Boné, doido pelo Santa Cruz

Fui ontem para o Arruda, junto com Marconi. A turma do bate-papo coral estava toda lá. Até Anizio foi pro jogo.

Uma parte foi para as sociais, outros foram para P10. Eu e Marconi ficamos acima do escudo.

Assim que entrei, encontrei Jathyles. Batemos um papo rápido. Em seguida Milton apareceu. Subimos uns degraus e ficamos abaixo da superior. Confesso que só gosto de assistir ao jogo, vendo as quatro linhas do gramado.

Nem bateu o centro, um senhor magro que estava ao nosso lado foi logo dizendo que a barbie já havia feito 1 a 0.

Um cara de boné branco, bermuda quadriculada e camisa do Santa, pegou o celular e gravou uma mensagem de voz.

— Eu quero que você se anime. Fique bem animadinho. No final vou botar no seu oiti! Faça gol. Faça gol! – ele gritou.

O jogo seguiu. O Santa Cruz era nitidamente superior em campo. O gol era apenas uma questão de tempo. Falta na entrada da área e Anderson Sales mete no ângulo. O goleiro paraibano consegue defender.

O cara do boné deu uma tapa da caralho no outro que tava do lado dele.

— Acredita, Miséria! A gente vai ganhar nessa porra!

O Senhor Magro era daqueles que gostam de apavorar. Nos avisou que o jogo lá no Ceará já estava 4 a 0.

Lá longe, avistei a cabeleira de Samarone.

A gente continuava dominando. Falta no lado da área. Anderson Sales mete uma curva na bola, a pelota caprichosamente bate no travessão. No ângulo de novo. A torcida foi à loucura. Aplaudiu de pé.

Meus amigos, faz tempo que eu não via no Santa Cruz, um batedor de falta feito esse zagueiro. Na hora do pênalti, eu fui o primeiro a gritar: “quem tem que bater é o zagueiro! É Anderson Sales!”

Ele foi lá e conferiu. Bateu o pênalti como se deve bater. Bola para um lado, goleiro para o outro. Vibramos. A esta altura, todos ali já éramos grandes amigos. O cara de boné deu socos no ar, abraçou quem tava ao redor, gritou se esgoelando. Pegou o celular e mandou: “Chuuupa! Chupa, porra! Aqui é Santa Cruz, caralho! Faz mais gol aí, faz mais. Vou botar no rabinho de vocês! Poooorrra!”. E gargalhou pro estádio todo ouvir.

No intervalo puxei conversa com Boné. Ele é conhecido de Milton. Boné é o otimismo em forma de gente. “A gente vai vencer esses paraibanos”. “Vou ser bicampeão do Nordeste”. “E vou ser outra vez campeão na casa dos festejos”. E sacudiu os braços pro ar.

Começa o segundo tempo. O Capibaribe já vencia por 6 a 0. Boné não estava nem aí. Vez por outra cutucava o zap. O Santa Cruz voltou com o freio de mão puxado. Parecia que tava satisfeito com o resultado. No único lance que corremos perigo, Anderson Sales nos salvou. Boné descontou no zap: “Seca, fela da puta. Seca! Eu gosto assim! Não perco esse jogo, não! Pode fazer 50 gol aí. É tricolor, porra”.  E deu umas sacolejadas num pirralho que tava do lado dele.

— Tu tem que vim é numa decisão – Boné disse para o garoto.

Nos minutos finais, voltamos a dominar o jogo. Se o time tivesse perna, teria feito outro gol. Ao apito final, vibramos como nunca. Boné, já sem camisa, por pouco não leva uma queda. Abraçava um, empurrava outro. Deu uma tapa na cabeça do pirralho.

Toquei nele e avisei: tu não vai mandar mensagem não?

— Eita, é mesmo!

— Chupa, barbie. Chuuupa! – ele gritou.

E cantou em seguida: “quer dá cu, quer dá cu, vá torcer pelo timbu”.

Depois, descobri que Boné é xará do nosso lateral direito.

Eu vou, ela vai. Todos e todas irão!

Certa vez, um cara que trabalhava comigo falou, “pra que ir ao cinema, se eu posso pegar uns dvd’s e assistir em casa. No conforto, com segurança!”.

Hoje, quando vejo alguém dizer que prefere ver futebol na TV por causa do conforto, segurança, essas coisas, me lembro daquele papo do amigo do trabalho.

É claro que essa crise, a fim do Todos com a Nota, o horário e a televisão são concorrentes desleais do futebol no estádio. Por outro lado, parte da torcida mais apaixonada do Brasil, de repente, começou a se tornar exigente e cheia de mi-mi-mi.

Quem gosta do jogo futebol, não deixa de ir ao campo. Foi assim que aprendi a amar o Santa Cruz. Desde pequeno que vou ao Arruda. Levado pelo meu pai, a gente chegava cedo para ver a preliminar. Minhas maiores emoções, aquelas que guardo até hoje na lembrança, sempre foram ali, sentado no cimento, sentindo o cheiro do Arruda e o calor da nossa torcida. Gritando, xingando, aplaudindo, transpirando amor pelo Clube das Multidões. Na hora do pega pra capar, nunca me importei com a qualidade do produto. Eu visto é minha camisa, me mando pro Arruda e quero é ver o Santa Cruz ganhar.

É desse jeito que despertei a paixão nas minhas duas filhotas. Levando elas pro José do Rego Maciel. As meninas não trocam o luxo de casa pelo desconforto do Arruda. “Papai, bom é no Arruda!”

Aquele que disser que ver futebol na sala é o mesmo que assistir no estádio, é porque não gosta de futebol, é apenas um admirador, um simpatizante.

O fato é que nesta quarta tem decisão. Jogo pra assumir a liderança do grupo A da Lampions League e passar pra fase seguinte com moral de vencedor. Na bola, na raça e no grito. É daqueles jogos que a força da nossa torcida faz a diferença.

Nesta quarta-feira, contra os paraibanos, quem quiser que fique em casa. Eu vou é vestir a camisa do Santa e me mandar pro Arruda.

Eu vou. Marconi vai. Andreza já confirmou. Osvaldo disse que ía. Paulinha vai também. Dinho, Junior Alicate, Seu Abimael, Rosineide, Naná e mais um bocado irão. Besta é quem deixar de ir!

Quarta-feira tem mais

Desde a terça-feira de carnaval que eu não tomava uma cerva. Na quarta-feira de cinzas fui nocauteado por uma virose que me derrubou por vários dias.

Me mandei para o Arruda na secura de encontrar os amigos e encher a cara de cerveja. Não quis nem saber se a breja era feita de milho, de cevada ou de soja. Eu queria era beber. Zeca farrapou. Samarone desapareceu. Esequias e Robson Sena estavam pianinhos.

Tomei algumas antes da partida com Edgar Assis. Pela primeira vez na minha vida, bebi naquele posto de gasolina BR que fica na esquina. Um esquema meio gourmet, mas pra quem estava a praticamente 20 dias sem beber, tava valendo tomar uma em qualquer lugar.

Bebemos, conversamos umas besteiras e nos mandamos pro estádio. Edgar foi pra sociais. Eu fui pra arquibancanda. De um tempo pra cá, ou vou pras cadeiras, ou vou para arquibancada.

O jogo foi uma tranquilidade. Facilmente, metemos cinco a um no time de Caruaru. Tinha até vaga para mais. Perdemos penalti, duas bolas na trave e alguns gols perdidos. O tal do Pitibull sabe jogar bola. Everton Santos foi o melhor jogador em campo. Anderson Sales é um dos melhores batedores de falta do futebol brasileiro. E, finalmente, Velez entrou numa partida oficial. Só faltou a estreia de Fecundo Porra no gramado do Arruda.

O público foi bem fraquinho. Tinha mais instrumento de percussão do que gente na arquibancada. Atrás da barra era a batucada da Inferno. Na linha do escanteio o batuque da P10. E rente ao meio campo, a charanga da Império Coral. Puta que pariu, tinha hora que era um poluição sonora do caralho. Cada uma batendo de um jeito e cantando uma cantiga diferente. Só faltou o Orquestrão tocando frevo e a Sanfona Coral tocando forró.

No primeiro tempo, saímos vencendo de três a zero. Dois gols de Everton Santos. Mesmo assim, um rapaz que estava perto de mim esculhambava o nosso jogador. “Esse cara fez dois gols, mas o bicho o muito ruim. Um gol desses, até eu fazia”. Interessante que Pitibull também fez um gol bem fácil, mas o rapaz começou a latir em homenagem a Pitibull. Doido é quem tentar entender a lógica que existe na cabeça da torcida.

No intervalo, eu fui derramar a água do joelho. Um cidadão no banheiro estava esculhambando o velhinho Vitor. O nosso lateral. Pensei em discutir com o torcedor. Mas doido é quem leva em consideração esses malucos que só sabem reclamar. As vezes eu fico achando que, se o Santa Cruz fosse um Barcelona da vida, alguns torcedores iriam se suicidar por não ter motivos para reclamar. Mas, enfim,  deixemos os corneteiros para lá. Quarta tem jogo decisivo. É contra o Campinense. Vou de novo para o Arruda e quero ver gol. Pode ser até com gol do famigerado Léo Costa. Eu quero é a vitória. Quatro a zero no time da Paraíba está de bom tamanho.

Na próxima quarta, apesar do horário, da televisão, do desconforto causado pela violência, etecetera e tal, quem puder vá para o Arruda. A gente precisa voltar a ser apaixonados.

Queriam levar nosso estandarte

Depois de um carnaval antológico nas ladeiras de Olinda, onde a Minha Cobra fez até chover, por pouco nosso estandarte não foi roubado. Ou sequestrado, conforme sugeriu alguns.

Isso mesmo. Tentaram levar nosso estandarte.

Após nosso arrastão, Allan, nosso coordenador orquestral, levou o estandarte e deixou ele guardado na casa da sogra dele, Dona Benira.

O fato é que na quinta-feira, logo após a quarta-feira de cinzas, um espertinho deu uma de João Sem Braço.

O elemento chegou até a casa da sogra de Allan, bateu palmas educadamente e gritou o famoso “ô de casa”.  Dona Benira saiu pra atender. O sujeito jogou um papo bonito, disse que tinha autorização, falou que iria levar o estandarte para uma festa e num sei que, num sei que lá.

Para nossa sorte, Dona Benira se ligou nas paradas e indagou:

– que estandarte?

O sujeito disse:

– o da Cobra Coral!

– a única cobra que tem aqui é a do meu marido.

O individuo ficou meio sem graça, mas insistiu com a conversa. Disse que era amigo de um dos diretores do bloco e que ía levar o estandarte para um evento no clube.

Dona Benira segurou a onda e não titubeou. Ameaçou fazer uma ligação para saber dessa história e o safado se saiu.

Esequias e Allan Robert acham que foi uma tentativa de sequestro. Eu e Robson acreditamos que queriam mesmo era roubar para tocar fogo. Claudemir tem a opinião que tudo não passou de um desejo, um fetiche de torcedor de futebol.

– acho que o cara queria levar pra casa. Tirar foto. Mostrar aos amigos. Torcedor tem dessas coisas.

– Ok. Beleza. Mas é só pedir que a gente empresta ou libera pro cara tirar foto. Aliás, até a cobra, se alguém quiser passar uns dias com ela, a gente empresta.  – eu disse.

Enfim, roubo, sequestro, fetiche, seja lá o que for, estamos atrás de descobrir quem foi a pessoa que tentou pegar o estandarte da nossa troça.

Dona Benira nos falou que se tratava de um rapaz alto, meio agalegado e forte.

– ele usava boné, mas deu pra ver que tinha o cabelo curto. Ele tinha cavanhaque.

Perguntamos a ela sobre a roupa. A coroa nos disse que o cabra vestia uma camisa branca de malha e uma bermuda jeans preta.

– ele num tinha cara de ladrão não, nem de maconheiro.

Bom, estamos tentando descobrir quem foi. Desde hoje cedo, o retrato falado já está circulando nas redes sociais corais santacruzenses das bandas do Arruda.

Se alguém souber quem foi nos avise. Vai ver que Claudemir tem razão e o cara quer apenas ter a honra de ficar uns dias com o estandarte.

Uma derrota importante

Hoje começou o futebol pra mim. Aliás, ontem. E começou meio devagar. Ainda enfadado da folia do carnaval, deixei de ir ao Arruda. Arreguei o sofá da casa de Breno e vi o jogo pela Sky. Não tomei um gole de álcool. Assisti ao jogo de cara limpa.

Do começo do ano pra cá, este foi o quarto jogo que vi. Havia assistido a derrota contra o Belo Jardim. Depois assisti nossa virada contra o Central. Sábado passado vi o jogo contra o Uniclinic. Não sei nos outro jogos, mas em todos as pelejas que vi, o Santa Cruz não jogou bem. A defesa é pra deixar qualquer torcedor se borrando de medo.

Penso até que a derrota de ontem foi importante, para dar um “tá ligado” no elenco, no treinador e na diretoria. Mas acho cedo pra meter o pau. Entretanto, porém, todavia, os corneteiros já começaram a botar as unhas pra fora e soltar bala pra todos os lados. Tem torcedor que parece ter orgasmo quando o Santa Cruz perde.

Foi acabar o jogo e meu zap se encheu de mensagens esculhambando  tudo. Para alguns já estamos fora do quadrangular final, não passaremos da próxima fase da Lampions League e provavelmente seremos rebaixados para Sericê. Aos mais íntimos eu mando logo tomar no fiofó. Aos que não tenho intimidade, respeito a opinião e fico calado.

Mas voltando ao futebol de ontem, me surpreendeu o público presente. Eu estava apostando que não teríamos nem dois mil apaixonados no Arruda. Mas o público foi maior do que o clássico da quarta-feira de cinzas na ilha da fantasia.

Me surpreendeu também a disposição e a bola que o velhinho Victor está jogando. Espero que a musculatura dele aguente por um bom tempo. Só não me surpreendi foi com a ruindade de Wellington César. O Santa Cruz precisa urgentemente arrumar um time para esse rapaz ir jogar ou então arrumar um emprego diferente para ele.

O time ainda está se arrumando, isso é lógico. Mas tem uns cabras aí que, pelo visto, não vão se arrumar nem aqui, nem na puta que pariu. Primão e Barbio são dois deles.

No mais, é juntar os amigos, alugar uma Van, pegar a 232 e se mandar para Salgueiro. Um bom programa para o final de semana. Comer carne de bode, curtir o calor do sertão e ver o Santa Cruz arrancar uma vitória na terra de Manoel Tobias.

 

É hoje!

A instigada Minha Cobra sai pelas ladeiras de Olinda. É hoje. Na frente da sede do calunga mais querido do Brasil, o Homem da Meia Noite, às 10 horas, a Troça Carnavalesca Mista Ofídica Etílica Erótica MINHA COBRA pinta de preto-branco-encarnado as ruas e ladeiras de Olinda.

No Arruda tem o Cobra Fumando. É folia tricolor coral santacruzense pra todos os lados.

Então, meus amigos, é vestir a camisa, colocar um adereço e sair para brincar o carnaval!

TRIIIII!

O jogo no Arquibancada Coral

Enquanto o carnaval não acaba, tenho uma dificuldade danada de acompanhar o Santa Cruz. Sempre foi assim. E agora é que ficou pior. Com essa avalanche de jogos e campeonatos, aí é que fica complicado.  Tem hora que você não sabe se o jogo é pelo Pernambucano, se é pela Copa do Nordeste ou se já é a Copa do Brasil.

Bom, uma coisa já consegui, decorar o nome dos titulares. Julio César, Vitor, Bruno num sei o que, Jayme e Roberto; Valdir, Elicarlos, Léo Costa; André Dias, Everton Santos e Thomás.

Mas ontem sobrou espaço na agenda e deu para ver o jogo. É o segundo que consigo assistir nesta temporada. Tinha visto aquele contra o Bom Jardim.

Me mandei para o bar Bom Marujo. Quem me deu o toque foi Esequias. “Gerrá, tou indo ver o jogo com a turma do Arquibancada Coral num bar perto da tua casa. Bom Marujo. Vamos nessa?”

De pronto, aceitei o convite.

Para os mais antigos, o Bom Marujo é no mesmo local onde funcionou o saudoso Rei do Cangaço.

Pense numa noite agradável. Conheci os caras do Arquibancada Coral e encontrei bons amigos da velha guarda do Blog do Santinha. Dani Tricolor, Tibério Azul, Marconi, Anízio!

Turma boa danada, essa do Arquibancada Coral. Dinho de Lima, Cassio Cavalcanti,  Edson Vinícius e Brivaldo Farias. Com o Santa na mente e no coração, os caras fazem uma espécie de mesa redonda com todos que estão no bar.  No calor da emoção, como deve ser o futebol, eles vão fazendo entrevistas, pedindo opinião sobre o jogo, notas pro jogadores, etc e tal.

Ao final da partida, para não perder a tradição, rola a escolha do melhor e do pior em campo e as notas pros jogadores. Everton Santos foi o melhor em campo e vários foram os piores. Eu, por exemplo, votei em Roberto como pior. Se esse rapaz tivesse um pouco de maturidade ou alguém para lhe ajudar, ele deixava o futebol e seguiria em outra profissão. Deixemos isso para lá.

No fim da jornada, Dinho, Cássio, Vínicius e Brivaldo fazem sorteios com todos que estão no bar. Até umas garotas que estavam numa mesa ao lado entraram na roda e ganharam um kit doado por Dani Tricolor. Carne de sol e linguiça de bode.

Fiquei imaginando uma história dessa acontecendo no meio da nossa torcida, em um jogo no Arruda. Na minha viagem, já visualizei o Arquibancada Coral fazendo sua parada nos vários setores do estádio. Um dia nas cadeiras, outro dia nas sociais, na arquibancada…! Uma mesa redonda no bar de Abílio, logo após o jogo. Puta que pariu, seria fantástico.

Só sei que voltei para casa feliz da vida! Faturamos os 3 pontos fora de casa. Metemos 4 a 2 no time do central. Everton Santos fez dois gols. Temos baterdo de falta. Pitbull é uma grata surpresa. E de quebra, ganhei uns brindes no sorteio.

E já avisei a Esequias para me avisar da próxima edição do Arquibancada. Vou levar a turma da Kombi Coral.

O Santa Cruz viverá eternamente

Em três de fevereiro de catorze, o céu do Recife se enfeitou, uma nova estrela surgiu naquele dia, nascia o meu tricolor!

Ah! Como eu queria ter estado naquele três de fevereiro de 14…

Sou um nostálgico. Daqueles que viajam  pelo túnel do tempo e vai para o passado. Do tipo que sente saudade até do que não viveu.

É assim quando estou no Bar Santa Cruz, lá no Largo de Santa Cruz e olho para Igreja de Santa Cruz. Sou tomado por lembranças das coisas boas que não vivi.

Nas vezes que ando pelo bairro da Boa Vista, sinto uma saudade danada. Das brincadeiras, das festas, da boêmia, do futebol no pátio da igreja.

Ah! como eu queria ter recebido um passe de Quintino Manda Paes Barreto. De ter feito uma jogada magistral com José Luiz Vieira. De ter recebido um cruzamento de José Glycerio Bonfim e ter tocado de primeira para Abelardo Costa.

Num lançamento em profundidade, eu deixei Augusto Franklin Ramos na cara do gol. Ele não foi fominha. Tocou para Orlando Elias dos Santos, que tocou para Alexandre Carvalho e que passou para Oswaldo dos Santos fazer o gol. Um golaço.

Ah! como eu queria ter abraçado todos, numa explosão d alegria.

Sou um sonhador. Queria ter nascido no dia 03 de fevereiro. Queria fazer aniversário no mesmo dia do meu querido Santa Cruz. Queria ter vivido o sonho junto com aqueles 11 ilustres rapazes.

Vivo o sonho de morar naquele lugar. De comprar a casa da Rua da Mangueira, para me reunir com dez amigos tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda e brincar de fundar o nosso Santa Cruz.

Todo 03 de fevereiro é assim:  vivo a eterna alegria de ser Santa Cruz. O Clube das Multidões. O Mais Querido. O Time do Povo.

Hoje, 103 anos depois, acordei sonhando em ser Santa Cruz até depois da morte, pois sempre lembro que “O Santa Cruz nasceu e vai viver eternamente!”

Parabéns, meu Santa Cruz. Muitas felicidades, muitos anos de vida!

A camisa da Minha Cobra

Quando sentamos para falar sobre a camisa do carnaval de 2017, a seleção brasileira de futsal iria estrear no mundial da Colômbia, no Rio de Janeiro tava rolando as Paralimpíadas e o Santa Cruz estava prestes a estrear no returno da Seriá. Era começo de setembro.

Pedimos duas cervejas.

O garçom perguntou: Original, Skol, Brahma ou Itaipava?

— Itaipava, é lógico! Nosso futuro patrocinador! – Robson disse.

Gargalhamos. E eu falei: aí dentro!

E gargalhamos de novo.

A cerveja chegou. Pedimos um queijo acebolado. No bar do lado, Conde cantava alto na radiola de ficha. No bar do outro lado, duas garotas se acariciavam.

Botamos o assunto na pauta. A camisa do carnaval.

— o que vocês acham da gente homenagear Bacalhau? – eu sugeri.

Não houve um voto contra. Parecia até que tínhamos combinado antes.

Ficamos ali, saboreando a Itaipava, apreciando a Igreja. Jogando conversa fora. Pensando como seria a arte da camisa. A casa de Bacalhau? Ele no Arruda? O sorriso escancarado?

Surgiu uma ideia: Bacalhau ver o Santa Cruz em tudo. Poderia ser algo assim. E aí, lembramos da composição de Bráulio de Castro.

“Oh, oh, oh! Oh, oh, oh! Bacalhau de Garanhuns vê o mundo tricolor”.

Caralho! É isso! Bacalhau vê o mundo tricolor!

Fizemos um brinde. Pedimos outra cerveja.

Entrei em contato com Bráulio. Ele se encheu de felicidade. Fez apenas uma exigência. Quero uma camisa tamanho extra XXG.

Fechou. O tema da camisa vai ser “Bacalhau vê o mundo tricolor”.

Brindamos de novo. E fomos outra vez unanimes: o desenho ter que ser uma ilustração e, lógico, feita por um tricolor coral santacruzense das bandas do Arruda.

Mané Tatu, artista plástico das Olindas, nos indicou Feliciano Prazeres.

Feliciano topou na hora. Trocamos alguns zaps, uns e-mails, e ele mandou brasa. Pense num cabra desenrolado. É daqueles craques que não precisa de muita firula pra mostrar que sabe jogar. Em poucos dias, sem precisar de reunião e muita conversa, a arte ficou pronta.

O tapa final, essa coisa de diagramar texto, ajeitar pra qui, esticar pra lá, quem resolveu foi Sebba Cavalcante. Sebba é o maior percussionista e designer gráfico que conheço. É também o maior torcedor do Santa Cruz que tenho como amigo. O cara tem 2,10 m de altura. Gente da melhor qualidade.

A camisa já está pronta. O primeiro lote já está sendo vendido.

Valeu, Bráulio de Castro. Mané Tatu, acertasse na indicação. Obrigado, Feliciano. Obrigado, Sebba.

ps: A camisa vai custar 30 reais. Quem quiser ajudar a botar a Minha Cobra na rua é só comprar a camisa. Basta entrar em contato com a gente. Por e-mail, facebook ou zap.

E-mailgerralima@gmail.com

Zap: 99985.8597 | 99976.8985 | 99718.8408 | 99524.7910 | 99917.3959

Fan Page: TCMOEE Minha Cobra

Temos um time

O futebol é realmente uma caixinha de surpresas. Até a semana passada eu não estava nem aí para contratações, pré-temporada, local de treinamento, essas coisas. Nem imaginava ir para um jogo treino em Rio Doce.  Fui e encontrei com cerca de dois mil tricolores corais santacruzenses das bandas do Arruda na pilha para ver os novos contratados.

Maquei com Esequias no posto de gasolina perto do Tacaruna. “Gerrá, tá passando é gente, visse! Bicho, teve até um casal que me ofereceu carona”.

Eu sorri.

Chegamos já bem perto do começo do jogo. Rio Doce estava em festa. Esequias disse: “rapaz, o Santa Cruz devia era trazer alguns jogos oficiais para cá”.

Entregamos nosso quilo de alimento. A moça que recebeu era uma simpatia. Loira, cabelo escorrido, educada, de sorriso lindo.  Logo atrás dela, Samarone fazia umas perguntas a Chiquinho.

Entramos no estádio. A primeira figura que vejo é Alex Micrurus. Micrurus é da velha guarda desse Blog. Passava o dia comentando.

Ficamos por ali. Eu, Esequias e Micrurus. Depois chegou Samarone. Em seguida chegou Chacrota e sua esposa.

Estava formada a mesa redonda.

Nosso esquadrão jogava com Julio César no gol, Vitor, Bruno Silva, Jaime,  o garoto Eduardo, Wellington César, David, Thomás, Primão, Barbion e outro que ninguém sabia o nome.

Esse que ninguém sabia o nome era o atacante. Ainda meio fora de ritmo, o Sem Nome até que jogou bem. Sofreu um penalti. Thomás puxou a responsabilidade e bateu com convicção. Goleiro prum lado, bola no meio do gol.

Apostaria que esse Thomás vai se tornar nosso ídolo. Inclusive um senhor que estava perto da gente disse: “já temos um novo João Paulo”.

Primão é um Renatinho bem mais incorpado e bem mais objetivo. Barion teve uma atuação discreta, mas deu para notar que tem bola.

Na cabeça de área, a dupla Wellington César e David estava bem encaixada. David deu uma farrapada, WC cobriu bem.

Pelo visto, Julio César já caiu nas graças da torcida. Coitado de Thiago Cardoso. Se for pelo treino de hoje, nosso ex-goleiro será esquecido rapidinho.  JC fez uma defesa quase monumental e a torcida foi ao delírio. Até o “ão, ão, ão, meu goleiro é paredão” a Inferno puxou.

A diferença entre Julio César e TC é básica: JC sabe sair do gol, sabe sair jogando e sabe pegar penati.

A zaga esteve tranquila. O Jaime é meio tronxo mas deu uma cabeçada fulminante e a bola caprichosamente bateu no travessão. O Bruno Sérgio também esteve bem. Tranquilo e calmo.

Gostei de ver o garoto Eduardo na lateral esquerda. Se tiverem paciência e souberem fazer, daqui a algum tempo, este rapaz pode ser titular da nossa lateral. Precisa pegar mais massa muscular e mais cancha.

Vitor jogou a mesma coisa de sempre. Um rapaz junto da gente falou: não sei como é que Nininho é banco desse Vítor.

Na frente de Vitor, eu não sei. Mas na frente daquele Mário Sérgio, com certeza.

O bom do futebol é isso. Amor, paixão e opiniões diversas.

No segundo tempo, finalmente o argentino fez sua estreia. Começou na lateral esquerda, depois inverteu a posição com Nininho.

Duas gratas surpresas. O argentino joga bem. E Nininho jogou um bolão. E o melhor, os dois jogaram tanto na direita , quanto na esquerda.

Mas surpresa maior foi ver que já temos um time para estrear na temporada.

E ao final do jogo a Inferno cantou: oh, o tricolor voltou, o tricolor voltou….

Foi do caralho!

ps: a foto aí, foi feita por Esequias Pierre.