela ordem: deliberação como o próprio nome diz, fiscalização e também arrecadação.
Desde sempre o conselho no Santa Cruz tem servido apenas para arrecadar e aprovar todas as ações do Presidente anterior. No nosso estatuto rege que o maior e mais importante poder dentro do clube é o Deliberativo.Na prática, infelizmente não acontece isso. O executivo atropela os outros dois. Temos no nosso projeto a atualização e modernização do estatuto.

Blog do Santinha:  No Santa Cruz há uma prática do Presidente do Executivo acabar seu mandato e  ser candidato a Presidência do Conselho Deliberativo no mandado seguinte. O senhor acha isso correto, uma vez que as contas do clube só são julgadas no exercício seguinte? Para ficar mais claro a questão: o senhor acha correto o ex-presidente do clube julgar suas próprias contas?

Thomaz Pereira: Obviamente que não. Acaba chancelando o erro e coibindo a fiscalização. Temos que introduzir o conceito de Governança e melhores práticas administrativas.

Blog do Santinha: Grande parte da torcida coral aponta o estatuto do clube como uma das fontes de tantos erros de gestão, pois afirmam que o mesmo é anacrônico e não é capaz de permitir a modernização do Santa Cruz. Como o  senhor vê o estatuto atual? É possível, politicamente, existir um acordo para torná-lo mais adequado às demandas de nosso tempo?

Thomaz Pereira: Verdade. O nosso atual estatuto está desatualizado e com alguns vícios de autoritarismo. Na prática tem pouco foco em questões muito importantes do clube e por vezes não é claro. Acredito que sua reforma teria que existir em um ambiente de mudança. Novos nomes, conceitos e objetivos.Não acredito que a situação faça isso, tiveram várias oportunidades e não obtiveram sucesso. Como conselheiro cobrei por demais estas melhoras.

Blog do Santinha: É comum ouvirmos criticas ao modelo político do Santa Cruz. No clube, o Conselho Deliberativo é todo composto por pessoas indicadas pelo Presidente do Executivo. O senhor acha salutar este tipo de modelo político?

Thomaz Pereira: Não. Inclusive o conselho é misógino e excludente sob ponto de vista financeiro. Explico:como apenas podem participar sócios de categorias mais caras, acaba elitizando o que não deveria. Cria um apêndice do executivo apenas como órgão arrecadador. Defendo a maior participação de mulheres e de pessoas de oposição, abrindo a opção inclusive de um percentual para pessoas inscritas em chapas de oposição.

Blog do Santinha: O Conselho Deliberativo do Santa Cruz pode ter até 500 conselheiros. A mensalidade custa 150 reais. Há um destino especifico para esta arrecadação? Na sua opinião qual seria a melhor forma de se prestar contas da arrecadação do Deliberativo?

Thomaz Pereira: Existe uma divisão deste recebimento. Não fica muito claro . Existe um destino informado pelo clube sim. Não acho o mais correto e viável.Outro ponto seria o pagamento deste valor apenas pra quem se dispor para tal. Estas prestações deveriam  ser mensais e colocadas em uma rede intranet onde apenas o conselheiro teria acesso.

Blog do Santinha: Ainda sobre os membros do Conselho, de acordo com o estatuto temos os conselheiros efetivos e os suplentes. Qual o critério para um suplente assumir a titularidade? Por exemplo, se um titular morrer, qual o suplente que o substitui?

Thomaz Pereira: O suplentes foram criados mais para acomodar pessoas ligadas aos mandatários . Não existe um critério predefinido. Não fica claro no estatuto. Devemos criar critérios como: tempo de conselho, idade, assiduidade, propostas analisadas e ou aceitas pelo conselho. Ou seja: efetividade.

Blog do Santinha: Na esfera da política interna do clube, como o senhor pensa uma gestão eficaz que seja capaz de sanar os problemas históricos do santa Cruz como dívidas trabalhistas, salários sempre atrasados, falta de grande investidores, etc?

Thomaz Pereira: Primeiro passo: uma Auditoria. O clube precisa conhecer efetivamente seus números.
Segundo: Departamentalizar o clube.
Terceiro: viabilidade econômico /financeira de áreas e ou departamentos.
Quarto: terceirização de alguns serviços tais como; segurança, limpeza e administrativo (ter estagiários).
Quinto: Fazer uma reengenharia administrativa / financeira separando ativos bons (blindagem) de débitos e obrigações a pagar.
Sexta: criação de duas SPE’S (Sociedade de Propósito Específico). Santa Cruz Participações e Santa Cruz Novos Negócios.
Sétima: securitização de débitos e posterior planejamento de efetivo pagamento. Tentar mudar o perfil de endividamento do clube.
Oitava: criar grupos de trabalho exclusivo por áreas para focar em um levantamento preliminar com resultado em 90 dias. Teríamos uma radiografia do clube neste prazo emergencial. Reavaliando e suspendendo todos os contratos e pagamentos. 

Blog do Santinha: No que se refere ao Conselho Deliberativo, caso o senhor seja eleito, como pretende atuar e quais os seus compromissos como Presidente do Conselho Deliberativo nos próximos 3 anos?

Thomaz Pereira: Se os sócios assim entenderem e me derem esta missão que muito me orgulharia, pretendo atuar em algumas áreas especificas do clube de forma transparente e com um bom e qualificado grupo de pessoas, independente de corrente política clubista. Reformar o estatuto como condição emergencial para que possam ser feitas as mudanças estruturais que o clube posterga tanto. Ou mudamos o modo de fazer as coisas ou mudamos as pessoas que fazem errado. Assumo desde já que será um conselho ativo, participativo e especialmente democrático. Inclusive com a participação das minorias e de nomes de outras chapas. Conselho meritocrático.

Eleições 2017 – Entrevista com Alírio Moraes

Alírio Moraes é candidato a Presidente do Conselho Deliberativo pela Chapa “Construindo com a Força da União”. Alírio tem 53 anos, é advogado, atual Presidente do Santa Cruz, compositor e músico.

Blog do Santinha: Na sua opinião o conselho deve ser um órgão de arrecadação ou de deliberação e fiscalização?

Alírio Moraes: A função ou a natureza independente do meu entendimento. Pelo estatuto do clube, o Conselho é um órgão de deliberação, ou seja, um órgão de decisão. Tem poderes, por exemplo, de suspender ou cancelar contratos lesivos, pode afastar definitivamente integrantes dos outros poderes. O problema central é que, pela cultura interna do clube e pela falta de exercício real desta autonomia, o Conselho passou a ser visto como um apêndice de menor importância. O Conselho precisa ser realmente uma instância de deliberação e de fiscalização. O Conselho não é, necessariamente, um órgão arrecadador, essa não é uma imposição aos conselheiros eleitos. Mesmo inadimplentes, os conselheiros não perdem a autonomia conferida pela Assembleia Geral de Sócios, que é a eleição, e podem votar em todas as sessões plenárias, bem como participar das discussões.

Blog do Santinha: No Santa Cruz há uma prática do Presidente do Executivo acabar seu mandato e  ser candidato a Presidência do Conselho Deliberativo no mandado seguinte. O senhor acha isso correto, uma vez que as contas do clube só são julgadas no exercício seguinte? Para ficar mais claro a questão: o senhor acha correto o ex-presidente do clube julgar suas próprias contas?

Alírio Moraes: Vamos compreender o processo. O papel do Conselho Deliberativo é, até o dia 31 de março do exercício seguinte, aprova o relatório administrativo, contábil e financeiro do ano anterior. Como prevê a legislação em vigor que regulamenta o futebol, o Profut, esse relatório deve ser aprovado pelo Conselho Fiscal do clube. Uma vez aprovadas “as contas” pelo Conselho Fiscal,  o relatório é enviado ao Deliberativo. O estatuto prevê que, se o presidente Executivo estiver, naquele momento, ocupando o cargo de presidente do Deliberativo, ele não poderá presidir aquela sessão específica de análise de suas contas, função a ser desempenhada pelos secretários, e sequer terá direito a voto. Há, portanto, ressalvas que asseguram um mínimo de liberdade para o Deliberativo realizar a discussão à vontade. Além disso, temos também a presença dos Conselheiros Beneméritos, pessoas com amplos serviços prestados ao clube, sem ligação com o presidente da hora, e que tem como função manter a independência da discussão considerando os interesses do clube.

Dito isso, gostaria de ressaltar que, ao aceitar o convite para presidir o Deliberativo, não me pautei pela necessidade de aprovar minhas contas. Seria mesquinho da minha parte e também de quem imagina ter sido essa a minha motivação. Aceitar participar da chapa à frente do Conselho para reafirmar meu compromisso com o Santa Cruz Futebol Clube. Boa parte dos problemas de muitos clubes brasileiros, incluindo o nosso clube, existem porque presidentes pressionado pelas demandas mais urgentes tomaram decisões considerando apenas o breve tempo do seu mandato, sabendo que, logo depois, não estariam mais ali, adiando a solução dos problemas, gerando bolas de neve sem fim. Aceitar esse desafio significa assumir o compromisso de continuar a buscar soluções para resolver os imensos problemas do clube, inclusive aqueles com que me deparei em minha gestão e não tive forças para superar.

Blog do Santinha: Grande parte da torcida coral aponta o estatuto do clube como uma das fontes de tantos erros de gestão, pois afirmam que o mesmo é anacrônico e não é capaz de permitir a modernização do Santa Cruz. Como o  senhor vê o estatuto atual? É possível, politicamente, existir um acordo para torná-lo mais adequado às demandas de nosso tempo?

Alírio Moraes: Infelizmente, isto é verdadeiro. O Estatuto precisa ser modernizado, tanto para adaptar o clube às exigências da legislação do Profut quanto para atender às necessidades de maior participação dos torcedores e do mundo de negócios do futebol contemporâneo. Modificar o estatuto é meu compromisso. Pretendo, logo na primeira sessão do novo Conselho, instalar uma comissão de conselheiros que se debruce sobre o estatuto atual e apresente, com agilidade, uma proposta de um novo marco legal para o Santa Cruz. 

Blog do Santinha: É comum ouvirmos criticas ao modelo político do Santa Cruz. No clube, o Conselho Deliberativo é todo composto por pessoas indicadas pelo Presidente do Executivo. O senhor acha salutar este tipo de modelo político?

Alírio Moraes: Na verdade, o Conselho reflete a composição de forças que dão sustentação ao poder Executivo. Em geral, os conselhos são bem mais heterogêneos. Tomemos meu exemplo e o de minha gestão: creio ter indicado, se muito, apenas 10% dos atuais conselheiros. O mesmo raciocínio é válido para o Conselho que me proponho a presidir: este terá aproximadamente o mesmo percentual de conselheiros indicados por mim.  Sem contar a massa de 120 beneméritos, independentes de qualquer mandatário de momento. No entanto, estou convicto que a cultura política do clube só irá se transformar a partir do momento em que tivermos um Conselho ativo, que exerça seus poderes, que participe e interfira diretamente na vida do clube.

Blog do Santinha: O Conselho Deliberativo do Santa Cruz pode ter até 500 conselheiros. A mensalidade custa 150 reais. Há um destino especifico para esta arrecadação? Na sua opinião qual seria a melhor forma de se prestar contas da arrecadação do Deliberativo?

Alírio Moraes: Os destinos da arrecadação do Conselho são estabelecidos pelo estatuto: 75% do valor arrecadado deve ser transferido imediatamente para o Execuitvo. Os outros 25% devem ser utilizados para custear as atividades do próprio Conselho, devendo o restante ser destinado às categorias de Base. Para o próximo ano, entendo que a parcela destinada à Base deve ser usada para financiar elaboração de um projeto técnico de modernização e sustentabilidade do processo de formação de novos atletas. É isso que vou propor aos conselheiros, pois acredito que não adianta simplesmente usar o dinheiro para o custeio diário. Os problemas são tão profundos que esse valor não será o suficiente para resolvê-los. Mas isso é o coletivo de conselheiros que irá definir.

Blog do Santinha: Ainda sobre os membros do Conselho, de acordo com o estatuto temos os conselheiros efetivos e os suplentes. Qual o critério para um suplente assumir a titularidade? Por exemplo, se um titular morrer, qual o suplente que o substitui?

Alírio Moraes: Os suplentes não assumem automaticamente em caso de morte ou renúncia dos conselheiros efetivos. Como suplentes, ele se habilitam para serem efetivos a partir da próxima eleição. No entanto, em caso de falta de conselheiros nas sessões plenárias, os suplentes que estiverem presentes podem votar no lugar dos faltosos. Exemplo: se faltaram 70 conselheiros efetivos e estiverem presentes 30 dos suplentes, todos poderão votar e serem eleitos para as comissões temáticas, das quais falarei mais adiante. 

Blog do Santinha: Na esfera da política interna do clube, como o senhor pensa uma gestão eficaz que seja capaz de sanar os problemas históricos do santa Cruz como dívidas trabalhistas, salários sempre atrasados, falta de grande investidores, etc?

Alírio Moraes: Não tenho dúvidas que os maiores problemas do clube são causados pelo passivo trabalhista. Para isso, se faz necessária a responsabilidade fiscal, montando times dentro de nossa realidade financeira, deixando de fazer times se pautando pela emoção e pelas exigências da torcida. 

Em relação às dívidas trabalhistas, vou mencionar algo que não dei a devida visibilidade: assinei, junto com vários outros clubes das séries A e B, uma proposta elaborada pela CBF e que teve o apoio integral do Santa Cruz. Essa proposta prevê a criação de uma central de dados de execução das dividas trabalhistas dos clubes de futebol. Do que se trata? Uma central operacional que irá centralizar todos os procedimentos de execução das decisões da Justiça do Trabalho. Essa central seria coordenada por um magistrado para evitar a sobreposição de bloqueios e penhoras, determinando o fluxo de pagamentos usando como base a receita de cada clube.

Se isso tornar-se realidade, vai evitar o que aconteceu com o Santa Cruz nos últimos anos. Mesmo em dia com a 12ª Vara da Justiça do Trabalho, honrando o acordo retirando de R$ 120 a R$ 200 mil de nossa receita para quitar as dívidas, fomos surpreendidos inúmeras vezes por novos bloqueios e penhoras originários de Varas da Justiça do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rondônia…  Então, tínhamos que montar acordos paralelos para remover o bloqueio. Esses acordos inviabilizaram os pagamentos à 12º Vara, que centralizava os processos aqui em Pernambuco. 

A proposta da Central Única foi apresentada pela CBF, mas terá de ser transformada em projeto de lei a ser aprovado pelo Congresso Nacional para, em seguida, ser adotada uma resolução do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e, finalmente, virar regra. Ainda falta muito, mas creio que a pressão das torcidas poderá acelerar o processo.

Blog do Santinha: No que se refere ao Conselho Deliberativo, caso o senhor seja eleito, como pretende atuar e quais os seus compromissos como Presidente do Conselho Deliberativo nos próximos 3 anos? 

Alírio Moraes: A prioridade será revisar o estatuto. Outro compromisso será transformar o Conselho num organismo vivo, capaz de formar novas lideranças que venham assumir o clube em breve. E como possibilitar isso? Depois de escutar alguns torcedores e conselheiros, penso em criar comissões temáticas para acompanhar algumas atividades do Executivo, trazer soluções para áreas nevrálgicas do clube e, até mesmo, suprir a necessidade de profissionais qualificados que possam prestar consultoria para a tomada de decisões do Poder Executivo. Inicialmente, me foram propostos temas como Acompanhamento do Passivo, Memória e Categorias de Base.

 

Eleições 2017 – Entrevista com Allan Araújo

Allan Araujo é o candidato a Presidente do Conselho Deliberativo na Chapa “Santa Cruz do Povo”. Tem 34 anos, possui graduação e mestrado em Ciência Computação pela UFPE. Atua como gestor de projetos na área de tecnologia há 12 anos com ampla experiência internacional. Além disso, leciona em cursos de pós-graduação e mestrado em Gerenciamento de Projetos e TI.

Blog do Santinha: Na sua opinião o conselho deve ser um órgão de arrecadação ou de deliberação e fiscalização? 

Allan Araújo: Definitivamente, de deliberação e fiscalização. O clube pode e deve ser modernizado. A nossa visão de futuro compreende: 

– De um lado, o executivo sendo formado – em sua maioria – por profissionais com a formação e as habilidades necessárias. 

– De outro, o conselho sendo formado por sócios eleitos definindo as diretrizes, políticas e modelos de governança do clube. 

Assim, podemos garantir a eficiência através da boa gestão; e a manutenção da nossa identidade, cultura e valores através dos sócios atuantes como conselheiros eleitos. 

Blog do Santinha: No Santa Cruz há uma prática do Presidente do Executivo acabar seu mandato e  ser candidato a Presidência do Conselho Deliberativo no mandado seguinte. O senhor acha isso correto, uma vez que as contas do clube só são julgadas no exercício seguinte? Para ficar mais claro a questão: o senhor acha correto o ex-presidente do clube julgar suas próprias contas? 

Allan Araújo: Sou totalmente contra. Basta recorrermos aos princípios da impessoalidade, da isonomia e da razoabilidade. Este expediente é vedado em qualquer organização que se prese. O mais importante aqui não é apequenar a questão e discutir o caráter de Fulano de tal ou qualquer indivíduo pontualmente. Trata-se apenas de proteger a Instituição e garantir a isenção e imparcialidade necessária ao processo. 

Dentro deste contexto, um dos nossos compromissos de campanha será uma atuação mais proativa da comissão fiscal, permitindo auditorias internas por um grupo mais amplo formado – além dos membros da comissão – por integrantes dos associados. 

Para ir além nas medidas de transparência, nossa chapa também propõe duas medidas audaciosas: 

– Obrigatoriedade de declaração de bens e de fontes de renda dos candidatos à Presidência do Executivo e do Conselho Deliberativo; 

– Obrigatoriedade de declaração de bens dos Presidentes do Executivo e do Conselho no ultimo ano dos seus mandatos, 60 dias antes das eleições, sob pena de não terem as contas aprovadas e serem impedidos de assumirem quaisquer cargos diretivos no clube, além de responderem civil e criminalmente por eventuais recebimentos de vantagens indevidas. 

Blog do Santinha: Grande parte da torcida coral aponta o estatuto do clube como uma das fontes de tantos erros de gestão, pois afirmam que o mesmo é anacrônico e não é capaz de permitir a modernização do Santa Cruz. Como o  senhor vê o estatuto atual? É possível, politicamente, existir um acordo para torná-lo mais adequado às demandas de nosso tempo?

Allan Araújo: Gosto de pensar nas coisas em termos de legado. Em caso de vitória, o legado deste conselho será a aprovação de um novo estatuto que possa modernizar o clube, garantindo a democracia e transparência. 

Respondendo objetivamente à pergunta: a primeira modificação tem que ser adequar o estatuto à legislação vigente (Profut e contemplar outras leis que modificaram a Lei Pelé). Esta é uma questão de ordem e está acima das ideologias. 

Os demais avanços devem ser no sentido de democratizar as eleições (voto universal, eleições diretas para o executivo e eleições proporcionais para o conselho); promover a boa gestão (cláusulas de responsabilidade fiscal e financeira, responsabilização dos gestores) e garantir a transparência (controladoria e auditoria). 

Honestamente, acredito que que politicamente poderemos alcançar este acordo, uma vez que estamos propondo uma enorme renovação no conselho deliberativo. 

Blog do Santinha: É comum ouvirmos criticas ao modelo político do Santa Cruz. No clube, o Conselho Deliberativo é todo composto por pessoas indicadas pelo Presidente do Executivo. O senhor acha salutar este tipo de modelo político? 

Allan Araújo: O que nós acharíamos que um partido político ao eleger o presidente da república também ficasse com todas as vagas do Congresso Nacional? 

Parece temerário e surreal, mas este é o Santa Cruz atual, um regime de partido único. O conselho deliberativo deve ser um palco dos grandes debates e das grandes questões sobre o Santa Cruz. 

Mais do que comendas e votos de aplausos, nossa pauta deve ser reformas e fiscalização. E tudo isso é impossível sem contraditório, sem oposição de ideias. 

Portanto, o conselho deve ser composto proporcionalmente de acordo com a votação das chapas de acordo com um percentual mínimo de votos obtidos.  

Blog do Santinha: O Conselho Deliberativo do Santa Cruz pode ter até 500 conselheiros. A mensalidade custa 150 reais. Há um destino especifico para esta arrecadação? Na sua opinião qual seria a melhor forma de se prestar contas da arrecadação do Deliberativo? 

Allan Araújo: A destinação atual é de cerca de 75% transferidos ao poder executivo. Os demais 25% são destinados às despesas do próprio conselho e atividades esportivas amadoras ou semi-amadoras. Defendo que o clube possa ter – até o final da gestão – algo similar ao Portal da Transparência, onde esta prestação de contas ocorra de maneira dinâmica. Defendo que esta ferramenta seja implantada primeiramente no âmbito do Conselho Deliberativo e, posteriormente, disseminada para as demais áreas do clube.

Blog do Santinha: Ainda sobre os membros do Conselho, de acordo com o estatuto temos os conselheiros efetivos e os suplentes. Qual o critério para um suplente assumir a titularidade? Por exemplo, se um titular morrer, qual o suplente que o substitui?

Allan Araújo: O estatuto é omisso em relação a isto. Porém, existe uma cláusula mágica que determina que “os casos omissos devem ser decididos no âmbito do conselho”. Questões mais simples como estas podem constar no regimento interno do conselho. 

Blog do Santinha: Na esfera da política interna do clube, como o senhor pensa uma gestão eficaz que seja capaz de sanar os problemas históricos do santa Cruz como dívidas trabalhistas, salários sempre atrasados, falta de grande investidores, etc.? 

Allan Araújo: Eu tenho uma visão de futuro: Santa Cruz vencedor e popular. Parece óbvio que o Santa Cruz é uma instituição de futebol com milhões de apaixonados ávidos por títulos e vitórias. Ninguém anseia por certificações como ISO e afins. 

Contudo, por paradoxal que seja, as vitórias se tornam duradouras quando as vitórias são conquistadas sem sacrificar a sustentabilidade. Na história recente do Santa Cruz acompanhamos alguns momentos de glórias seguidas das nossas piores crises. 

Vencer deve ser uma obsessão de um clube como o Santa Cruz. Mas queremos e devemos ser um clube vencedor ao longo de décadas e gerações. E isto só será possível através de excelência em gestão nas áreas jurídica, financeira, comercial, social e, claro, futebol. 

Somente assim passaremos uma imagem de credibilidade para nossos sócios, torcedores, investidores e parceiros, nos tornando mais atrativos. Hoje, não fazemos o básico: gastar menos do que arrecadamos. 

Nossa gestão no conselho pretende direcionar o clube neste sentido ao defender a implantação de modelos de governança, impor a responsabilidade financeira e coibir a improbidade administrativa.  

Blog do Santinha: No que se refere ao Conselho Deliberativo, caso o senhor seja eleito, como pretende atuar e quais os seus compromissos como Presidente do Conselho Deliberativo nos próximos 3 anos?

Allan Araújo: Pretendo atuar de maneira democrática, com uma forte liderança participativa e descentralizada. A grande vantagem de uma candidatura como a nossa é a independência. Os  compromissos do nosso conselho serão: 

– Garantir o pleno funcionamento do conselho com a periodicidade dos encontros sendo respeitada; 

– Promover a criação de comissões temáticas (ex. Futebol, Marketing, Finanças) para aprofundar as discussões no conselho;  

– Ampliar o direito ao voto e candidatura para o sócio (acima de 16 anos) de qualquer categoria; 

– Incentivar as eleições diretas para o executivo e proporcional para o conselho deliberativo; 

– Discutir a extinção da comissão patrimonial, criando a diretoria de patrimônio subordinada ao poder executivo. 

 

 

Eita Santa Cruz cansado de guerra

O novo presidente encontrou muitas dificuldades, porém, graças ao esforço conjunto, novos horizontes se abriam. Em 4 de maio, há menos de dois meses da posse, o jornal Folha da Manhã, edição vespertina, trazia um artigo assinado pelo major Carlos Afonso de Melo, diretor de finanças, intitulado “A situação financeira do Santa Cruz”, de cujo teor aqui está uma parte:

 “A situação financeira do Santa Cruz continua sendo alarmante. Nenhuma exigência pode ser feita, no presente momento, as seus atuais dirigentes. Somente dívidas e muitas dívidas nos legou a administração passada. Com deliberada força de vontade, o Sr. Mário Soares, que procurou se cercar de elementos trabalhadores, já conseguiu pagar à Caixa Econômica onze meses de amortizações atrasadas, em quantia superior a quatro mil cruzeiros. Pagou à Casa Bancária Magalhães Franco dois mil cruzeiros e obteve mais dois mil cruzeiros para a compra de materiais para os jogadores, tudo isso no curto período de um mês e dias de administração. Tem ainda a liquidação de outras dívidas que se elevam a mais de quatro mil cruzeiros e ao Instituto de aposentadoria e pensão dos comerciários (IAPC) mais de 25 mil cruzeiros. Esta, a situação real e claro do clube da multidões.

Até a agora as rendas de sócios atingiram apenas a ridícula quantia de três mil e quinhentos cruzeiros. Somos todos pobres e contamos tão somente com os nossos próprios recursos e vontade firme e inabalável de vencer”.

A história aí de cima, se passou no ano de 1945. Naquele ano, o presidente eleito foi Humberto de Oliveira Fernandes, mas que só passou um mês a frente da presidência. no lugar dele, entrou Mário Soares.

Quando li esse textinho, até pensei que era atual. Ele está na págino 189, do volume 1, do livro Santa Cruz de Corpo e Alma, que eu peguei emprestado com um amigo. Achei interessante e deu vontade de compartilhar com vocês.

Eita Santa Cruz cansado de guerra!

 

Sericê 2018

Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu zagueiro na bola dividida
Quase mata de um chute o centro-avante
Só por isso o juíz ignorante
Expulsou o coitado da partida
Sem pensar que quem tem perna comprida
Faz a falta sem ter a intenção
E pra mim o castigo da expulsão
Só se aplica se houver assassinato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Esse infame corrupto e salafrário
Tem que ser fuzilado na parede
Toda vez que vem bola em nossa rede
Ele quer marcar gol para o contrário
Alguém prenda esse estelionatário
Que o castigo mais leve pra ladrão
É passar uns dez anos na prisão
Que se eu for castigar por certo eu mato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Que me importa o goleiro não saber
Agarrar uma bola sem soltar?
Que me importa o zagueiro manquejar
Ter a perna zambeta e não correr?
Que me importa atacar ou defender?
Todos jogam na mesma posição
Quem encontra defeito em meu timão
Ou é cego, ou é doido, ou é gaiato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Todo dia os atletas do meu time
Estão na sede jogando dominó
No domingo tem brega ou tem forró
Rifa ou bingo, não tem quem não se anime
Não tem time que ao menos se aproxime
Do preparo da minha escalação
Para o ano o meu time é campeão
Nem que jogue com prego no sapato
Ninguém pode ganhar campeonato
Se o juíz nem tem mãe nem coração
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu time foi rebaixado pra terceira divisão
Meu Time – Siba

(música gravada em 2007 no CD “Toda vez que dou um passo o mundo sai do lugar”)

 

Oh, oh, oh, esse mundo é tricolor

Por um bom tempo, isso aqui foi o bar onde vários se encontravam para vibrar, cornetar, reclamar, marcar encontros, resenhar, comemorar as vitórias, chorar os fracassos. Aqui se discutia, aqui se fazia amizades. Inácio, Samarone, João Valadares, J., Chiló, Emília, Fred Arruda, Eduardo Ramos, Dani Tricolor, Arnildo Ananias, os Azevedos, Marcelo Beltrão, Hélio Mattos, Andrézinho, Galdino, Edward, El Cabron, Cel Peçonha, Coral, Tricolor Arretado, entre tantos e tantas outras figuras apaixonadas pelo Santa Cruz. Faltaria espaço para escrever o nome de todos.

E foi neste Blog que conheci Alexandre, o Papa-Defunto. Faz tempo que ele mora longe. Do Arruda para casa dele, são quase 1.250 KM de distância.

Quando a conversa é o Santa Cruz, ele nunca nega fogo. Alexandre já montou consulado na casa dele, lá em Vitória da Conquista. Estampou o escudo do Santa Cruz na porta da sua caminhonete. Tatuou nosso símbolo maior no ombro. E se estamos precisando de apoio, ele pega a estrada e vem jogar junto com o clube do coração.

Certa vez, a gente se encontrou lá no Rio Grande do Norte, em Goianinha. Era pela sericê, em 2013. Alexandre nem passou no Recife, foi de Conquista direto para lá. Vencemos aquela partida por 3 a 1.

Terça-feira, era umas oito e vinte da noite, Alexandre me chama pelo zap.

“Boa noite amigo Gerrá”.

“Fala, meu nobre”. “Manda”. Eu respondi.

“Como estão as coisas?”. “E a família ?”. “Tô subindo o morro”. “Vou pra Recife, buscar 6 pontos”.  “Amanhã pego o carro e vou pra estrada”. “Mala pronta”.

Na quarta-feira de manhã, o Papa-Defunto jogou a bagagem no carro e pegou a 116. Veio cortando a Bahia. Passou por Jequié, subiu deserto acima até Feira de Santana. Deu uma paradinha pra esticar a coluna, esvaziar a bexiga e encher o bucho.  Lembro da vez que fiz esse roteiro, sendo ao contrário, daqui para lá. Saímos de ônibus do Recife para Belo Horizonte. Em Jequié, paramos. Era mês de novembro. Até aquele dia, eu nunca tinha visto calor daquele tamanho. Não sei se hoje melhorou, mas era um calor dos infernos.

Sim, voltemos para viagem de Alexandre.

De Feira, nosso exilado seguiu caminho. Passou por Serrinha,  continuou em frente, virou à direita, chegou em Jeremoabo. Os jeremoabeiros que me perdoem, mas confesso que nunca havia escutado falar nessa cidade. Sei que Jeremoabo fica já próximo de Paulo Afonso. E de Paulo Afonso para Pernambuco é um salto.

Fico imaginando a ansiedade de um cabra que mora no sul da Bahia e que vem visitar a terra querida para ver o jogo do Santa Cruz. Quando chega em Paulo Afonso é bem capaz de querer pegar um avião pra chegar mais rápido.

Não havia entendido o motivo desse roteiro. Por que ele não vinha pelo litoral. Curtindo a brisa, tomando uns banhos de mar e limpando a vista. “vou passar em afogados da ingazeira, desvio 300 km a mais, dar um abraço num amigo tricolor que veio do Acre e está morando lá. conheci pelo blog do santinha. Edmundo”.

Hoje, Alexandre me mandou um áudio. Já estava em Afogados da Ingazeira proseando com Edmundo. No aúdio, Edmundo falou que conhece um grande amigo meu, Boba. “Fui vizinho de um amigo seu, Boba. Eu pegava carona com o pai dele para ir para o colégio São Bento”.

Minha reação foi simplesmente dizer: caralho.

Eu conheço um cara que mora em Vitória da Conquista, que conhece um sujeito que vive em Afogados da Ingazeira, que este sujeito quando era adolescente pegava carona com o pai de um amigo meu. E todos são Tricolores Corais Santacruzenses das bandas do Arruda.

Na boa, esse mundo realmente é preto-branco-encarnado.