O boêmio voltou.

Retornar ao Arruda, na primeira partida do ano, é uma alegria imensa. Trata-se de rever o Mundão, a torcida e os amigos tricolores corais. De cara, encontrei-me com Ridoval, Jerry e Marc em Galvão. A alegria e o bom humor de Ridoval e Jerry são contagiantes. Só isso já valeu a partida. Enquanto Marc é um típico gentleman inglês, Jerry é o hooligan casca grossa. Mas pense numa galera apaixonada pelo Santa Cruz. Em bom nordestinês – já que o velho Galvão havia dito que era santamarino (de Santo Amaro) -é muito arretada essa galera.
Fui para as arquibancadas me encontrar com Esequias, Gerrá e Robson. Prós e contras da partida: nosso goleiro sabe sair com a bola, mas não sabe sair na bola; Júnior Rocha arrumou direitinho a zaga, mas precisa corrigir a saída nas bolas aéreas, pois foram dois gols que levamos a partir desse fundamento; o meio de campo está disciplinado, acertando os passes, mas precisa marcar mais a saída de bola; não temos ataque e nem centroavante; a lateral esquerda está perdida, mas Vitor mostrou bom entrosamento com Augusto (esse decidiu jogar depois de tanto esporro do jogo passado) na direita.
É preciso paciência para que o time ganhe entrosamento e personalidade. Para mim, os destaques foram Genilson que mostrou segurança lá atrás; Jorginho que já considero o craque do time – levou o time pra frente e jogou com garra e inteligência; gostei de Arthur – aquela porra de bola não poderia ter entrado em vez de bater no travessão? Robinho tem futuro, precisa um pouco mais de inteligência. João Ananias e Pedro Henrique são um problema, muito fracos.
Depois do jogo e do empate – e isso mostra que temos muito que melhorar no preparo físico se quisermos algo com os grandes – fomos tomar a saideira em Abílio. Juninho apareceu e ficamos conversando – Ridoval, Jerry, Marc e Renato – sobre absolutamente tudo. Nunca esquecendo o velho e bom punk, claro.
Mas aí, o amigo leitor deve estar se perguntando: e onde caralho está essa porra de boêmio?
Pois é, meus amigos. Não encontrei Samarone no Arruda. Ele ficou com a Inferno Coral. Sama saiu do Santa Cruz. Neguinho tinha achado que ele mandava no clube, era estrela, estava rico, só bebia uísque importado. Porra nenhuma. Salários atrasados e crise. Fora do Santa Cruz, eis a notícia mais do que maravilhosa para o Blog do Santinha: Sama vai retormar suas atividades cronistas, futebolísticas, etílicas e ofídicas por essas bandas.
Porra, o cara é fundador desse amado blog e escreve bem pra cacete. Notícia para lá de boa para começarmos 2018 com o pé direito. Vai, Nelson, canta aí:
“Boemia, aqui me tens de regresso / E suplicante te peço a minha nova inscrição.
Voltei pra rever os amigos que um dia / Eu deixei a chorar de alegria; me acompanha o meu violão.
Boemia, sabendo que andei distante, / Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
Ele voltou! O boêmio voltou novamente. /Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?”
Voltou para tornar esse blog ainda mais fuderoso. Salve Santa!!!!

Finalmente, esse tal de futebol.

Pré-temporada é um negócio morgado demais. A torcida fica discutindo política, gestão, erros e acertos, crise, futuro, contratações, mas nada de futebol. É aquele estranho momento do limbo: ninguém conhece quase nada, mas a esperança sempre está presente.
Sem futebol, como celebrar o momento do gol, xingar o juiz e os perronhas de nosso time, esculhambar o técnico, odiar a diretoria, vibrar com mais uma vitória, comer cachorro quente e tomar umas no Abílio, sentir a energia única do Arruda? Sem futebol, a vida fica um pouco sem graça.
Hoje, finalmente, o futebol volta às nossas vidas. O Santinha inicia o ano em Sergipe contra o Confiança. Nosso time é quase uma lista infindável de ilustres desconhecidos.
Júnior Rocha já confirmou nosso elenco: Tiago Machowski, Vítor, Renato Silveira, Genílson e Paulo Henrique; Jorginho, João Ananias, Daniel Sobralense e Arthur Rezende; Augusto e Robinho.
Vitor está falando em trabalho e superação. O resultado magro do jogo treino contra o América pode não ser um parâmetro, mas indica que, realmente, muita coisa terá que ser feita. Além do mais, o fantasma do DM já começou a dar as caras.
A ideia de ter um elenco enxuto e investir nos meninos da base é essencial para um clube que passa por dificuldades financeiras. Pés no chão é uma atitude minimamente razoável.
Se os resultados não chegarem, o que faz medo é a diretoria sair contratando feito louca. Aí teremos mais dividas e mais problemas. É preciso ter muita lucidez quanto às escolhas para esse início de 2018. De uma coisa eu tenho certeza: não vai ser fácil nem a pau.
Para acabar de vez com o jejum, quinta que vem tem jogo no Arruda. Meus amigos, pense numa ansiedade. Gerrá me passou uma mensagem:
“E aí, tricolor, animado? E o jogo da quinta?”.
Estaremos lá, pois lugar de torcedor tricolor coral das bandas do Arruda é no Mundão.
Não tenho dúvida que levaremos algum tempo para realmente saber quem joga e quem não joga nesse time. É preciso ter paciência e um pouco de otimismo. Só assim saberemos se teremos um time com identidade ou não.
Mas, numa boa, desde quando iniciamos uma temporada diferente disso?
E nunca podemos esquecer: estamos falando do Santa Cruz Futebol Clube, porra!
Saudações corais nesse início de temporada e muita sorte, garra e determinação para essa nova geração.

2018 com os pés no chão.

Meus amigos tricolores corais, final de ano, em relação ao nosso futebol, é aquela morgação. O cara se resume a acompanhar as notícias dos preparativos para o ano que vem.
Depois de um ano desastroso, o discurso da nova/velha presidência é de encarar 2018 com os pés no chão. Júnior Rocha chegou com esse discurso: não prometeu nada, apenas muito trabalho e a ciência de que nossa folha será enxuta.
Ouvi no rádio o pedido de ajuda de um funcionário do Santinha a um amigo pelo whatsapp. Uma coisa triste. Salários atrasados de 2016 e 2017. Não sei se o lance é fake – temos que ter cuidado com tudo nesse mundo digital – mas sei que essa questão é muito real no Santa Cruz.
Fred Gomes, o novo nome no executivo do clube, também falou em contratar com os pés no chão. Pelo que estão dizendo, nosso elenco não custará mais do que 200 mil reais. Realmente, não tem como ser de outra maneira.
Mas tem uma coisa que faz medo: Tininho se arretar e desandar a contratar loucamente como fez esse ano. Aí, meus amigos, não tem transparência, responsabilidade e gestão eficiente que dê jeito.
Escutei diversos tricolores corais dizendo que deixarão de ser sócios, que não irão mais ao estádio, que odeiam deus e o mundo. De minha parte, minha paixão é pelo Santa Cruz que é muito mais velho do que eu e que ficará por aqui muito tempo depois de todos nós termos partidos. Jamais abandonarei meu clube do coração. Sou Santa Cruz desde a infância e assim será até os fins dos tempos.
Inegável que está todo mundo puto com a queda na séribê. Mas, querendo ou não, estaremos nos campos torcendo, xingando, conversando e brigando com os amigos e tudo regado por muita cerveja, espetinhos e cachorro quente
É esperar por 2018 para que uns possam destilar sua paixão, outros o veneno e, outros, mais comedidos, suas análises. Seja como for, estarei lá com o clube que aprendi a amar desde sempre.
Final de ano chegando, confra que não acaba mais, o velho fígado bem treinado trabalhando feito um louco e a velha e boa esperança de sempre voltando a surgir. Sem esperança, meus amigos, e como diria o filósofo e escritor Albert Camus, não dá.
Um Feliz Natal e um Feliz e Próspero 2018 para toda essa massa coral eternamente apaixonado pelo clube Mais Querido. Evoé, Santa Cruz.

Escravos de Jó.

Escravos de Jó jogavam caxangá.
Escravos de Jó jogavam caxangá.
Tira, bota, deixa o Zambelê ficar…
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá,
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá.

A situação política e eleitoral do Santa Cruz é mais surreal e psicodélica do que a própria situação do Brasil. Aqui, no país da corrupção, do jeitinho, dos escândalos, da Lava Jato e da puta que pariu, ao menos o povo, quando fica puto, vota na oposição.
Assim foi com a crise de FHC e a galera votando em Lula. Assim foi com a crise de Dilma e a galera quase colocando Aécio na presidência. Pode ser inconsciente, mas é revolta, seja em que sentido for.
Depois de um descenso meteórico da série A para a C, com uma falta de transparência constante e alarmante, com processos trabalhistas infindáveis, com um estatuto canastrão, salários atrasados para os trabalhadores do clube ( e isso inclui, claro, os jogadores), bloqueios infindáveis e histórias dignas de um Dom Quixote, a torcida – seja lá o que isso hoje signifique – decidiu pela permanência da situação na Presidência do Santinha.
Oh, meu clube querido, como te lapidam, como és usurpado sem fazermos nada, como deixas de ser o Mais Querido, como deixas de ser o terror do Nordeste. Como é possível explicar esse masoquismo que busca, incessantemente, ser pequeno?
Essa eleição foi uma brincadeira de escravo de Jó. Mudamos apenas as peças no tabuleiro. Nem mudamos o tabuleiro e nem mudamos as peças.
O sujeito tem que ter muita fé no mundo e nas pessoas para acreditar que as coisas vão mudar. Tem que ter muita fé para acreditar que algo miraculoso será feito pelas mesmas peças – só mudou o nome da função, se é que isso significa, também, alguma coisa.
Parabéns aos vencedores. O espólio é desastroso? Será mesmo? Vão mudar esse estatuto anacrônico? Vão elaborar um processo de transparência? Profissionalizarão as áreas desastrosas como a parte financeira, de futebol e jurídica? Conseguirão alguma fonte de renda que não seja suplicar ao sofrido torcedor para dar seu sangue pelo clube? Conseguirão tornar liso e claro esse processo eleitoral no futuro? Haverá, de fato, mudanças consubstanciais? Esse CT sai? Montaremos um time enxuto? Muitas questões.
Quem quiser, pode acreditar. Eu, não.
Fui na praça, peguei umas pedrinhas e fui brincar com as crianças de escravo de Jó.

Escravos de Jó jogavam caxangá.
Escravos de Jó jogavam caxangá.
Tira, bota, deixa o Zambelê ficar…
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá,
Guerreiros com guerreiros fazem zigue zigue zá.

Está chegando a hora.

Meus amigos tricolores corais, a hora de eleger o futuro presidente do Santa Cruz – e toda a sua equipe, não esqueçamos disso – se realizará no próximo dia 5 de dezembro.
A situação manteve a chapa encabeçada por Antônio Luiz Neto. A oposição saiu com Fábio Melo e Albertino dos Anjos. Até agora conseguimos colocar aqui as plataformas políticas da oposição. Meus contatos não me passaram, ainda, a plataforma da situação. Caso alguém tenha acesso, por gentileza, manda pra gente que publicamos aqui.
A ideia do Blog é permitir que os sócios eleitores possam ter conhecimento dos candidatos. Transparência, estamos cansados de dizer, é fundamental.
Evidente que a história de nossos equívocos, dívidas trabalhistas eternas, os salários sempre atrasados, a falta de visibilidade de nossas contas, a desconfiança com o que ocorre e ocorreu no clube com um ar sinistro de certa obscuridade, entre tantos outros pontos, faz com que a maioria não acredite em nada.
Mas é preciso entender que política é ação, práxis, e não resmungo. Não basta apenas conhecer as plataformas e ir votar em A, B ou C. É preciso marcar presença nessa futura gestão de uma maneira nova. Não podemos exigir que o outro se comporte de maneira nova se ainda estamos apegados a velhos comportamentos improdutivos.
A lista que saiu dos sócios que podem votar demonstrou a desorganização crônica que habita as dependências nada independentes do Arruda. Como diz o amigo Coral: Oligarquias Coniventes do Arruda.
Esse fatídico ano de 2017 deve nos servir de lição: ou realmente algo sério é feito no Arruda ou estamos fadados a sumir como outros times do Brasil que outrora eram grandes.
Gerrá e eu elaboramos algumas perguntamos que enviamos para os candidatos. Ou melhor: para os candidatos à presidência do conselho deliberativo (uma grande sacada de Gerrá devido à dinâmica política do clube). Demos um prazo a cada um deles. Assim, só publicaremos as repostas de cada candidato quando todos tiverem respondidos até o prazo. Isso garante a postura independente do Blog.
O prazo foi até quarta que vem, dia 29 de novembro. Iremos publicar as respostas em sequência de entrega. Isso nos ajuda a vislumbrar com mais alcance a chapa como um todo e não apenas centrado no candidato à presidência.
Até quando não queremos pensar em política, já estamos tendo uma atitude política.
Será que esse papo de que o Santa Cruz é uma grande família resiste a mais uma séricê? Quero crer que sim.

Eleições Corais II

Meus amigos, dando continuidade à ideia do Blog do Santinha em divulgar as plataformas políticas dos candidatos às eleições 2017, vamos mostrar as principais ideias do candidato Fábio Melo.
A chapa se chama Santa Cruz do Povo e apresenta um plano de gestão centrado nos seguintes tópicos: gestão, reforma do estatuto, transparência, captação de recursos, profissionalismo, finanças, futebol profissional, CT e divisões de base, sócios, estádio, marketing, licenciamento, esportes amadores, museu coral, torcidas organizadas e projetos sociais. Vocês poderão acessar o projeto na íntegra no seguinte endereço (basta copiar e colar non seu navegador):

http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/esportes/santa-cruz/noticia/2017/11/14/oposicao-confirma-candidatura-e-lanca-programa-de-gestao-no-santa-cruz-315869.php

A chapa afirma que possui como fundamentos: renovação, inclusão, transparência, seriedade, profissionalismo, compromisso e verdade. A gestão está atrelada à profissionalização do clube, iniciando com a revisão e negociação das dívidas trabalhistas.
Fábio Melo propõe uma completa reforma do estatuto do Santa Cruz: “O Estatuto Social será minuciosamente refeito sob a responsabilidade do Conselho Deliberativo com a participação do Presidente do Executivo e com sugestões do sócio do clube. Omissões devem ser sanadas, além da implantação de penas efetivas em caso de descumprimento das suas regras”. Aqui, os pontos relevantes são: extinção da Comissão Patrimonial, eleição proporcional do Conselho Deliberativo, declaração de bens e fontes de renda dos candidatos à Presidência do Executivo e Deliberativo, publicação dos sócios adimplentes e Ficha Limpa: “elegibilidade dos componentes de uma chapa condicionada às disposições normativas previstas na Lei Complementar nº. 135/10 (Lei da Ficha Limpa) e Lei Federal nº. 9.615/98 (Lei Pelé)”.
A transparência significará a publicação contínua dos dados do clube em todas as suas esferas. O plano de captação de recursos se dá nos seguintes itens: Programa de Sócios, Renda dos jogos, Cotas de TV, Estádio Gerando Renda, Venda de direitos econômicos de jogadores, Camarotes e cadeiras, Material Licenciado, Eventos no Estádio, Premiações das competições e Patrocínios. Esses itens são discutidos na plataforma que indiquei o link.
A profissionalização é considerada um dos pilares da chapa. Isso significa estruturar ou criar os seguintes setores: futebol, categorias de base, marketing, gestão de sócios, relação com o patrocinador, gestão de patrimônio, relações públicas, comunicação e desenvolvimento social. Na dinâmica de gestão de finanças, haverá uma auditoria financeira, levantamento das dívidas trabalhistas, dos débitos tributários e revisão dos impostos apurados nos últimos 5 anos e de todos os contratos do clube.
A chapa Santa Cruz do Povo coloca a implantação de uma plataforma de controle no Departamento de Futebol: “O gerente de futebol será remunerado e contratado mediante avaliação do seu desempenho em outras equipes, formação e compatibilidade com a filosofia de captação e desenvolvimento de talentos da região, além de amplo conhecimento do mercado nacional e internacional”.
Por fim, será revisto o papel das torcidas organizadas e o CT será concluído e serão criadas escolas de futebol com a marca do Santinha em forma de franquia.
Eis, em linhas gerais, a plataforma do candidato Fábio Melo. Dê uma lida na proposta na íntegra para formar sua opinião nessa eleição que se aproxima. Resmungar apenas não dá. É preciso atitude política e esse papel só existe numa torcida consciente de sua força e do que realmente ocorre no seu clube do coração.

Santa Claus coral.

Diante dos últimos resultados adversos – algumas vezes pelos erros da arbitragem e outras por incompetência nossa mesmo – não é incomum ouvir as seguintes proposições:
“Apesar do resultado e dos salários atrasados, o time jogou com garra”.
“Os meninos se esforçaram, mas sem talento é de lascar”.
“É sempre assim, dá o sangue e não ganha”.
O problema, antes de tudo, é salário atrasado. Na verdade, salários atrasados possuem uma lógica perversa que afeta tanto a vida privada do jogador quanto sua atuação no clube.
Imagine um jogador que ganha cinco mil e está há quatro meses sem receber. Em casa, as contas começam a se acumular, a reclamação se torna regra, o estresse aumenta e as cobranças também.
Mas na hora do jogo, o universo inteiro esquece de que quem está entrando em campo é um profissional. O próprio trabalhador se aliena de sua condição e tem que dar o seu sangue.
Ora, tem a torcida berrando nas arquibancadas, a transmissão na TV e no rádio, outros técnicos de olho em você querendo saber se o cara vai arregar ou não, seu técnico doido para lhe culpar por tudo, a diretoria, os vizinhos… a porra toda.
Aí o jogador dá o sangue. Corre, marca, faz das tripas coração. Entretanto, esquecemos de um elemento fundamental nessa equação: a motivação deveria ser continua, não esporádica.
O que isso significa? Significa que esse jogador não deu esse mesmo sangue nos treinos. Isso mesmo. Sem salário em dia, o cara morga nos treinos, faz corpo mole, não corre o que tinha que correr, sabe-se desinteressado, está com a cabeça nas dívidas, pensa no futuro incerto e só pensa em mandar tudo para a puta que pariu.
No jogo, contudo, tem que correr atrás do prejuízo. E aí, meus amigos, a conta não fecha. Já repeti isso umas mil vezes: essa séribê foi uma das mais fáceis da história do futebol brasileiro. Nem o Inter mete medo.
Só os atrapalhos internos, os desmandos, a falta de visão, o pensamento centrado no próprio umbigo, a ausência de um projeto de futuro, a ganância, a estupidez e escassez de inteligência nossas é que construíram esse quadro.
De Edinho a Alírio, da A ao inferno da C, das promessas, da iminência de uma greve inaudita, da crença numa forma ancestral à realidade nua e crua, dos desfalques à falta de estratégia, amanhã iremos para um dos momentos mais definitivos de nossa história recente.
Já combinei com Juninho e companhia para tomarmos todas antes do jogo porque o coração vai precisar de muita anestesia. O Boa Esporte vem de oito jogos sem vencer. O que isso significa para nós? Nada.
Mas vamos lá. Torcer para uma vitória mesmo sabendo que acreditar nisso é quase como acreditar no Papai Noel que se aproxima. Hohohohohoho.

Eleições Corais

Meus amigos, a derrota de ontem só veio corroborar o que todos, racionalmente falando, já sabiam. Agora não adianta chorar o leite derramado, desesperar-se ou tampouco abandonar o nosso Mais Querido.
Como bem comentou André Tricolor: “Da liderança da Série A para a Terceirona … incrível, só o Santa pra conseguir uma proeza dessas!”. Por isso, creio que está na hora de enterrarmos o passado – mas mantê-lo na memória para que os mesmos erros não sejam cometidos no futuro.
E esse ano é ano de eleição no Santa Cruz. O nosso querido Blog decidiu postar as plataformas políticas de todos os candidatos para que os sócios possam sopesar a proposta que acreditam ser melhor para o clube.
Gerrá deu uma ideia muito massa: vamos elaborar questões para entrevistar os candidatos. Estamos preparando isso. Democracia se faz, antes de tudo, com ética e transparência.
A primeira proposta que iremos apresentar é a da chapa Muda Santa Cruz de Albertino dos Anjos. O mote da campanha é “Profissionalização do Santa Cruz”.
A plataforma de Albertino – acessem o link e leiam o documento na íntegra – se inicia elencando os problemas do clube no cenário atual: das dívidas trabalhistas às contas bloqueadas.
Logo em seguida temos as bases do projeto: ativar a divisão de base, atuar nas causas trabalhistas, enxugar comissão técnica, redesenhar organograma, construir o CT, repensar o estatuto do clube etc. Mas como efetivar esses objetivos?
O projeto elabora suas premissas básicas: marca, formação de base e patrocinador. Estrutura a origem e aplicação dos recursos: da formação e negociação dos atletas à manutenção do CTF. São diversos pontos que merecem ser discutidos à fundo.
A plataforma de Albertino também elenca as ações do projeto da chapa: reestruturação do programa de sócios, marketing e comunicação com nova estrutura e repensar plenamente o futebol profissional. Este último ponto é bem detalhado: reestruturação da comissão técnica, critérios para contratação, coordenador técnico e de transição, teto da folha por competição etc.
Além de pensar em um projeto para as divisões de base, há também a ideia de reformar a estrutura do administrativo e financeiro: implantar gestão por processos, renegociar dívidas, publicar mensalmente o fluxo de caixa, organograma meritocrático etc. Também repensar o departamento jurídico do clube: auditoria dos contratos, revisão de todas as cláusulas de confidencialidade, avaliação dos contratos com a TV etc.
A chapa Muda Santa Cruz elabora um novo desenho para a Patrimonial. Isso requer pensar a origem dos recursos e a transparência em suas aplicações. Por fim, a plataforma apresenta um organograma funcional, estrutura de profissionalização e hierarquia cronológica de remuneração. A chapa criou um documento de responsabilidade para todos os seus membros.
A chapa de Albertino dos Anjos entrou com uma liminar na Justiça para ter acesso ao cadastro de sócios do Santa Cruz. Creio que a ideia é que aja transparência nessa eleição. Vamos ver.
Para você conhecer a proposta de Albertino dos Anjos, copie e cole no seu navegador esse link:

https://files.acrobat.com/a/preview/0671dbb3-6746-455a-8a3e-829037ced96b

Estamos entrando em contato com os outros candidatos. A ideia é que possamos usar esse espaço para que todos tenham acesso às diversas propostas, pois política bem feita se faz com debate, conhecimento das propostas, ética e transparência. Agora é fazer nossa parte.

Apocalypse Now

A torcida foi chegando ao Arruda numa animação só. Nem parecia que o desespero estava tão perto. Um pouco mais de dez mil torcedores cantavam e xingavam ao mesmo tempo num misto de amor e ódio e isso contra a Luverdense que era adversário direto para evitar nosso rebaixamento.
Peste Bubônica bate o tiro de meta para a lateral. Tuberculose conduz a bola pela direita e toca no meio para Faringite. Faringite segura a bola, olha à frente e toca de lado para Rubéola. Rubéola espera o marcador da Luverdense chegar e devolve a bola para Faringite. Ele inverte a bola para a esquerda.
Leucemia sai correndo pela esquerda, é travado pelo lateral, empurra e dá um chutão. A bola sai pela lateral. Arremesso para o Santa Cruz. O próprio Leucemia pega a bola e lança no meio. Trombose tromba com o meia da Luverdense, empurra daqui, empurra dali e manda a bola na boca da área para Hipocrisia.
Hipocrisia segura a bola, faz que gira e não gira e perde a bola para o cabeça de área. Aderlan pega a bola e lança no meio para Ratão. Ratão passa por Trombose e toca na frente para Baggio que chuta para fora.
Peste Bubônica bate o tiro de meta e a peleja corre pela esquerda com Leucemia. Ele toca no meio para Catapora que segura a bola, vê Culpa correndo desembestado pela esquerda. Lança Culpa que vai disparado e lança na área, Hipocrisia esbarra em Afasia e a bola fica com o goleiro Diogo Silva.
O primeiro tempo foi todo assim. Um time sem identidade, atabalhoado e que não finalizou uma única vez. No segundo tempo, Encefalite trocou Hipocrisia por Cisticercose, Culpa por Difteria e Sarampo por Esquizofrenia. O que mudou?
O Santa Cruz conseguiu colocar duas bolas na trave. O lance do jogo foi o chute de Leucemia que fez a torcida urrar de mais desespero. E assim se instalou nosso Apocalypse Now. E, ainda assim, o pulso ainda pulsa.
No final da partida, lá no velho Abílio, parecia que todo mundo tava era muito puto da vida. Jerry e Ridoval brincavam com nossa situação desesperadora. Juninho ficou tão indignado que nem quis saber de tomar uma cerva.
Sábado que vem tem mais martírio. Será a 33ª rodada. Como diria o escritor Henry Miller, uma crucifixação encarnada. E ainda mais contra as barbies.
Vamos lá que doidice pouca é bobagem.

Com os pés no chão.

Meus amigos tricolores corais, a situação parece que só se complica. Ter fé e esperança pode até ser importante e útil, mas a velha e boa razão nos obriga a olhar o mundo de maneira nua e crua, sem firulas e frescuras.
Voltamos para os velhos cálculos de matemática básica. Estamos com 83% de chance de cairmos para a séricê. Temos oito rodadas para fazermos 47 pontos. Temos 30, ou seja, temos que fazer 17 pontos em oito jogos que faltam. Pensem bem: 17 em 24 possíveis.
Amanhã pegaremos o Brasil de Pelotas que, em casa, venceu oito das quinze partidas disputadas. Para complicar a situação, Guarani e Figueirense – cada um com 35 pontos – possuem 36 e 25 % de chance de queda, respectivamente.
Além do velho desânimo que é treinar e jogar com salário atrasado, ainda temos que lidar com os problemas de escalação. Mas a situação está tão ruim que surge uma questão inevitável: será isso realmente um problema? Sim, é.
No meio, Bruno Paulo, Natan (o homem de vidro), João Paulo e Primão estão de fora do jogo de amanhã contra o Pelotas. A solução possível para Martelotte é Jeremias (que organizou a roconha e colocou todo mundo para dançar).
Confirmados estão Nininho (e aí o cara fica pensando em que momento do jogo ele vai fazer aquela lambança e estragar tudo),Yuri ( nem sei o que pensar) e Júlio César (aí o cara fica novamente pensativo, esperando aquele momento de braço de cotoco).
Nosso ataque conseguiu, enfim, fazer dois gols contra o Oeste. Numa boa, até que o time – apesar de tantos problemas e limitações – não foi tão horrível assim. Sempre repito: essa séribê está nivelada por baixo, por isso a culpa dessa situação é apenas nossa. Muitos torcedores acenderam aquela chama irracional da esperança. A razão explica.
Guilherme Mattis, em entrevista recente, falou em compromisso com o clube e a torcida para tirar o Santinha dessa situação crítica. Mas é impossível não pensar que há um problema gerencial crônico no clube. E isso em todas as esferas: da diretoria de futebol ao financeiro e jurídico.
Martelotte disse que só saberemos a escalação definitiva um pouco antes da partida. Racionalmente, só nos resta pensar que a motivação possa surgir nesse grupo nessa reta final a partir daquilo que Mattis disse:
“Os treinadores do Brasil têm um olho clínico muito grande, sabem que o jogador não está compromissado com o elenco, o clube e acaba tirando. Vemos um grupo (o elenco do Santa Cruz) totalmente focado, independente das dificuldades”.
Traduzindo: ou a gente começa a jogar pensando no futuro de nossas carreiras e evitamos o rebaixamento ou nossos nomes como jogadores profissionais vão ficar queimados. Sacaram?
Pois é. Amanhã estarei em Olinda com Sama tomando umas e torcendo irracionalmente.
Se ganharmos amanhã, tudo o que foi dito aqui será esquecido por alguns dias. Que assim seja!